Salve galera que curte o
Blog Opinião do Véio! Sejam bem-vindos mais uma vez, para acompanharem a
trajetória de uma banda que, embora muitos de nós não tenhamos visto e ouvido
ao vivo, até por sermos mais novos que ela (ou não!), confesso que ouvi muito
em emissoras de rádio.
Confesso, também, que no
início, eu achava estranho o som da banda, mas com o amadurecimento, comecei a
ver que muitas bandas que iniciaram suas trajetórias nos anos 60, início dos
70, tinham uma instrumentação diferente, psicodélica, viajandão ou algo do gênero.
A banda da qual irei
comentar agora, foi um fenômeno, na época, e mudou a forma de se pensar em música,
no que ela tinha de tradicional, para apresentar um som mais poético e
conceitual, na sua visão de estabelecer parâmetros para o estilo musical.
Também, citarei que foi
muito polêmica, em se tratando de seu vocalista, que, mesmo hoje, apesar de
estar morto, recebe milhares de visitas ao seu túmulo, em Paris.
THE
DOORS
The Doors foi uma banda de
rock psicodélico norte-americana formada em 1965 em Los Angeles, na Califórnia.
O grupo era composto por Jim Morrison (voz), Ray Manzarek (teclados), Robby
Krieger (guitarra) e John Densmore (bateria).
Canções como "Break On
Through (To The Other Side)", "Light My Fire", "People Are
Strange" ou "Riders On The Storm", aliadas à personalidade e
escândalos grandiosos protagonizados por Jim Morrison, contribuíram muito para
o aumento da fama do grupo.
HISTÓRIA
ORIGENS
As origens dos The Doors surgem de um encontro ao acaso
entre dois estudantes da escola cinematográfica UCLA, Jim Morrison e Ray
Manzarek, em Venice Beach, na Califórnia em julho de 1965. Morrison disse,
então, a Manzarek, que estava escrevendo canções e, a pedido de Manzarek,
cantou "Moonlight Drive". Impressionado pelas letras de Morrison,
Manzarek sugeriu que formassem uma banda.
O tecladista Ray Manzarek
estava numa banda chamada Rick And The
Ravens com o seu irmão Rick Manzarek, enquanto Robby Krieger e John
Densmore tocavam com os The Psychedelic
Rangers e conheciam Manzarek das aulas de ioga e meditação. Em agosto,
Densmore juntou-se ao grupo e, juntamente com os membros dos Ravens e o baixista Patty Sullivan,
gravaram uma demo de seis canções em setembro de 1965. A demo foi bastante
pirateada e acabou por surgir completa mais tarde, em 1997, em uma coletânea
dos Doors.
Nesse mesmo mês, o grupo
recrutou o guitarrista Robby Krieger e a formação final estava pronta:
Morrison, Manzarek, Krieger e Densmore. A banda retirou o seu nome do título de
um livro de Aldous Huxley, The Doors Of
Perception, que, por seu turno, havia sido "emprestado" do verso
de um poema do artista e poeta do século XIX, William Blake: "If the doors
of perception were cleansed, every thing would appear to man as it is:
infinite" (traduzido: "Se as portas da percepção fossem abertas, tudo
apareceria como realmente é: infinito").
Os Doors não tinham uma formação comum à maioria dos grupos de rock
porque não possuíam qualquer baixo quando atuavam ao vivo. Deste modo, Manzarek
tocava as seções de baixo com a sua mão esquerda no recentemente inventado
Fender Rhodes bass keyboard, uma variação do conhecido piano eléctrico Fender
Rhodes, enquanto tocava as partes de teclado com a sua mão direita.
Já nos álbuns de estúdio, os
Doors usaram diversos baixistas, tais
como Jerry Scheff, Doug Lubahn, Harvey Brooks, Kerry Magness, Lonnie Mack,
Larry Knechtel, Leroy Vinegar e Ray Neapolitan.
Muitas das canções originais
dos Doors eram compostas pelo grupo,
com Morrison ou Krieger contribuindo com a letra e melodia inicial, e os restantes
com as sugestões rítmicas e harmônicas ou até seções inteiras (por exemplo, a
introdução de Manzarek em "Light My Fire").
Em 1966, o grupo tocava no
clube The London Fog, tendo, pouco
tempo depois, passado para o Whisky a Go
Go. Em 10 de agosto, foram vistos pelo presidente da Elektra Records, Jac
Holzman, que se encontrava presente sob recomendação de Arthur Lee, vocalista
do Love, que estava ligado à Elektra.
Após Holzman e o produtor Paul A. Rothchild verem duas performances da banda no
Whisky a Go Go, os Doors assinaram contrato com a Elektra
Records em 18 de agosto, tendo iniciado aí a longa e bem-sucedida parceria com
Rothchild e o engenheiro de som Bruce Botnick.
Como se diz: foi bem na hora,
pois, em 21 de agosto, o clube despediu a banda após tocarem a canção "The
End". Num incidente que serviu de presságio para a polêmica que seguiria o
grupo, um Morrison sob o efeito de drogas recitou a sua própria interpretação
do drama grego "Oedipus Rex", no qual o protagonista Oedipus mata o
seu pai e faz sexo com a sua mãe. A versão de Morrison consistia em "Father? Yes son? I want to kill
you. Mother?
I want to fuck you" (em pt: "Pai? Sim, filho? Eu quero te matar. Mãe?
Eu quero te foder").
THE DOORS (1967)
The Doors, o
álbum de estreia da banda, foi gravado em agosto de 1966 e lançado na primeira
semana de janeiro de 1967. Incluía a maioria das principais canções dos seus concertos,
incluindo o drama musical de 11 minutos "The End". A banda gravou o
disco em poucos dias entre finais de agosto e início de setembro, com várias
canções capturadas num único take (sem
parar para intervalos).
Morrison e Manzarek
dirigiram um filme promocional para o primeiro single, "Break On Through
(To The Other Side)", o que constituiu um importante avanço para o desenvolvimento
dos vídeos musicais.
Capa do primeiro álbum, de 1967. |
O segundo single,
"Light My Fire", tornou-se um grande sucesso no verão de 1967, e
colocou o grupo, juntamente com Jefferson
Airplane e The Grateful Dead,
como uma das principais bandas da contracultura da América. Para a rádio AM, os
solos de órgão e piano foram retirados da canção.
Em maio do mesmo ano, os Doors fizeram a sua estreia televisiva
ao gravarem uma versão de "The End" para a CBC nos estúdios de
Yorkville, em Toronto. Permaneceu inacessível desde a sua transmissão original
até ao lançamento do DVD The Doors Soundstage Performances,
em 2002.
Os Doors ganharam reputação
de artistas polêmicos com performances ao vivo. Com a sua presença em palco e
as calças de ganga (tecido vulgar, geralmente azul ou amarelo, que antigamente
se fabricava na Índia) justas, Morrison tornou-se um sex symbol, embora
depressa se tenha cansado desta condição de estrela. Uma das mais míticas
polêmicas ocorreu quando os censores da rede de TV Columbia Broadcasting System
(CBS) exigiram que Morrison mudasse a letra de "Light My Fire"
através da alteração do verso "Girl, we couldn't get much higher",
antes de a banda tocá-la ao vivo em 17 de setembro de 1967, no Ed Sullivan
Show. O verso foi trocado
para "Girl, we couldn't get much better". Contudo,
Morrison cantou o verso original, e, pelo fato de ter sido transmitido em
direto sem atraso, a CBS não pôde fazer nada para o travar. Furioso, Ed
Sullivan recusou-se a cumprimentar os membros da banda, e nunca mais voltaram a
ser convidados para se apresentar no programa.
De acordo com Manzarek, a
banda foi informada que nunca mais tocaria no Ed Sullivan Show novamente. Sobre
o assunto, Morrison disse, "E daí? Nós já tocamos no Ed Sullivan
Show". Na época, uma aparição nesse programa era considerada um grande
impulso para o sucesso. Manzarek afirma que a banda concordou com o produtor de
antemão, mas não tinha qualquer intenção em mudar o verso. Nesta altura, também
tocaram um novo single, "People Are Strange", para o DJ. Murray The K's TV Show em 22 de
setembro.
Morrison cimentou o seu
estatuto de rebelde em 10 de dezembro quando foi preso em New Haven,
Connecticut, por insultar a polícia perante a audiência. Morrison afirmou que
havia sido atacado com spray por um agente após ter sido apanhado nos
bastidores com uma jovem.
Em 24 de dezembro, os Doors
gravaram "Light My Fire" e "Moonlight Drive" ao vivo para o
"Jonathan Winters". Entre 26 e 28 de dezembro, o grupo se apresentou
no Winterland Ballroom em San
Francisco.
Num parágrafo retirado do
livro de Stephen Davis sobre Jim Morrison, pode-se ler:
“Na noite seguinte em Winterland, uma TV foi colocada no palco
durante a atuação dos Doors para que
estes pudessem ver a sua própria performance no Jonathan Winters Show. Eles
pararam de executar "Back Door Man" quando a sua canção começou a tocar.
O público assistiu aos Doors se vendo na TV. Continuaram o concerto quando a
sua parte no programa tinha acabado, após Ray ter desligado a TV. A noite
seguinte seria a última de sempre em Winterland.”
Após isto, se apresentaram
em Denver em 30 e 31 de dezembro, e terminaram quase um ano no ostracismo.
Capa do segundo álbum, Strange Days, também de 1967. |
STRANGE DAYS (1967)
Em Outubro de 1967, foi
lançado o segundo trabalho dos Doors,
intitulado Strange Days e considerado menos espontâneo que seu antecessor,
ainda que tenha também ficado creditado pela sua atmosfera e letras. A faixa
final, "When The Music's Over", era, tal como "The End",
longa e dramática, e contribuiu para aumentar a reputação de Morrison como
figura do rock. O álbum incluiu canções clássicas dos Doors como "People Are Strange" e "Love Me Two
Times".
Como resultado do seu
sucesso, os Doors deixaram o seu
estatuto de heróis do underground. Permitiram que a revista Sixteen os usasse como ídolos de
adolescentes e as suas "espontâneas" performances em palco deixaram
de ser tão espontâneas.
Um artigo de Jerry Hopkins da edição de 10 de fevereiro
de 1968 da Rolling Stone tipificou o fim do estado de graça:
“Uma rotina, ou parte do
negócio, não realizada no Shrine foi
a cuidadosamente executada queda 'acidental' de Morrison do palco para o
público. Durante meses, fez parte dos espetáculos e gerava muitos gritos por
parte das adolescentes. No entanto, surgiu uma análise num jornal no qual a
queda era considerada um dos atos mais falsos de sempre. Morrison, em resposta
a uma pergunta sobre se ele tinha lido o artigo, disse 'Sim, e penso que está
correto.' Morrison não fez a queda nessa noite em Shrine.”
Capa do terceiro álbum, de 1968. |
WAITING FOR THE SUN E O INCIDENTE DE MIAMI
(1968-1969)
Em abril, a gravação do
terceiro álbum ficou marcada pela tensão resultante da crescente dependência de
Morrison pelo álcool. Em aproximação do seu pico de popularidade, os Doors realizaram uma série de
espetáculos ao ar livre que levaram a várias situações descontroladas entre fãs
e polícia, particularmente no Chicago
Coliseum em 10 de maio.
A banda começou a sair do
seu som original no terceiro LP, Waiting For The Sun, principalmente
pelo fato de terem esgotado o seu reportório original e começado a escrever
novo material. Tornou-se o seu primeiro e único LP a chegar ao primeiro lugar
da Billboard 200 e o single "Hello, I Love You" foi o seu segundo e
último a atingir o primeiro lugar no Billboard Hot 100.
Este novo álbum reforçou o
afastamento dos Doors do panorama
underground. Em 1969, na Rock Encyclopedia, Lilian Roxon escreveu que o álbum
"fortaleceu as suspeitas de que os The
Doors apenas estavam lá pelo dinheiro".
O LP incluiu "The
Unknown Soldier", que foi banida das rádios pelas sua controversa letra.
Nesta fase, o grupo realizou outro vídeo musical. "Not To Touch The Earth"
foi retirada da peça conceitual de 30 minutos "Celebration Of The
Lizard", embora não tenham conseguido gravar uma versão satisfatória da
peça completa para o LP. Foi eventualmente lançada, mais tarde, numa compilação
de maiores êxitos, em CD.
Houve uma controvérsia nesta
altura por causa do lançamento do single "Hello, I Love You", com a
imprensa musical a apontar semelhanças musicais da canção com o sucesso de 1965
dos The Kinks, "All Day And All Of The Night". Os membros desse grupo
concordaram com os críticos e, de forma sarcástica, o guitarrista Dave Davies
costumava tocar partes de "Hello, I Love You" durante os solos em
performance ao vivo de "All Day And All Of The Night". Nos concertos,
Morrison, por vezes, não cantava a canção, deixando para Manzarek essa tarefa.
Um mês após as tumultuosas
cenas de "Singer Bowl" em Nova Iorque, o grupo viajou para o Reino
Unido para as suas primeiras atuações fora da América do Norte. Realizaram uma
conferência de imprensa no Instituto de Artes Contemporâneas em Londres e
atuaram no The Roundhouse Theatre. Os resultados da turnê foram gravados pela
Granada TV com o título The Doors Are Open, que foi mais
tarde lançado em vídeo. Também fizeram espetáculos em outros locais da Europa,
incluindo um show em Amsterdam sem Morrison, após este ter perdido os sentidos
devido a abuso de drogas. Morrison regressou a Londres em 20 de setembro e
permaneceu lá durante um mês.
O grupo realizou mais nove
concertos nos Estados Unidos antes de começarem a trabalhar, em novembro, no seu
quarto LP. O ano de 1969 começou com um espetáculo completamente esgotado no
Madison Square Garden em Nova Iorque a 24 de Janeiro e com novo single bem
sucedido, "Touch Me", lançado em Dezembro de 1968, que chegou ao
terceiro lugar nos EUA.
Em janeiro de 1969, Morrison
participou numa produção de teatro que mudou o curso da banda. No auditório da
Universidade do Sul da Califórnia, ele fez uma atuação que apelava à sua busca
pela liberdade pessoal. Isto resultou numa "jam" em estúdio em 25 de fevereiro,
que se tornou na lendária sessão Rock Is Dead, mais tarde lançada no
box-set dos Doors de 1997. Serviu
também de base para um episódio controverso e muito badalado.
O incidente de Miami ocorreu
em 01 de março de 1969, num concerto no Dinner
Key Auditorium, em Miami, Flórida. Morrison estava bebendo desde que o seu
voo para o concerto atrasou. Os 6900 lugares do auditório estavam completamente
lotados, havendo a estimativa de se encontrarem 13000 pessoas. Então Morrison
vociferou para o microfone: "O que quer que tu queiras, vamos
fazê-lo". Dito isto, alegadamente, expôs as suas partes íntimas. Na sua
autobiografia, Manzarek afirma que tal fato nunca aconteceu.
“Essa é a minha opinião. Havia
uma hipnose geral. Ele (Morrison) disse-lhes que o ia mostrar e, meu Deus, eles
acreditaram. Ele estava segurando a sua camisa à sua frente, puxando-a
rapidamente para a frente e para trás, para a frente e para trás, como um
toureiro, enquanto dizia, "Vocês viram? Vocês viram? Eu mostrei para vocês!
Ele saiu! Eu não vou deixar ele de fora. Agora vejam, vou fazer de novo." E ele voltaria a mexer para a
frente e para trás a camisa. Estava calor e havia demasiada gente no local, e
as pessoas estavam ficando loucas, gritando, rodando e puxando o frágil palco
temporário. Pensámos que ia desabar e parte dele caiu. Foi uma insanidade
total.”
O incidente indignou as
autoridades locais e Morrison foi preso por obscenidade. Concertos por todo o
país foram cancelados. "Nós tínhamos a nossa primeira grande turnê em
vinte cidades programada, e estávamos todos apreensivos por isso,"
escreveu Manzarek. "Vinte cidades? Meu Deus, nós vamos fazer uma turnê de
um mês? Até então, nós não tínhamos estado na estrada por mais de quatro ou
cinco dias. Mas todas as cidades cancelaram, por todo o país."
A banda confrontou nesta
altura Morrison por causa do seu alcoolismo. O incidente permanece sem conclusão.
Morrison gravou algumas de
suas poesias nessa época e em abril começou as filmagens para HWY, um filme experimental sobre um
viajante de carona, interpretado por ele próprio. Os Doors transformaram a sessão de poesia em música para o álbum de
1978 An
American Prayer.
Embora Morrison recebesse
grande parte da atenção, tendo uma maior imagem na capa do álbum de estreia do
grupo, ele mantinha-se inflexível de que todos os membros da banda deviam ser
igualmente reconhecidos. Antes de um concerto, quando o apresentador introduziu
o grupo como Jim Morrison And The Doors,
Morrison recusou-se a entrar em palco enquanto o grupo não fosse anunciado
novamente como The Doors.
Nos últimos dois anos da sua
vida, Morrison reduziu o seu consumo de drogas e começou a beber bastante, o
que afetou as suas performances em palco e no estúdio. Ganhou peso e deixou crescer
a barba, levando a Elektra a usar fotos
mais antigas para a capa do LP Absolutely Live, lançado em 1970. O
álbum inclui atuações gravadas durante a turnê norte-americana dos Doors em 1970 e em 1969, e inclui uma
versão completa ao vivo da canção "The Celebration Of The Lizard".
A única aparição em público
foi numa gravação especial para a PBS feita em finais de Abril e transmitida no
mês seguinte. O grupo tocou apenas canções do seu álbum seguinte, Soft
Parade.
Os Doors continuaram os concertos no auditório de Chicago em 14 de junho
e em 21 e 22 de julho no Aquarius Theatre
em Hollywood, tendo sido mais tarde lançado em CD. Morrison, com barba, vestiu
roupas mais largas e dirigiu o grupo, através de canções como "Build Me A
Woman", "I Will Never Be Untrue" e "Who Do You Love".
Bem galera, encerro por aqui
a primeira parte da história sobra a banda The
Doors, que inclui sucesso, drogas e muita polêmica, por causa de atitudes tomadas
por seu vocalista, Jim Morrison.
Fiquem com mais de The Doors em:
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