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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Renato Russo & A Legião Urbana

Olá, sejam bem vindos ao Blog do Véio. Estou muito feliz em saber que vocês vieram visualizar minhas postagens. O assunto do qual comentarei agora foi de extrema relevância para a música brasileira, principalmente ao rock dos anos 80 e 90. 

O vocalista e fundador da banda foi considerado um dos poetas das décadas já citadas e sua banda uma das mais importantes ao cenário musical juntamente com Paralamas do Sucesso, Titãs e Barão Vermelho, no que era chamado de ''Quarteto Sagrado''.

RENATO RUSSO

Renato Manfredini Junior, nascido em 27 de março de 1960, no Rio de Janeiro, filho de um economista e uma professora de Inglês, descendente de italianos e nordestinos.



Até os sete anos morou na capital carioca e no ano de 1967 mudou-se com a família para Nova Iorque, por causa da profissão do pai, funcionário do Banco do Brasil, transferido para uma agência de Forest Hills, distrito do Queens. 


Renato Manfredini Junior, aos sete anos.
Nesse período, Renato teve contato direto com a cultura norte americana, sendo apre-sentado diretamente à língua inglesa. Morou por dois anos, retornou ao Brasil e morou no-vamente no Rio de Janeiro, na casa de um tio, na Ilha do Governador, zona norte da cidade.

Em 1973, sua família trocou o Rio de Janeiro por Brasília, onde morou na Asa Sul. Em 1975, Renato foi diagnosticado como portador de uma doença óssea , fato esse que se tornou uma das fases mais difíceis, principalmente para um adolescente de 15 anos.  

Quando os médicos souberam do resultado, o submeteram à uma cirurgia na qual implantaram três pinos  de platina na bacia. Renato sofreu muito nesse período, pois teve que ficar seis meses na cama, quase sem movimentos, o que totalizou um ano e meio de tratamento.

Durante esse período de tratamento, Renato ouviu muita música, iniciando, assim sua extensa coleção de discos dos mais variados estilos. Logo depois desse período, passou no vestibular para jornalismo no CEUB, Centro de Ensino Universitário de Brasília, após ter fracassado no vestibular da UnB, Universidade de Brasília.

Renato Russo, já adulto.
Em 13 de março de 1978, Renato, foi escolhido en-tre os professores do Cultura Ingle-sa para saudar o Príncipe Charles, quando este par-ticipou da inau-guração da nova sede da escola, ao visitar o Brasil naquele ano. Re-nato tinha apenas 17 anos, mas seu inglês impecável lhe favoreceu no momento da es-colha.


Após completar 18 anos de idade, Renato revelou para sua mãe ser homossexual.

Entre os anos de 1978 e 1981, Renato foi profes-sor de língua e literatura inglesa, no Cultura Ingle-sa. Era um pro-fessor muito requisitado pelos pais de alunos, que pediam que seus filhos fossem matriculados para as suas aulas, porém foi demitido após alguns atritos entre ele e a direção, muito conservadora para os padrões alternativos de aula que Renato oferecia.

Na mesma época, trabalhou como repórter em um programa de rádio que defendia o direito dos consumidores, o Jornal da Feira, produzido pelo Ministério da Agricultura. Renato ainda trabalhou, em 1983, na apresentação de um programa de rádio, onde comentava sobre os Beatles, numa FM de Brasília.

ABORTO ELÉTRICO

Renato conheceu Fê Lemos numa festa, em 1978, e tinham em comum o gosto pelo Punk Rock inglês e americano. Como era raro punks em Brasília, ficaram amigos e montaram uma banda, com André Pretorius, filho de um embaixador da África do Sul, na guitarra, Renato no baixo e Fê Lemos na bateria, assim começou o Aborto Elétrico.

Realizaram seu primeiro show instrumental e começaram um movi-mento punk em Brasília, através da Turma da Colina, apelido dado para os filhos de professores e funcionários da UnB, que residiam na Colina, num conjunto de quatro edifícios destinados exclusivamente a esses funcionários. Os jovens se reuniam em lugares da moda, para beber vinho barato, tocar música e cheirar benzina.

André Pretorius completa 18 anos e precisa voltar para a África do Sul, para servir o exército. Renato assume a guitarra e começou a cantar e, ainda, ensinou baixo para o irmão de Fê, Flávio Lemos, que assumiu o cargo de baixista na banda.

Pretorius voltou a tocar com a banda no final de 1980, enquanto estava em férias, e Renato assumiu só os vocais. Quando voltou para a Àfrica, Petrorius foi subs-tituido por Ico Ouro Preto, irmão de Dinho Ouro Preto.

A partir dessa fase, em 1981, a banda melhorou conside-ravelmente, pas-sando a fazer shows mais profis-sionais. Além disso, músicas como ''Tédio (Com Um T Bem Grande Pra Você)'', ''Que País é Este?'' ou ''Veraneio Vascaína'' evoluíram para temas como ''Fátima'', ''Música Urbana'' ou ''Ficção Científica''. 

Porém, logo quando estavam ganhando certa fama no circuito punk de Brasília, uma briga acaba com tudo. Renato estava cantando a música ''Veraneio Vascaína'' e errou a letra, foi o suficiente para que Fê lhe desse uma baquetada em pleno show. 

A partir daí, a banda se separou e Fê Lemos, junto com seu irmão Flávio Lemos, se reunem com Dinho Ouro Preto, dando origem ao Capital Inicial.

O TROVADOR SOLITÁRIO

Durante o intervalo entre o Aborto Elétrico e a nova banda, Renato continuou como O Trovador Solitário, quando cantava e tocava um violão de 12 cordas, sozinho, estilo folk (sem nenhum instrumen-to elétrico), afinal, todo poeta precisa exteriorizar seus sentimentos. 

Como a maioria dos jovens dos anos 80 que carregavam um gravadorzinho no bolso, Renato registrou todas as gravações de suas apresentações nesse período, mas não as utilizou.

Após sua morte, foi lançado um CD contendo o registro de sua performance tipo um banquinho e um violão, nesse, que foi chamado de o período do Trovador Solitário.

A LEGIÃO URBANA

Para compor, Renato Manfredini Junior (muito grande, não?) se inspirava em bandas como Sex Pistols, The Beatles, Ramones, Gang Of Four, The Smith, The Cure, Talking Heads e Joy Division, nos filósofos Jean Jacques Rousseau e Bertrand Russel e no pintor Henri Rousseau. A homenagem sonora Russô gerou a inspiração para o nome artístico.

Em 1982, nasce a Legião Urbana, banda formada por Renato Russo (vo-cais e baixo), Mar-celo Bonfá (bateria), Paulo Paulista (te-clados) e Eduardo Paraná (guitarra). 

A primeira apresen-tação da Legião Urbana aconteceu em setembro de 1982, na cidade mineira de Patos de Minas, no Festival no Parque, que reuniu, entre outras bandas a Plebe Rude. Esse foi a única vez em que a banda apareceu com sua primeira formação.

Na verdade, a empresa responsável pelo evento havia contratado o Aborto Elétrico e já havia impresso centenas de cartazes com o nome da banda. Mas como o Aborto Elétrico havia acabado, Renato convenceu o dono da produtora, para que pudesse se apresentar com a banda que havia acabado de montar.

Após a apresentação, Paulo Paulista e Eduardo Paraná deixaram a Legião, e o próximo guitarrista foi Ico Ouro Preto, mas logo foi substituído por Dado Villa Lobos, que assumiu a guitarra em março de 1983.

Para os jovens dos fins dos anos 70, início dos 80, a história cultural de Brasília era chata, afinal, era uma ilha cultural em relação ao resto do país. Até 1978, a história curta da nova capital não lhe atribuíra nenhum momento particularmente brilhante nas artes, até porque não havia sido formada a primeira geração de artistas brasilienses.

Estes artistas esta-vam surgindo, exa-tamente naquele período, com a cara que aquelas duas primeiras décadas tinha tido na cidade.

''Química'' era um dos hinos do Aborto Elétrico e foi a primeira música daquela turma a ser gravada e lançada em forma de LP e K7 por todo o país. Herbert Vianna, que já havia gravado seu primeiro LP com os Paralamas do Sucesso, apresentou ao agente da sua gravadora, a britânica EMI, uma fita K7 com gravações de Renato Russo, o que interessou ao diretor artístico.


A Legião Urbana foi chamada no final de 1983 para gravar três demos, sendo duas delas ''Geração Coca-Cola'' e ''Ainda é Cedo''. Por indicação de Marcelo Bonfá, é convidado para o cargo de baixista da banda, Renato Rocha. Logo de início o som feito pela banda não agradou aos executivos da EMI, porque esperavam músicas ao estilo mais folk, da fase em que Renato vivia o Trovador Solitário. 

A fita apresentada por Herbert era desse período em que Renato tocava sozinho, portanto, não era o que foi gravado pela banda que os diretores queriam.

Foi então, que surgiu Mayrton Bahia, produtor musical que trabalhava, na época, na EMI e que intermediou a relação entre a banda e os diretores da empresa, explicando aos dois lados o que seria necessário fazer. Não demorou para que a EMI assinasse contrato com a Legião Urbana, em fevereiro de 1984.

A NOVA FASE, O SUCESSO

A Legião Urbana entrou com tudo em cena, acelerando o andamento da música jovem brasileira. De toda a geração emergida no que chamaria de auge do rock nacional em 1985, com certeza a Legião foi a banda mais venerada pelo público e respeitada pela crítica.

O PRIMEIRO ÁLBUM, ''LEGIÃO URBANA''

O primeiro álbum, Legião Urbana, lançado em 2 de janeiro de 1985, é extremamente poli-tizado, trazendo letras objetivas, que fazem críticas a diversos aspectos da sociedade brasi-leira.

O disco trouxe mú-sicas que marcaram época, como: ''Se-rá'', ''Ainda é Cedo'', ''Geração Coca-Cola'' e ''Por Enquanto'' (consi-derada por críticos como a melhor faixa de encerramento que um álbum poderia ter). 

Com ares punk e guitarras distorcidas, foram chamados de Geração Coca-Cola, aqueles jovens que tinham crescido no período da ditadura militar.



O SEGUNDO ÁLBUM, ''DOIS''


Lançado em 1986, Dois, trouxe aquele espírito folk que os diretores da EMI tanto queriam. Se o primeiro álbum trouxe todo aquela urgência punk do Aborto Elétrico, o segundo era extremamente contrário, a visão complementar de um trovador que já não era mais solitário.

O disco deveria ter sido duplo e se chamado Mitologia e Intuição, mas foi recusado pela gravadora, pois se tornaria caro, para um país que estava em uma crise semelhante a que passamos agora.

No Dois, a primeira faixa, ''Daniel na Cova dos Leões'' começa com um trecho de ''Será'' envolta de ruídos de rádio e do hino da Internacional Socialista (profundo, não?). Este álbum vendeu mais de um milhão e duzentas mil cópias e é considerado por muitos como o mais romântico dos trabalhos da Legião. 

''Tempo Perdido'' se tornou um dos clássicos da Legião e traz, ao final, uma versão ao violão, da mesma música. ''Eduardo e Mônica'', dedicada a um casal de amigos, traz a história de um jovem que se apaixonou por uma mulher mais velha. 

''Índios'' procura traduzir o desespero dos primeiros e reais donos do Brasil. A música se transformou num belo trabalho, unindo prazer e consciência, podendo até contribuir para a sobrevivência dos últimos índios. Ou mostrar aos ditos civilizados que ainda podemos aprender muita coisa com a inocência dos que ainda restam. ''Quase Sem Querer'' também se tornou sucesso.

O TERCEIRO ÁLBUM, ''QUE PAÍS É ESTE 1978 / 1987''

O terceiro disco, Que País é Este 1978/1987, lançado em dezembro de 1987, traz um disco recheado de músicas do passado de Renato Russo, porque, devido ao sucesso de Dois, a gravadora estava pressionando para um terceiro álbum e eles não tinham material para isso.

Das nove faixas do álbum, duas foram escritas após o Dois, ''Angra dos Reis'', que fala da construção da usina nuclear na cidade fluminense de mes-mo nome, e ''Mais do Mesmo'', crítica social sobre a situação de segu-rança e saúde brasileira e que em 1998 se tornaria o título de uma coletânea.

A música ''Que País é Este'' foi escrita em 1978, ano em que Renato ainda fazia parte do Aborto Elétrico, ''Faroeste Caboclo'' foi composta em 1979, na sua fase Trovador Solitário. Com mais de nove minutos de duração, ''Faroeste Caboclo'' possui mais de 150 versos e não tem refrão, onde conta a história do nordestino João de Santo Cristo (virou filme muito tempo após a morte de Renato).

Na época do lançamento do disco, ''Faroeste Caboclo'' foi considerada a mais longa música da banda (mais tarde superada por "Metal contra as Nuvens", do disco V). Da mesma fase de "Faroeste Caboclo", está presente no disco a canção "Eu Sei", que antes se chamava "18 e 21" e que já era pedida nos shows da Legião antes mesmo de seu lançamento, pois ficara conhecida a partir de uma fita demo.

O disco ainda traz "Depois do Começo", única faixa de sua autoria que Russo admitia não gostar, por considerar pretensiosa e "Química", que já havia sido gravada pelos Paralamas do Sucesso em seu álbum de estreia, Cinema Mudo

SHOW NO ESTÁDIO MANÉ GARRINCHA E A INTROSPECÇÃO

Durante a turnê do show deste álbum, aconteceu o famo-so show em Brasília no Estádio Mané Garrincha. Por cau-sa (e apesar) da reação ensande-cida dos fãs, as turnês da banda não eram longas. 

O imenso circo que era preciso se formar para cada show tornava aque-le ritual um tanto quanto incômodo, principalmente para Renato, que era o líder em quem os fãs depositavam todas as expectativas. Renato sofria muito com tudo aquilo, pois era muito intenso e emocionalmente desgastante.

O apogeu dessa loucura coletiva aconteceu no dia 18 de junho de 1988, em Brasília. Durante o show que marcava a volta da banda à cidade, aconteceu o pior: quando os portões foram abertos, na tentativa de conter os que não conse-guiram comprar um dos 50 mil ingres-sos postos à venda, fãs se exaltaram e foram pisoteados, violência policial, discursos inflamados, bombas caseiras e o palco invadido por um fã que se agarrou violentamente à Renato.

O cenário do caos terminou com a suspensão da apresentação e mais confusão. Cerca de cinquenta pessoas foram presa, mais de trezentas ficaram feridas e uma série de péssimas lembranças.

A turnê foi suspensa, acabando por aumentar a fobia de palco de Renato e tornando o trabalho da banda mais introspectivo, o que refletiria no álbum seguinte.

O QUARTO ÁLBUM, ''AS QUATRO ESTAÇÕES''

Lançado em 1989, As Quatro Estações é considerado por fãs o melhor e mais inspirado trabalho da banda, inclusive pelo próprio Renato Russo. O disco possui o maior número de ''hits'': das onze faixas dele, pelo menos nove tocaram incessantemente nas rádios brasileiras. É o álbum mais bem sucedido da Legião, com mais de um milhão e setecentas mil cópias vendidas. 

A obra de Renato Russo e, por conse-quência, da Legião Urbana beirava a fronteira entre a ética pública e a ética privada, seja na condução do país, da coisa pú-blica, dos meios de comunicação ou na sinceridade e res-peito aos sentimen-tos individuais, di-zendo que era preciso disciplina, compaixão, bondade e coragem.

Considerada a obra mais ''religiosa'' da banda, juntou Camões com a filosofia de textos bíblicos e budistas, a poesia de Renato chegou ao auge da forma e se tornou ainda mais precisa sobre os problemas da atualidade em que ele viveu. 

Suas músicas falam sobre sexualidade (''Meninos e Meninas'') do desgaste das relações familiares (''Pais e Filhos'') à AIDS (''Feedback Song For a Dying Friend'') , do preconceito sexista ao amor romântico idealizado e inatingível. 

 Vendo os jovens da época em que Renato estava conosco e os da nossa atualidade, vemos que a grande maioria vai ''no embalo da moda'' e não pela mensagem que a música passa. "Pais e Filhos" é uma canção que fala de suicídio. Uma vez, em 1994, durante uma apresentação da banda no programa Programa Livre, do SBT, Renato Russo desabafou ao ver a reação alegre da plateia ao anúncio de que iriam tocá-la: 

"Escuta, vocês sabem que essa música é sobre suicídio, né? (...) É sobre uma menina que tem problemas com os pais, ela se jogou da janela do quinto andar e não existe amanhã. (...) Isso é uma música seríssima, que nem "Índios". (...) Eu não aguentaria ouvir duas vezes seguidas. (...)''.

Neste álbum, o baixista Renato Rocha chegou a gravar o baixo em algumas faixas do disco, porém, deixou o grupo devido a desentendimentos com os outros integrantes. As linhas de baixo originalmente gravadas por Renato Rocha foram regravadas por Dado e Renato Russo, que se revezaram nos baixos e guitarras.

Além das músicas citadas, ''Monte Castelo'', ''Há Tempos'', ''Quando o Sol Bater na Janela do Teu Quarto'', ''1965 (Duas Tribos)'', ''Maurício'', ''Sete Cidades'', ''Se Fiquei Esperando Meu Amor Passar'' e ''Eu Era Um Lobisomem Juvenil'' fizeram parte deste álbum, em que a Legião encerrou os anos 80 traçando o panorama daqueles tempos e jogando luzes de esperança para dias tão sombrios.

O QUINTO ÁLBUM, ''V'' 

Lançado em no-vembro de 1991, V é considerado o disco mais melan-cólico da carreira da banda. Renato es-tava em um mo-mento complicado de sua vida, por conta da desco-berta de que era soropositivo, um ano e meio antes, problemas no rela-cionamento com seu namorado e alcoolismo.

O álbum é repleto de músicas atípicas aos ''padrões'' da banda. A atmosfera de ''Metal Contra as Nuvens'', com seus mais de onze minutos de duração, é um dos destaques, assim como a densa ''A Montanha Mágica''. Por outro lado, as mais tocadas deste disco foram ''O Teatro dos Vampiros'', com sua crítica social e a melancólica ''Vento no Litoral''. 

O SEXTO ÁLBUM, ''O DESCOBRIMENTO DO BRASIL''

O álbum O Descobrimento do Brasil, de 1993, foi lançado em uma época em que Renato tinha ini-ciado o tratamento para livrar-se da dependência quí-mica e mostrava-se otimista quanto ao seu sucesso. Ainda assim, as letras oscilam entre a alegria e a tristeza, encontros e des-pedidas.

É como se, para seguir em frente, fosse necessário deixar muitas coisas para trás, e não se pudesse fazer isso sem uma boa dose de nostalgia. Por isso, O Descobrimento do Brasil é um álbum com ares de esperança, mas rodeado de tristeza e saudosismo, e mesmo assim, é considerado por muitos como um disco mais ''alegre'' e delicado da Legião urbana.

O CD não foi muito tocado nas rádios, talvez por causa do anterior, que foi considerado muito denso e melancólico e os programadores não quiseram arriscar de colocar músicas suas. As faixas de sucesso foram ''Giz'', ''Vinte e Nove'' e ''Perfeição'', música esta com pesadas críticas à situação política e social do Brasil.

O SÉTIMO ÁLBUM, ''A TEMPESTADE''

Lançado em 20 de setembro de 1996, A Tempestade ou O Livro dos Dias, foi o último álbum da banda com Renato Russo vivo. O disco possui músicas densas, alternando o rock clássico de ''Natália'' e ''Dezesseis'' com o lirismo de ''L'Aventura'', ''Leila'', ''1º de Julho'' e ''O Livro dos Dias'', junto ao classicismo de ''Longe do Meu Lado''.

As letras deste CD, em geral, tratam de temas como soli-dão, passado, amor, depressão, homossexualidade, AIDS, intolerância e injustiças, tornando o disco ''melodra-mático'' e de alma triste.

Algumas músicas do disco sugerem uma despedida antecipada, como diz um trecho ''e quando eu for embora, não, não chore por mim'', da letra de ''Música Ambiente''. As fotos do encarte foram tiradas próximas à época do lançamento, exceto a de Renato, que foi aproveitada da sessão de fotos do seu álbum solo Equilíbrio Distante, de 1995, já que o cantor, um pouco debilitado, se recusou a fotografar para o disco.

Com exceção de ''A Via Láctea'', as demais faixas do álbum possuem apenas a voz guia de Renato, que não quis gravar as vozes definitivas. Também não foram incluídas as frases ''Urbana Legio Omnia Vincit'' e ''Ouça no Volume Máximo'', presentes nos discos do grupo.No lugar delas, uma frase do escritor modernista Oswald de Andrade: ''O Brasil é uma República Federativa cheia de árvores e gente dizendo adeus''. (Muito sinistro, não?).

A MORTE DE RENATO RUSSO E O FIM DA BANDA

Renato Russo faleceu no dia 11 de outubro de 1996, em consequência de complicações causadas pela AIDS (foi diagnosticado soropositivo em 1989). O corpo de Renato foi cremado e suas cinzas foram lançadas no Parque Burle Marx.

Coincidentemente, o ex-baixista da Le-gião Urbana, Rena-to Rocha, passeava com a namorada no momento do lança-mento das cinzas e o pneu de sua moto furou em frente ao local.

No dia 22 de outubro de 1996, onze dias após a morte de Renato, os colegas de banda Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá, ao lado do empresário Rafael Borges, anunciaram o fim das atividades do grupo.

Estima-se que a banda tenha ven-dido cerca de 20 milhões de discos no país durante a vida de Renato Russo. Quase duas décadas após sua morte, a banda ainda apresenta vendas expressivas de seus discos pelo mundo.

Quando Renato faleceu, seu filho tinha apenas sete anos de idade. Diziam que este filho, Giuliano Manfredini (atualmente produtor cultural) era fruto de um relacionamento de Renato com uma fã, Raphaela Bueno. 

Porém, depois da morte do cantor, especulou-se que a crian ça fosse adotada por Renato e criado pela avó materna, Maria do Carmo, mas essa história nunca foi confirmada. 

Em 2004 houve um processo judicial movido pela mãe do menino, mas a família de Renato conseguiu manter a guarda do garoto até sua maioridade penal.

APÓS O FIM, ''UMA OUTRA ESTAÇÃO''

Em 1997, foi lan-çado um álbum póstumo, Uma Outra Estação, pois a idéia original era de que A Tem-pestade fosse um disco duplo. Como saiu simples, o material não lança-do foi retrabalhado e lançado no álbum de 1997.

Músicas como ''Clarisse'' ficaram de fora do álbum anterior por desejo do próprio Renato, que a considerava com uma temática muito pesada. A letra da música ''Sagrado Coração'' consta no encarte, mas nunca foi gravada por Renato. O álbum conta com participações especiais de Renato Rocha, baixista dos primeiros discos da Legião e Bi Ribeiro, baixista dos Paralamas do Sucesso.


A AMEAÇA DE RETORNO

Em 05 de setembro de 2009, após rumores sobre uma possível volta às atividades, a família Manfredini, Dado Villa Lobos, Marcelo Bonfá e a gravadora EMI, alegam que eram infundadas as informações sobre o retorno da banda.

Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá, da Legião Urbana.
Esclareceram que ''uma possível volta da banda Legião Urbana é falsa. Não existe possibilidade alguma de uma volta da banda''.

Quinze dias após o desmentido, Dado Villa Lobos e Mar-celo Bonfá fizeram uma participação especial em um show do festival Porão do Rock, em Brasília.

Em 2011, Dado Villa Lobos e
Legião Urbana com Wagner Moura.
Marcelo Bonfá conduziram, juntamente com a Orquestra Sinfônica Brasileira, um show em tributo à Legião Urbana, durante o Rock In Rio 4. O show contou com convidados como Rogério Flausino, do Jota Quest e Toni Platão, que cantaram alguns sucessos da banda.

Em 2012, a MTV Brasil  organizou um novo show em tributo à Legião, para a série MTV Ao Vivo, em São Paulo, pelos trinta anos da banda. A homenagem teve o ator Wagner Moura, fã assumido da banda, como vocalista principal, além de participações dos músicos  Fernando Catatau e Bi Ribeiro, além do guitarrista britânico Andy Gill, do Gang Of Four, uma das maiores influências da Legião.  

O RETORNO

Após uma longa disputa judicial com o filho de Renato Russo, Giuliano Manfredini, os integrantes remanescentes da formação de 1990, foram autorizados judicialmente a utilizar comercial-mente a marca Legião Urbana, através de uma decisão da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, em 28 de outubro de 2014.

A nova formação da Legião Urbana.
Desta forma, em outubro de 2015, a banda voltou à ativa com a seguinte formação: o guitar-rista Dado Villa Lobos e o bateirista Marcelo Bonfá, juntamente com o baixista Formigão (que pertence ao Planet Hemp) e o músico e ator André Frateschi para o vocal.

A banda retornou com uma turnê intitulada Legião Urbana XXX Anos, com a primeira apresentação em 23 de outubro, na cidade de Santos, estado de São Paulo, depois Itacaré, na Bahia, em 1º de novembro e segue por outras cidades, comemorando os trinta anos do lançamento do primeiro disco.

Dado e Marcelo planejavam lançar, também, um box especial com dois discos, um livreto e uma remasterização do primeiro álbum. O box iria conter as músicas ''Será'', ''Geração Coca-Cola'' e ''Soldados'', além de sobras de estúdio e versões que a Legião tocou para mostrar à gravadora no início da carreira.

O grande problema é a música ''1977'', gravada e nunca lançada devido à insatisfação de Renato com o resultado. A música deu origem a dois grandes sucessos, ''Fábrica'' e ''Tempo Perdido''.

Depois de pronto o box, Dado e Bonfá foram comunicados de que a música pertencia à Renato Russo com 75% dos direitos  e Legião Urbana Produções Artisticas (em posse do filho dele) com 25%, sendo assim, não poderia estar no box.

Eles apresentaram um documento oficializado pelo Departamento de Censura de Diversões Públicas da Polícia Federal, provando que a letra era de autoria de dado Villa Lobos, Renato Russo e Marcel Bonfá. Ainda assim, descobriram que 1977 foi registrada em 2003 no ECAD pelo filho de Renato. 

Devido a esse novo impasse, decidiram cancelar o lançamento do box, sem que isso interferisse na turnê. (Que pena, nesse tipo de briga judicial, quem saiu perdendo fomos nós, fãs da banda. Lamentável esse tipo de atitude, pois os dois lados sairiam ganhando com a venda do box).

ÁLBUNS SOLO DE RENATO RUSSO

THE STONEWALL CELEBRATION CONCERT

The Stonewall Celebration Concert é o primeiro disco solo de Renato Russo, lançado em 1994. 

Interpretado total-mente em inglês, foi uma homenagem aos vinte cinco anos da Rebelião de Stonewall, que foi uma série de violentas manifesta-ções espontâneas por membros da comunidade LGBT contra uma invasão da polícia, que aconteceu nas primeiras horas da manhã de 28 de junho de 1969, no Stonewall Inn, localizado no bairro Greenwich Village de Manhattan, Nova Iorque, Estados Unidos. 

Nesse disco, Renato interpreta Irving Berlin (''Say It Isn't So'' e ''Let's Face The Music & Dance''), Madonna (''Cherish''), Tanita Tikaram (''Cathedral Song''), Billy Joel (''And So It Goes''), Bob Dylan (''If You See Him, Say Hello''), Leonard Bernstein (''Somewhere'') e muitos outros clássicos da música. 

Parte dos royalties foi doada a campanha Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida.

Foi um dos primeiros álbuns totalmente gravados em computador no mercado brasileiro.

EQUILÍBRIO DISTANTE

Equilíbrio Distante foi o segundo álbum solo de Renato lançado em 1995 e apesar do título, não tem nenhuma música em português.

Após o lançamento de seu primeiro álbum solo The Stonewall Celebration Concert, Renato Russo começou a despertar interesse pela música italiana (o que demonstra forte ligação à sua ascendência). Renato apresentou à sua gravadora, a EMI, o projeto de gravar um disco com músicas em italiano. A EMI aceitou sua proposta e enviou o cantor à Itália. Com o repertório já definido, o líder da Legião Urbana aproveitara a viagem para descobrir mais sobre a cultura italiana.

De volta ao Brasil, Renato reúne músi-cos conceituados para a gravação do disco Equilibrio Distante em 1995, entre eles, os baixistas Arthur Maia (renomado baixista brasileiro, na época tocando com Gilberto Gil), Bruno Araújo (que fez parte da banda de apoio da Legião Urbana na turnê As Quatro Estações e gravou o baixo no álbum V). 

Renato convidou também, Carlos Trilha, produtor, tecladista, arranjador e pianista que também fez parte da banda de apoio da Legião nas turnês do álbum V em diante e gravou os discos The Stonewall Celebration Concert com Renato e "A Tempestade" e "Uma Outra Estação" com a Legião Urbana.

O disco consegue emplacar três grandes hits: "Strani Amori" que rendeu até um videoclipe onde Renato aparece pela última vez. O video foi incluído no terceiro álbum solo de Renato, o póstumo O Último Solo, "La Forza Della Vita" que fez parte da trilha sonora da novela O Rei do Gado, da Rede Globo e e ''La Solitudine''.

Quatro das faixas do álbum ("La Solitudine", "Gente", "Strani Amori" e "Lettera") são covers da cantora italiana Laura Pausini, que na época que o CD foi lançado ainda era desconhecida no Brasil.

A capa do disco é formada por desenhos de Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo, que representam o Pão de Açúcar, o Estádio do Maracanã, o Coliseu e a Torre de Pisa (grafada como Torre de Pizza). 

Outras músicas foram gravadas, porém, não estavam com seus arranjos prontos e ficaram de fora. Elas foram posteriormente finalizadas e relançadas em O Último Solo, disco póstumo de Renato Russo.

O ÚLTIMO SOLO

O Último Solo  álbum póstumo do cantor Renato Russo, lançado em 1997.

Foi lançado após a morte de Renato Russo, líder da Legião Urbana, o álbum reúne oito canções que fica-ram de fora dos dois álbuns solo anteriores de Rus-so: The Stonewall Celebration Con-cert, de 1994, cujo repertório é total-mente em inglês e Equilíbrio Distante, de 1995, em italiano.

O álbum ainda conta com uma faixa interativa contendo o videoclipe de ''Strani Amori'', principal single de Equilíbrio Distante e trechos em áudio de uma entrevista de Renato Russo.



CURIOSIDADES E OUTROS AFINS

* Em 1995, todos os discos de estúdio da banda até 1993 foram remasterizados no lendário estúdio britânico Abbey Road  Studios, em Londres (famoso por causa das gravações dos Beatles lá) e lançados em uma lata intitulada ''Por Enquanto 1984 - 1995''. A lata também incluiu um pequeno livro, com  um texto escrito pelo antropólogo Hermano Vianna, irmão do músico Herbert Vianna.

* Dois filmes relacionados à Legião Urbana foram lançados nos cinemas brasileiros, em circuito nacional. Foram eles:

- Somos Tão Jovens, de Antônio Carlos da Fontoura, com roteiro de Marcos Bernstein e trilha sonora original de Carlos Trilha. Retrata a adoles-cência de Renato Russo (interpretado pelo ator Thiago Mendonça) e o início de seu interesse pela música, abordando o começo e o fim do Aborto Elétrico e também sua fase Trovador Solitário e o início da Legião Urbana. Foi lançado nos cinemas em 03 de maio de 2013.

- Pouco depois, em 30 de maio do mesmo ano, foi lançado Faroeste Caboclo, adapta-ção da música homônima de Renato Russo, dirigida por René Sampaio e com roteiro de Victor Atherino e Marcos Bernstein a partir da letra original. No elenco, Fabrício Boliveira (o protagonista João de Santo Cristo), Isis Valverde (a mocinha Maria Lúcia), Felipe Abib (o vilão Jeremias) e César Troncoso (o traficante Pablo).

* As músicas da Legião Urbana inspiraram regravações por músicos das mais diversas vertentes, estilos e tendências. Entre as releituras mais conhecidas estão: 

- Cássia Eller - ''Por Enquanto'' e ''1º de Julho'';
- Pato Fu - ''Eu Sei'';
- Paralamas do Sucesso e Capital Inicial - ''Que País é Este'';
- Jerry Adriani, Fagner e Ângela Maria - ''Monte Castelo'';
- Zélia Duncan, Reação Em Cadeia, Maria Gadú e Nenhum de Nós - ''Quase Sem Querer'';
- Ira! - ''Teorema'';
- Paulo Ricardo e Lulu Santos - ''Tempo Perdido'';
- Engenheiros do Hawaii, Léo Jaime Biquíni Cavadão e Calcinha Preta - ''Índios'';
- Titãs e a banda portuguesa The Gift - ''Setes Cidades'' e ''Que País é Este'';
- Barão Vermelho - ''Quando o Sol Bater na Janela do Teu Quarto'';
- Charlie Brown Jr. - ''Baader-Meinhof Blues'';
- Sandra de Sá e Lobão - ''Mais do Mesmo'';
- Marina Lima e Nelson Gonçalves - ''Ainda é Cedo'';
- Raça Negra e Simone - ''Será'';
- A banda argentina Ataque 77 - ''Perfeição'' e ''Fábrica'';
- Forfun - ''Metrópole''.

E por aqui encerro este comentário sobre Renato Russo & A Legião Urbana. Espero ter esclarecido alguns detalhes para vocês e lembrado de tantos outros para quem é fã desses músicos que contribuíram muito para o pop rock brasileiro. 

Muito obrigado por mais esta visualização, esperando que vocês curtam minha próxima postagem: Sandra & Michael Cretu. Não percam, vocês verão que conhecem bem os dois.

Autor: Carlos Alberto de Lemos Anchieta

Vejam mais de Renato Russo & Legião Urbana em:























































































































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