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quinta-feira, 29 de março de 2018

DEEP PURPLE, OUÇA NO VOLUME MÁXIMO - PARTE TRÊS DE TRÊS




Salve galera que está curtindo a história da carreira dessa banda que fez muito sucesso em toda sua existência, especialmente por causa de seus concertos, uma vez que nem todos os álbuns que o grupo produziu foram grandes êxitos.

Agora comentarei sobre um assunto discordante: o fim e o recomeço. O fim, porque pareceu que tudo naquele momento acabaria, mas o tempo provou que não era exatamente daquela forma que esta grande banda deveria terminar.

O fim

Ao final do show de 15 de março de 1976, em Liverpool, David Coverdale desabafa com Lord: não havia mais clima para continuar com o Deep Purple. Lord desabafa de volta: não havia mais um Deep Purple para continuar. Acabou assim, em clima de confidência, a banda criada oito anos antes e que chegou a figurar no Guinness dos recordes como a mais barulhenta do mundo. Oito meses depois, Bolin morreria de overdose no Resort Hotel de Miami, após uma apresentação. E durante oito anos o Deep Purple permaneceria fora do ar.

Os integrantes do Deep Purple, em 1984.

Nesse período, os membros da banda fariam suas próprias carreiras e plantariam as bases para os futuros desenvolvimentos do Deep Purple. Por ordem de saída:

Ian Gillan - Depois de um breve período de reclusão em que vendeu motos e tentou ter um hotel, foi resgatado para os palcos por Roger Glover e sentiu-se animado o suficiente para criar sua própria banda, a Ian Gillan Band. Numa espécie de jazz-rock, seguiu até o início dos anos 80. Em 1982, dissolveu a banda, para no ano seguinte gravar um disco com o Black Sabbath: Born Again.


Roger Glover - Inicialmente, permaneceu próximo à Purple Records e foi quem mais teve contato com todos os galhos da gigantesca árvore genealógica do Deep Purple. Dois anos depois, conseguiu juntar no mesmo palco os melhores músicos da Inglaterra (muitos deles membros ou ex-membros do Deep Purple, ou seus colegas em outras bandas), no musical Butterfly Ball. Foi a primeira aparição pública de Ian Gillan após o fim do Deep Purple, substituindo Ronnie James Dio (que cantava no Rainbow de Blackmore e passaria depois pelo Black Sabbath). Produziu outras bandas, gravou dois discos solo e voltou a tocar baixo no Rainbow de Blackmore.


Ritchie Blackmore - Com o Rainbow, teve uma das bandas de hard rock de maior sucesso do final dos anos 70 e início dos anos 80, apontando os holofotes para músicos como Joe Lynn Turner e Don Airey, que anos mais tarde participariam do Deep Purple. Roger Glover chegou a tocar com ele.


David Coverdale - Após dois discos solo, formou o Whitesnake e invadiu as paradas de FM dos anos 80. Na banda, tocou com Jon Lord e Ian Paice. De quando em quando, reúne o Whitesnake para turnês.


Jon Lord - Teve uma carreira solo interessante, misturando suas várias influências musicais (clássico, rock e jazz). Compôs trilhas sonoras de filmes com Tony Ashton e os dois se juntaram a Paice para o projeto Paice, Ashton e Lord. Mais tarde, uniu-se a Coverdale no Whitesnake. Depois de lutar contra um câncer, Lord veio a falecer em 16 de julho de 2012.
Ian Paice - Tocou com diversos músicos, inclusive com Gary Moore, além de Paice, Ashton e Lord e Whitesnake.


Glenn Hughes - Reuniu o Trapeze, gravou vários discos solo, tocou com Gary Moore e Pat Thrall, lutou consigo mesmo para se livrar das drogas, cantou no Black Sabbath e mais recentemente gravou dois discos com o também ex-Deep Purple Joe Lynn Turner, o Hughes-Turner Project (HTP).



O recomeço

Capa do décimo - primeiro álbum de estúdio da banda, lançado em 1984.

Em 1984, é anunciada a volta do Deep Purple com a sua formação de maior sucesso (fase II), com Gillan, Blackmore, Paice, Glover e Lord. É lançado o primeiro disco de inéditas desde 1975, chamado Perfect Strangers, que foi seguido por The House Of Blue Light, de 1987. Das turnês destes dois discos, sai o ao vivo Nobody's Perfect, lançado em 1988. Em 1989, Gillan decide sair novamente da banda, e em seu lugar entra o vocalista Joe Lynn Turner, (ex-Rainbow).

Capa do décimo segundo álbum de estúdio da banda, lançado em 1987.

Com esta nova formação, a banda saiu em uma bem-sucedida turnê que foi muito bem elogiada pelos fãs. Embora o novo álbum com Turner, Slaves And Masters, tenha sido comercialmente fraco, a sua turnê não foi. Os shows foram marcados por performances impecáveis da banda e pela excelente presença de palco do vocalista Joe Lynn Turner. Vale lembrar que nessa turnê, o Deep Purple veio ao Brasil pela primeira vez. O set-list continha clássicos da época de Coverdale, e muitos que a banda não tocava há algum tempo.

Capa do décimo terceiro álbum de estúdio da banda, lançado em 1990.

A banda termina a turnê no fim de 1991, e em abril de 1992, começa a gravar o que se tornaria o álbum The Battle Rages On.... Este álbum foi inicialmente gravado e escrito com Joe Lynn Turner ainda na banda, mas no meio de setembro de 1992, Joe é despedido do grupo e em seu lugar entra novamente Ian Gillan, que termina o que restou do The Battle Rages On..., regravando-o com sua voz. O álbum foi lançado em 1993.

Capa do décimo quarto álbum de estúdio da banda, lançado em 1993.

Em dezembro de 1993, após a saída de Ritchie Blackmore devido a conflitos constantes sobre o estilo musical a ser seguido, o guitar-hero Joe Satriani foi convidado a integrar a banda e juntou-se ao Purple para participar da turnê internacional pelo Japão. Com o sucesso dos shows, Satriani foi convidado pelos demais integrantes para permanecer como membro efetivo dela, mas ele não aceitou, mais preocupado com sua carreira solo e com o contrato para um álbum assinado com a Sony.

Antes disso, entretanto, ainda chegou a participar da turnê europeia como guitarrista da banda em 1994, fazendo seu último show com a banda em julho, na Áustria. Após este concerto, Satriani deixou o Purple e cedeu o lugar para o guitarrista Steve Morse, que já havia integrado as bandas Dixie Dregs e Kansas. Steve Morse é o guitarrista do Deep Purple até os dias de hoje.

Capa do décimo quinto álbum de estúdio da banda, lançado em 1996.

A banda se revitaliza e volta com o Purpendicular, de 1996, trazendo novos elementos, porém valorizando os desafios entre guitarras e órgão que fizeram a base musical do estilo do Deep Purple. Segue o razoável Abandon em 1998. 

Capa do décimo sexto álbum de estúdio da banda, lançado em 1998.

Em 2002, o tecladista Jon Lord decide abandonar a estrada, e em seu lugar entra Don Airey, um tecladista que passou por diversas bandas de hard rock, entre elas, o Rainbow, de Ritchie Blackmore e o Whitesnake, de David Coverdale, além de Ozzy Osbourne. Com Airey, Gillan, Morse, Glover e Paice são lançados os discos Bananas, em 2003, e Rapture Of The Deep, em 2005.

Capa do décimo sétimo álbum da banda, lançado em 2003.

Em novembro de 2005, chegava às lojas o álbum do Purple, chamado de Rapture Of The Deep, produzido durante o período de março à junho de 2005.

Capa do décimo oitavo álbum de estúdio da banda, lançado em 2005.

Em 2012, o Deep Purple anunciou que iria entrar em processo de produção de um novo disco de estúdio, o primeiro desde 2005. Em abril de 2013 chegava às lojas o álbum Now What?, gravado em Nashville, no ano anterior.

Capa do décimo nono álbum de estúdio da banda, lançado em 2013.

Em abril de 2017, o Deep Purple lançou o álbum Infinite, seu vigésimo álbum de estúdio.

Capa do álbum de 2017.

Em 16 de julho de 2012, o tecladista Jon Lord falece. Ele lutava há quase um ano contra um câncer no pâncreas. Vários músicos de renome expressaram sua tristeza acerca do ocorrido, tais como Geezer Butler, David Coverdale, Lars Ulrich, Tony Iommi, Mike Portnoy, Axl Rose, Slash, Bill Ward, Jordan Rudess, além de sua antiga banda, o próprio Deep Purple.



Todas as formações do Deep Purple

* Fase I "MK I" (1968 - 1969) Rod Evans – vocais / Ritchie Blackmore – guitarra / Jon Lord – teclado / Nick Simper – baixo / Ian Paice – bateria;

* Fase II "MK II" (1969 - 1973) =˃ Ian Gillan – vocais / Ritchie Blackmore – guitarra / Jon Lord – teclado / Roger Glover – baixo / Ian Paice – bateria;

* Fase III "MK III" (1973 - 1975) David Coverdale – vocais / Ritchie Blackmore – guitarra / Jon Lord – teclado / Glenn Hughes – baixo, vocais / Ian Paice – bacteria;

* Fase IV "MK IV" (1975 - 1976) David Coverdale – vocais / Tommy Bolin – guitarra / Jon Lord – teclado / Glenn Hughes – baixo, vocais / Ian Paice – bacteria;


                     *** (1976 - 1984) =˃ O grupo esteve separado. ***


Fase II "MK II", Reunião (1984 - 1989) =˃ Ian Gillan – vocais / Ritchie Blackmore – guitarra / Jon Lord – teclado / Roger Glover – baixo / Ian Paice – bateria;

Fase V "MK V" (1989 - 1991) =˃ Joe Lynn Turner – vocais / Ritchie Blackmore – guitarra / Jon Lord – teclado / Roger Glover – baixo / Ian Paice – bateria;

Fase II "MK II", Nova Reunião (1992 - 1994) Ian Gillan – vocais / Ritchie Blackmore – guitarra / Jon Lord – teclado / Roger Glover – baixo / Ian Paice – bateria;

Fase VI "MK VI" (alguns meses em 1994) =˃ Ian Gillan – vocais / Joe Satriani – guitarra / Jon Lord – teclado / Roger Glover – baixo / Ian Paice – bateria;

Fase VII "MK VII" (1994 - 2002) =˃ Ian Gillan – vocais / Steve Morse – guitarra / Jon Lord – teclado / Roger Glover – baixo / Ian Paice – bateria;

Fase VIII "MK VIII" (2002 - atualmente) =˃ Ian Gillan – vocais / Steve Morse – guitarra / Don Airey – teclado Roger Glover – baixo / Ian Paice – bateria.


O melhor riff da história do rock

Em abril de 2008, os alunos da London Tech Music School, uma das mais conceituadas escolas de música da Grã-Bretanha e de onde saíram integrantes de bandas como o Radiohead, The Kinks e The Cure, elegeram o clássico "Smoke On The Water", um dos maiores sucessos da banda, como o maior riff de todos os tempos na história do rock, na frente de outros clássicos como "Whole Lotta Love" do Led Zeppelin, "My Generation" do The Who, "Born To Be Wild" do Steppenwolf e "Iron Man" do Black Sabbath.


Integrantes
Membros atuais
Ian Paice – bateria, percussão (1968 – 1976, 1984 – presente);

Roger Glover – baixo (1969 – 1973, 1984 – presente);

Ian Gillan – vocal, harmônica, percussão (1969 – 1973, 1984 – 1989, 1992 – presente);

Steve Morse – guitarra (1994 – presente);

Don Airey – órgão, teclado (2002 – presente).

Membros antigos
Jon Lord – órgão, teclado, vocal de apoio, arranjos de cordas (Março de 1968 – Março de 1976, Abril de 1984 – Fevereiro de 2002);

Ritchie Blackmore – guitarra (Março de 1968 – Junho de 1975, Abril de 1984 – Novembro de 1993);

Rod Evans – vocal (Março de 1968 – Julho de 1969);

Nick Simper – baixo, vocal (Março de 1968 – Julho de 1969);

Glenn Hughes – baixo, vocal (Julho de 1973 – Março de 1976);

David Coverdale – vocal, guitarra base (Agosto de 1973 – Março de 1976);

Tommy Bolin – guitarra solo, vocal, baixo (Junho de 1975 – Março de 1976);

Joe Lynn Turner – vocal (Dezembro de 1989 – Agosto de 1992);

Joe Satriani – guitarra (Dezembro de 1993 – Julho de 1994).


Bem pessoal que estava curtindo a história dessa maravilhosa banda, aqui encerro a terceira e última parte dessa que é a realidade de um grupo que decidiu dividir suas paixões e formou uma banda para mostrar suas criações.
Não é fácil manter um sonho quando vários egos estão disputando o mesmo espaço, em cima dos palcos da vida. Entre discórdias e acertos, intrigas e reconciliações, a banda quase sucumbiu ao fim.

Mas o que acontece é que a banda permanece na atividade até hoje, entre mudanças de integrantes e problemas pessoais. Porém, o que a banda criou e deixou de legado fala mais alto do que quaisquer rusgas. E a vida segue.

OBS.: Alguns vídeos não são oficiais, são apenas montagens, mas são músicas que não podem ser esquecidas e como não encontrei uma versão ao vivo que tivesse uma qualidade digna de estar aqui, preferi deixar esses mesmos. 

Fiquem com mais de Deep Purple em:




































































terça-feira, 27 de março de 2018

DEEP PURPLE, OUÇA NO VOLUME MÁXIMO - SEGUNDA PARTE DE TRÊS



Salve galera que está curtindo o Blog Opinião do Véio! A história dessa banda que se segue abaixo mudou o mundo musical, seu jeito de ver a música, sua forma de criar e inovar através da experimentação e da audácia de seus integrantes. Nessa parte, comentarei sobre a criação daquela que seria a marca registrada na vida dos integrantes do Deep Purple e a música que marcaria a trajetória da banda em seus concertos e uma música que não pode deixar de ser tocada em nenhum show.
Conquistando o mundo

O passo seguinte na experimentação do Deep Purple seria gravar um disco de estúdio feito nas mesmas condições de uma apresentação ao vivo. Todos juntos, num mesmo ambiente, criando e gravando juntos como nas longas jams instrumentais que eles faziam no palco. Eles já tinham algumas músicas quase prontas: "Highway Star" começou a ser criada dentro de um ônibus, quando um jornalista perguntou como eles criavam suas músicas. Blackmore disse: "Assim", e começou a tocar um riff agitado. Gillan entrou na farra e começou a improvisar uma letra: "We're on the road, we're on the road, we're a rock'n'roll ba-and!". Em setembro, a primeira versão do que seria "Highway Star" já estava começando a ser experimentada no palco e no programa de TV alemão Beat Club. É dessa apresentação que vem o clipe de "Highway Star" em que Blackmore usa um chapéu de bruxo e Gillan balbucia palavras sobre Mickey Mouse e Steve McQueen. "Lazy" é outra canção que começou a ser testada no palco antes de ir ao estúdio.


Em dezembro de 1971, eles haviam achado o local certo para criar e gravar esse disco: Montreux, na Suíça, onde até hoje ocorre um famoso festival de jazz. O melhor lugar para gravar seria o grande cassino da cidade, onde tradicionalmente havia apresentações musicais. O cassino ainda não estava liberado para o Deep Purple quando eles chegaram. Faltava uma última apresentação, de Frank Zappa, para encerrar a temporada. O grupo, então, foi assistir ao show. Zappa sempre foi um inovador do rock, e naquela apresentação em especial ele usava um sintetizador de última geração. No meio do show, alguém põe fogo no cassino. A música pára. Zappa grita: "FOGO! Arthur Brown, em pessoa!" e orienta os presentes a deixar o cassino calmamente. Em entrevistas, Roger Glover conta que todos realmente estavam calmos, o suficiente para que ele próprio ainda pudesse dar uma olhada no sintetizador antes de sair do prédio. Enquanto isso, Claude Nobs, que até hoje organiza o Festival de Jazz de Montreux, corria de um lado para o outro para tirar alguns espectadores de dentro do cassino.

O grupo foi transferido para o Grande Hotel de Montreux. No inverno, ele estava vazio, era frio e todos os móveis estavam guardados. Eles estacionaram do lado de fora a unidade móvel de gravação dos Rolling Stones, puxaram alguns fios, instalaram confortavelmente seus instrumentos nos corredores do hotel e começaram a ensaiar. O resultado é que até hoje todos os shows do Deep Purple contêm ao menos quatro das sete músicas do disco Machine Head, lançado em 1972.

Capa do sexto álbum de estúdio, lançado em 1972.

Curiosidades sobre o álbum Machine Head:


• A canção “Never Before” foi concebida para ser o single principal do álbum, porém não teve êxito comercial e continua sendo uma das mais esquecidas.

• Curiosamente, os integrantes da banda não esperavam que “Smoke On The Water” seria a canção mais famosa do álbum e que se tornaria uma das músicas mais conhecidas do rock até hoje.

• “When a Blind Man Cries”, canção aclamada pelos fãs e muito presente nas apresentações ao vivo, acabou não sendo lançada no álbum original, simplesmente porque Ritchie Blackmore não gostava da música.

• Todo o material do disco foi feito ao vivo, sem o uso de overdubs e o que foi ouvido depois não foi retocado.

A famosa foto da ''fumaça sobre a água", no incêndio do cassino em Montreaux.

A história inteira da gravação é contada em poucas palavras na música "Smoke On The Water", a última a ser gravada no disco. Blackmore havia criado um riff que não fora usado, apelidado então de "durrh-durrh". Não havia letra. Então veio a ideia de escrever sobre o que acontecera na gravação do disco. Gillan afirma que eles estavam num bar quando Roger Glover escreveu num guardanapo o título da música (que significava "fumaça sobre a água", uma boa descrição da fotografia que um jornal publicou no dia seguinte ao incêndio). Glover diz que a expressão lhe surgiu em um sonho e que Gillan lhe respondeu: "não vai rolar; parece nome de música sobre drogas, mas nós somos uma banda que bebe". Nenhum deles apostava que passaria mais de trinta anos tocando "durrh-durrh" toda noite, tamanho o sucesso que a música alcançou. Apesar de ter sido gravada em dezembro, ela só entrou no setlist em 09 de março, num show na BBC. Essa primeira apresentação consta de In Concert 1970 – 1972.

Capa do sétimo álbum de estúdio da banda, produzido em 1972.

O ano de 1972 é movimentadíssimo, e nele o Deep Purple chegou pela primeira vez ao Japão, onde foi gravado seu mais famoso disco ao vivo, Made In Japan. Na Itália, o grupo também preparava a gravação de Who Do We Think We Are. O ritmo de trabalho da banda, porém, custou caro a eles. Por diversas vezes, membros do grupo ficaram doentes. O guitarrista Randy California chegou a substituir Blackmore em um show, e Roger Glover substituiu Gillan em outro. Os relacionamentos entre os membros, especialmente entre Gillan e Blackmore, também não iam bem. Em dezembro, Gillan entregou seu pedido de demissão, avisando que deixaria o grupo no final de junho de 1973, dando aos empresários e aos colegas seis meses para decidir o que fazer do grupo.

O álbum ao vivo, de 1972.

Tempo de mudanças

Em 29 de junho de 1973, na segunda viagem do grupo ao Japão e após um show impecável, em que Jon Lord incluiu o "Parabéns a Você" para Paice em seu solo de teclado (era o aniversário do baterista), Ian Gillan volta ao palco e avisa que seria o último show do Deep Purple com aquela formação. Durante o show, não havia nenhum outro sinal de desgaste. Em retrospecto, o silêncio de Gillan na hora de cantar o verso "no matter what we get out of this" ("não importa o que possamos tirar disso") em "Smoke On The Water" podia indicar que tudo o que ele poderia tirar daquilo já havia acabado. Glover também deixou o grupo, passando a se dedicar à produção, no departamento artístico da Purple Records, a gravadora do grupo.

O primeiro novo integrante recrutado para o Deep Purple, logo após o fim da fase II, foi o baixista Glenn Hughes, que cantava e tocava baixo no grupo Trapeze. A dupla habilidade empolgou Blackmore e Lord, mas ele não seria deixado sozinho nos vocais. O plano do Deep Purple era buscar a voz de Paul Rodgers (ex-Free, ex-Bad Company). Após um primeiro contato, ele pediu um tempo para pensar e decidiu continuar com sua banda na época, o então Free. Enquanto seguia a busca pelo novo vocalista, Blackmore e Hughes iam se conhecendo e tocando juntos. O que se tornaria o blues "Mistreated", sem a letra, foi composto nessa época.


A hipótese de tocar o grupo com apenas quatro membros foi cogitada, mas a ideia de ter dois vocalistas falou mais alto. Com essa ideia nas ruas, os empresários do Deep Purple não paravam de receber fitas de novos artistas. Uma delas fora enviada por um rapaz de vinte e um anos, que cantava desde os quinze anos: David Coverdale. Sua banda e o Deep Purple já haviam cruzado caminhos em novembro de 1969, num show na Universidade de Bradford, quando Gillan e Glover haviam acabado de entrar para o Deep Purple. O teste de Coverdale ocorreu em agosto de 1973. Durante seis horas, eles tocaram material do Deep Purple e canções mais conhecidas, como "Long Tall Sally" e "Yesterday". Quando Coverdale foi para casa, o restante do Deep Purple saiu para beber e decidiu: era o gordinho mesmo (nos meses seguintes, os empresários da banda lhe dariam alguns remédios para afinar a aparência).


Em 09 de setembro, o novo grupo se trancou por duas semanas no Castelo de Clearwell para compor. Empolgadíssimo, Coverdale (cuja experiência de palco era apenas com a gravação de demos) escreveu quatro letras diferentes para a música que seria "Burn". Uma delas se chamava "The Road". No dia 23, um dia depois de Coverdale completar vinte e dois anos, a fase III foi apresentada à imprensa inglesa. Em novembro, foi gravado o disco Burn, novamente em Montreux, com a mesma unidade móvel dos Rolling Stones com que foi gravado Machine Head. A nova equipe estrearia no palco em 08 de dezembro, na Dinamarca. Era a estreia da fase III do Deep Purple. O disco só sairia em 1974.

Capa do oitavo álbum de estúdio da banda, produzido em 1973.

O som da nova formação era marcado pela maior velocidade e técnica de Blackmore na guitarra e pela tensão entre os dois cantores. No estúdio, os duetos eram perfeitos. No palco, Hughes punha a trabalhar toda a potência de seus pulmões sempre que podia, muitas vezes chegando a intimidar Coverdale. O baixista e cantor também acrescentou à receita do Deep Purple uma boa pitada de tempero de soul e funk (que Blackmore aceitou inicialmente a contragosto) por entender que apesar de este estilo estar nas paradas de sucesso da época, não fazia parte, até então, dos elementos constitutivos do som do Deep Purple.

Em 06 de abril de 1974, o grupo se apresentou na Califórnia, Estados Unidos, para uma plateia de duzentos mil pessoas. Era o festival California Jam, que duraria doze horas e seria liderado pelo Deep Purple. O show, e particularmente o mau humor de Blackmore com o fato de ter de começar a tocar antes do anoitecer com câmeras em cima do palco, ficou famoso por ser explosivo: o guitarrista destruiu uma câmera em funcionamento com sua guitarra e, não contente, explodiu um amplificador. A silhueta do guitarrista em frente às chamas do amplificador é uma das cenas mais poderosas de toda a iconografia do rock.

Ritchie Blackmore explode seu amplificador no festival California Jam, em 1974.

Trinta anos depois, Josh White, diretor de filmagens do evento, lembrou de como ele pode tê-lo induzido a isso: "Eu falei com ele na noite anterior. O Deep Purple fez um ensaio técnico, e eu perguntei se ele ia quebrar a guitarra dele. E Richie disse: 'sim, talvez. Sei lá, que merda'. Ele estava meio puto com várias coisas que não tinham nada a ver comigo. E eu disse: 'Veja, se você for quebrar a guitarra, privilegie a câmera. Vou fazer uma bela filmagem e vai ficar genial'. E ele privilegiou bem a câmera, gerando US$ 8 mil de prejuízo."

Capa do nono álbum de estúdio da banda, produzido em 1974.

A terceira formação do Deep Purple acabaria um ano depois de California Jam, em 07 de abril de 1975, uma semana antes de Blackmore completar trinta anos de idade. Era a turnê de lançamento do disco Stormbringer na Europa. Com ainda mais balanço soul/funk, o disco desagradou bastante a Blackmore. Ele já tinha algumas ideias na cabeça, e ao sair já tinha uma nova banda formada: o Rainbow. Restava ao grupo o dilema entre continuar sem Blackmore, o criador de todos os riffs que tornaram o Deep Purple famoso, ou partir para outra, aproveitando que o grupo era um dos mais lucrativos de toda a história do rock.

Capa do décimo álbum da banda, produzido em 1975.

Decidiram continuar, convidando o guitarrista Tommy Bolin, o primeiro norte-americano a fazer parte do grupo. Com essa formação (fase IV), gravam o disco Come Taste The Band, ainda mais suingado. A turnê é complicada, um tanto devido aos problemas de Bolin e Hughes com drogas. Em vários shows, como o registrado em Last Concert In Japan, Bolin não conseguia tocar porque seu braço estava anestesiado de drogas. Garotos talentosos, de vinte e poucos anos, ao entrar em uma máquina de fazer dinheiro na indústria do entretenimento, correm o sério risco de perderem o senso de proporção. Foi o que ocorreu na época.

Capa do álbum ao vivo na Ásia, produzido em 1977.

Bolin tinha dois agravantes: insegurança e baixa auto-estima. Tudo isso apesar de ter gravado belíssimos discos solo, ser considerado um gênio da guitarra e ter tocado com magos do jazz como o baterista Billy Cobham. Bolin não suportava ser comparado pelos fãs aos carismáticos antecessores que teve em grandes grupos de rock. O Deep Purple era a segunda vez em que ele substituía um grande guitarrista. Anteriormente, havia tocado na James Gang. No Deep Purple, ele chegou a discutir com a plateia por algumas vezes, durante apresentações.

Bem galera que está curtindo a história do Deep Purple. Como sempre comento em carreiras que são sucesso, “nem tudo são rosas e perfumes”, ou seja, o sucesso é apenas um lado da moeda. Existe a parte tensa da convivência dos integrantes, as discórdias, as desavenças, as doenças. E garanto a vocês, eles são apenas seres humanos tentando conviver em um mundo que cobra um preço alto para quem está sobre os holofotes.

Fiquem com mais de Deep Purple em:
























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