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sábado, 21 de outubro de 2017

NENHUM DE NÓS - POP ROCK DO SUL


Salve galera que está curtindo o Blog Opinião do Véio! Eu relembro muita coisa boa comentando sobre essas bandas do meu estado. Esta, por exemplo, deveria estar na coletânea Rock Grande do Sul, afinal, um disco com doze faixas não seria demais. O Nenhum de Nós foi contratado, coincidentemente, pela mesma gravadora, que deveria estar procurando por banda novas, com potencial para o sucesso.

Eu disse que relembro de coisas boas porque, como disse anteriormente, trabalhava em uma rádio FM em minha cidade e após terminar meu horário, lá pela uma hora da manhã, eu pegava minha maleta com os 70 LPs (contadinhos) e ia para onde a sonorização da qual eu fazia parte estava, para fazer o que eu conhecia muito bem: tocar música.

Vocês podem perceber que sou eclético nas minhas postagens e nas minhas preferências musicais. Como éramos oito pessoas para embalar estas festas de clubes ou ginásios, cada um escolhia um estilo de música. Sempre fui muito “antenado” no que tocava de sucesso em rádio, tanto AM quanto FM. Na nossa região, no ano de 1988/89, tínhamos AMs que tinham um repertório muito melhor que algumas FMs.

Então, o que escolhi? O dance pop que tocava na época. Modestamente, lancei muitas tendências da época como Roxette, Modern Talking, Desireless (“Voyage, Voyage”), O.M.D., Depeche Mode, Kon Kan, Erasure e outras grandes preciosidades.

Bem, voltando ao assunto pertinente, em um final de semana maravilhoso do ano de 1989, o meu colega me avisou que eu estava em um belo dilema: a sonorização estava realizando duas festas. Em uma cidade vizinha estávamos sonorizando outra vez Os Engenheiros do Hawaii e em minha cidade natal, o Nenhum de Nós.

Pensei muito pouco tempo, pois havia assistido ao show dos Engenheiros não fazia quatro meses e não conhecia o Nenhum de Nós ao vivo, somente tocava os LPs que tínhamos deles (o primeiro disco deles era da sonorização e eu tinha o Cardume).

No começo era um trio de amigos.

História

Nenhum de Nós é uma banda de rock brasileira, formada em 1986 na cidade de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, a banda foi formada pelos músicos Thedy Corrêa, Carlos Stein, Sady Homrich, Veco Marques e João Vicenti.

Sady Homrich e Carlos Stein se conheceram nos tempos da primeira série escolar, mais tarde, na 5º série, conhecem Thedy Corrêa. Na faculdade, Stein foi um dos fundadores do grupo Engenheiros do Hawaii. Depois de dois shows, saiu para formar uma banda com os amigos Thedy e Sady que, por sua vez, tinha um grupo de samba na faculdade, onde tocava percussão, chamado Grupo do Fadinho.

Depois virou um quarteto.

O início (1986 - 1987)

Após decidirem formar a banda, Sady começou a ter aulas de bateria. O local dos ensaios era a garagem da namorada de Thedy, e o grupo contava com uma bateria improvisada, uma caixa emprestada, um violão convertido fazendo a vez de contrabaixo e uma guitarra. Também ensaiavam quase todas as tardes no bar Bangalô, onde Sady trabalhava como músico.

O espetáculo de lançamento do trio com o nome Nenhum de Nós foi no mesmo bar, com um público de umas 80 pessoas entre amigos e parentes. Precisavam de um nome para a apresentação. Eles buscavam um nome que provocasse curiosidade e que denotasse algo em comum entre os três: nenhum de nós enxerga direito, nenhum de nós repetiu o ano na escola, nenhum de nós foi para o quartel... e o nome da banda acabou sendo este: Nenhum de Nós.

Após algum tempo, foram chamados para abrir um espetáculo do DeFalla na Sociedade de Amigos da Praia do Imbé (SAPI). Antônio Meira, produtor, gostou da música dos jovens e eles, então, assinaram com a BMG Ariola e gravaram seu primeiro álbum. O disco, homônimo, foi lançado em 1987 e vendeu 30.000 cópias.

Sucesso nacional (1988 - 1993)

O 1º disco do Nenhum de Nós, com o mesmo nome, foi lançado em 1987. A música que se destacou e consagrou a banda foi “Camila, Camila”, seu clássico absoluto, chegando ao 3° lugar na parada brasileira. Acredito que até hoje, algumas pessoas não entenderam direito a história da garota Camila, cantada repetidamente, pois foi a mais executada em rádios no ano de 1988/89.

Capa do primeiro disco, de 1987.

Na música, Camila é uma menina de 17 anos que sofre nas mãos de um “namorido” cruel. “E eu que tenho medo até de suas mãos, mas o ódio cega e você não percebe / E eu que tenho medo até do seu olhar, mas o ódio cega e você não percebe” ....”da vergonha do espelho, daquelas marcas / Havia algo de insano naqueles olhos / Os olhos que passavam o dia à me vigiar”. Mais tarde volto a falar de Camila.

Nesse disco vê-se claramente a influência da banda inglesa New Order, embalada pelo seu caldeirão de inspirações. Com sonoridade desde sempre original, o grupo já assumia a característica de compor músicas extensas e letras lógicas, onde tratavam temas sociais, relacionamento, viagem interior.

A última faixa do lado B, "Frio", traz uma participação especial bem interessante: Vitor Ramil por telefone. Esse disco não foi lançado em CD até hoje tornando-se uma raridade e objeto de desejo dos fãs mais novos. Vendeu mais de 30.000 cópias na época, mas não repercutiu na mídia antes do single ''Camila, Camila'' se tornar um sucesso.

O sucesso promoveu novos shows no Rio de Janeiro e em São Paulo e o lançamento do 2° álbum, Cardume, produzido por Reinaldo Barriga que foi lançado em março de 1989 e vendeu 250.000 cópias, garantindo à banda seu primeiro disco de ouro. Uma das participações especiais do disco é Renato Borghetti, com sua gaita-ponto na faixa “Fuga”. Coisa que uma banda de rock não havia feito até então.

Capa do álbum de 1989.

Lembram da Camila? Pois ela está de volta neste álbum. A música é a citada acima: “Fuga”. Pois é, a Camila conseguiu se livrar do crápula que a espancava e atormentava psicologicamente. “A garota se mandou’’ [...] “então adeus é mais que um pensamento...”. E no finalzinho da música, após o solo de Renato Borghetti, Thedy Corrêa sussurra: “A vergonha do espelho, daquelas marcas / Havia algo de insano naqueles olhos, a me vigiar”.

As guitarras pesam nesse disco, que tem ainda uma faixa em inglês. No álbum está incluída “Astronauta de Mármore”, versão da música “Starman” de David Bowie, que foi a música nacional mais tocada naquele ano. Por minha conta, indico também, a bela “Eu Caminhava” (a original, com dois finais), com sua energia, ritmo contagiante e crítica, assim como a faixa-título.

O ano de 1990 é marcado pela entrada do guitarrista Veco Marques. O 3° álbum da banda é lançado nesse mesmo ano, Extraño, com fortes influências da música gaúcha, com a participação de Luís Carlos Borges A canção “Extraño” ganha clipe de grande repercussão para época.

Capa do álbum de 1990.

A música “Sobre o Tempo” é incluída na trilha sonora da telenovela Barriga de Aluguel, da Rede Globo e ganha clipe especial do Fantástico (assim como “O Astronauta de Mármore”), alavancando as vendas do álbum, que chegou à 50.000 cópias vendidas. Em 1991, se apresentam no Rock in Rio II, no penúltimo dia do festival, marcando a entrada de João Vicenti como músico convidado.

Em junho do ano seguinte, é lançado o quarto álbum de estúdio da banda, também homônimo, com influências do pop da década de '70. O videoclipe de um dos singles do álbum, “Ao Meu Redor”, é eleito o melhor do Brasil pela votação do público na MTV e a banda vai para Los Angeles, representar o Brasil no MTV Video Music Awards 1992. Ainda neste álbum, está incluída uma versão da música “Sangue Latino” (do grupo Secos e Molhados) que ganhou uma versão dance que tocou nas rádios do país inteiro, outra versão para “Tente Outra Vez” de Raul Seixas  e também “Jornais”, que teve um clipe de muito sucesso no Top 20 Brasil, da MTV.

Capa do álbum de 1992.

Rescindido o contrato com a BMG, a banda começa um novo projeto e passa o ano de 1993 entre os shows da turnê do quarto álbum e a composição de um novo trabalho.

Fase independente (1994 - Presente) 

Em 1994, é lançado o primeiro álbum ao vivo do Nenhum de Nós, Acústico ao Vivo, gravado no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, em março de 94. Garantiu à banda seu segundo disco de ouro. Esse álbum foi relançado em CD, em 2012. A música “Diga à Ela” foi lançada como single do álbum e ganhou um videoclipe ao vivo de alta rotação na MTV. Foi um dos precursores do formato acústico para bandas de rock, que faria muito sucesso no Brasil nos anos seguintes.

Capa do álbum acústico, de 1994.

Em 1996, é lançado pela Velas o 5° disco da carreira da banda. É o primeiro em que João Vicenti é reconhecido como membro oficial da banda. Mundo Diablo conta com parcerias com Edgard Scandurra (Ira!), Herbert Vianna (Paralamas do Sucesso), Flavio Venturini (14 Bis) e Fito Paez. Em 1997, a banda se apresenta, dia 1º de fevereiro, no festival Planeta Atlântida, que naquele mesmo dia contou também com Skank. Enquanto isso, o clipe de “Vou Deixar Que Você Se Vá” fica em 1° lugar no Disk MTV.

Capa do álbum de 1996.

Em dezembro de 1998 sai Paz e Amor, produzido por Sacha Amback. O álbum tem influência do novo rock inglês e tem elementos de música eletrônica. As músicas, "Você Vai Lembrar de Mim" e "Paz e Amor" são as principais músicas desse álbum, atualmente as músicas possuem milhões de acesso no Youtube apesar de na época o álbum não tenha atingido o disco de ouro.

Capa do álbum de 1998.

No início de 2000, sai o álbum Onde Você Estava em 93?, que foi gravado em 1993, mas só foi lançado pela ACIT em 2000, pois a BMG havia rejeitado-o por ser 'não-comercial'. 

Capa do álbum de 2000, gravado em 1993.

No dia 05 de Janeiro de 2001 é lançado Histórias Reais, Seres Imaginários, álbum muito bem recebido pelo público e que ainda garantiu um clipe para “Amanhã ou Depois”, música que ficou semanas nas paradas do Brasil inteiro e a música “Julho de 83” também fez bastante sucesso e marcou a volta da banda para palcos não-sulistas..

Capa do álbum de 2001.

Em 2003, é lançado o segundo álbum ao vivo da carreira da banda. Acústico ao Vivo 2 é o registro dos sucessos da banda, pela segunda vez, no Theatro São Pedro. Assim como o primeiro, vendeu 100.000 cópias, garantindo à banda seu terceiro disco de ouro.

Capa do álbum de 2003, ao vivo.

Em 2005, é lançado Pequeno Universo, com 11 músicas originais inéditas e 2 releituras, “Eu e Você Sempre” de autoria de Jorge Aragão e “Raquel” de Jorge Drexler. Produzido por Sacha Amback, o disco chegou às lojas no Inverno de 2005 e recebeu rapidamente a alcunha de "o melhor disco do Nenhum de Nós".

Capa do álbum de 2005.

Pequeno Universo flagra o Nenhum de Nós no auge da sua popularidade. Com o respaldo do disco de ouro alcançado no ano anterior, a banda teve liberdade total para produzir o seu primeiro disco de inéditas desde Histórias Reais, Seres Imaginários, de 2001.

Desta vez longe do circuito das grandes gravadoras e livre da responsabilidade de produzir hits lucrativos, Thedy Correa e companhia misturaram todas as suas influências, dos Beatles ao tango argentino, e produziram o disco que venceria naquele ano o Prêmio Açorianos de melhor disco pop.

Neste disco, o Nenhum de Nós se lançou como pioneiro na inclusão de faixas interativas em discos musicais. Como tentativa de burlar a pirataria, que havia impedido o disco anterior da banda de alcançar números ainda mais expressivos, o grupo inseriu imagens de making off e fotos exclusivas que só poderiam ser conferidas nas cópias originais do CD.

Capa do álbum de 2007, lançado pela Universal Music.

Em 2007 o Nenhum de Nós lançou A Céu Aberto, o terceiro álbum ao vivo e segundo DVD da banda que foi gravado e originalmente lançado pela Universal Music, e relançado pela Radar Records, em 2014 com Nova Capa.

Capa do álbum de 2014, relançado pela Radar Records.

Paz e Amor Acústico é o quarto álbum ao vivo do Nenhum de Nós. Foi lançado em 2009. O show registrado nesse álbum foi realizado no final do ano 2000, no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, durante a turnê de divulgação do álbum Paz e Amor. Portanto, traz o repertório baseado naquele disco além de alguns clássicos da banda e mais três faixas bônus, gravadas no estúdio.

Capa do álbum acústico de 2009.


O Nenhum de Nós sai de um hiato de seis anos sem novas composições para lançar Contos de Água e Fogo em 2011, álbum que conta a participação de Duca Leindecker e Leoni. O primeiro single foi “Outono Outubro”, lançado digitalmente pelo site da banda e o segundo (e principal) single foi “Último Beijo”, que ganhou um videoclipe. Destaco também a bela “Primavera no Coração”.


Capa do álbum de 2011.

Em 2012 o Nenhum de Nós lançou uma coletânea intitulada Outros com gravações de outros compositores, já que estas músicas estiveram presentes sempre em seus álbuns.


Capa da coletânea de 2012.

Em 2013, lançaram o CD e DVD Contos Acústicos de Água e Fogo durante a turnê que divulga o álbum Contos de Água e Fogo e que recebeu o “Prêmio Açorianos” 2013 pela Prefeitura de Porto Alegre.

Capa do álbum acústico de 2013.

Em 2015 a banda lançou o álbum Sempre é Hoje com 10 faixas novas que compõem o repertório e o que ouvimos aqui é tipicamente o som do Nenhum de Nós. A ótima “Milagres” abre o disco e esta é, sem dúvida, a melhor faixa do álbum, além de ter aquele som típico do grupo. “Descompasso” mantem o mesmo clima e parece trazer um pouco mais do som produzido na Inglaterra no início dos anos 80 e que certamente influenciou muito o grupo. 


Capa do álbum de 2015.

A balada “Foi Amor” traz a colaboração da cantora Roberta Campos que divide a composição e os vocais. Instrumental delicado, baseado no piano e com orquestrações bem-vindas. Sempre é Hoje é um disco com arranjos bonitos e nada simplistas. A produção permite que os instrumentos sejam identificados individualmente e assim podemos perceber as nuances das composições.
  
Em 2017 o Nenhum de Nós lançou o 18º álbum na sua já extensa discografia, entre discos de estúdio, acústicos, ao vivo e um trabalho de covers. Após demonstrar a força autoral no álbum de músicas inéditas em Sempre é Hoje, lançado há dois anos, o Nenhum de Nós lança disco ao vivo com o registro de show gravado no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, RS, em 2014, um ano antes da edição do álbum com repertório novo. A julgar pelo título, parece que o CD As + Pedidas Ao Vivo é coletânea de sucessos. Mas as 11 gravações ao vivo do disco são inéditas.

O álbum lançado em 2017, gravado ao vivo em 2014.
O título As + Pedidas Ao Vivo se refere ao concurso virtual feito pela banda na web. Escolhido através de enquete, o repertório do CD apresenta as 11 músicas mais votadas dentre as cerca de 80 sugeridas por admiradores do Nenhum de Nós. O resultado da votação foge da obviedade dos hits.

A novidade é que entre músicas pedidas como “Eu Caminhava” (1989), “Compaixão” (1992) e “Flores de Guadalajara” (1996), o grupo apresenta a música inédita, “Porto Alegre”, composta em tributo à cidade natal dos três integrantes fundadores do Nenhum de Nós. A música “Porto Alegre” está separada no disco As + Pedidas Ao Vivo como duas faixas-bônus. Uma traz o registro integral da música, já a outra toca versão editada para as rádios.

Com quase 31 anos de carreira, a banda já fez mais de 2000 shows e vendeu mais de 3,5 milhões de discos.


OBSERVAÇÃO & ADENDO: Esta postagem era para ser curta, mas me empolgo e vou pesquisando, de forma que o que era para ser em duas partes está em uma única. Obrigado e aproveitem!

Mais sobre Camila: “Essa canção foi inspirada em fatos reais, envolvendo uma jovem que nós conhecíamos na época, em 1985. Era uma colega de escola bastante bonita com um namorado violento. Ficávamos intrigados com os motivos que levavam uma garota assim a se submeter e ser maltratada por um rapaz tão estúpido. 

Ouvimos algumas histórias de situações constrangedoras que ela sofreu e essa foi nossa “faísca criadora” para uma canção que falasse da violência contra a mulher. Por isso os “olhos insanos”, a “vergonha do espelho naquelas marcas”, além da tristeza e indignação na melodia. Hoje, ela vive super bem, tem uma linda família e está bem longe desse antigo namorado… Ainda bem!

Quando escrevemos Camila, jamais esperávamos que fosse fazer tamanho sucesso – até mesmo pela temática complicada. Quando ela estourou, a questão se tornou uma constante em nossas entrevistas, e isso foi fantástico para que se abordasse o tema entre o público jovem. […]


De resto, assistimos estarrecidos ao avanço de estilos e temáticas que pouco têm ajudado na conscientização do problema. Basta ver gente achando graça quando algum funk se refere às garotas como cachorras, ou algum sertanejo fala em um amor que beira à violência. Isso é um retrocesso. Triste, mas é verdade…” (Thedy Corrêa)

Integrantes

Thedy Corrêa - Vocal, Violão, Baixo, Harmônica
Veco Marques - Guitarra Solo
Carlos Stein - Guitarra Base
Sady Homrich - Bateria
João Vicenti - Teclados, Gaita ,backing vocals

Hoje é um quinteto, com uma carreira sólida e sucesso.

Bem pessoal, por aqui encerro a história dessa banda, que contribuiu e sei que continuará contribuindo com grandes sucessos e fará a trilha sonora de muita gente.
Vocês podem dizer que gaúcho é muito convencido, muito “mala”. Nós mesmos, depois que saímos de nosso Estado natal, acabamos por admitir o quanto somos bairristas.
Mas não se trata de nos acharmos melhor que os outros, o que acontece é que temos orgulho de dizer que tradicionalmente temos músicas de raiz, torcemos ou para o Internacional ou para o Grêmio e que temos bandas muito legais por lá. Simples assim.


Ter orgulho de possuir algo que se torna sucesso no Brasil inteiro todo mundo pode ter. O pessoal do Norte têm seus sucessos, do Nordeste nem se fala, do Centro-Oeste já saiu muita coisa boa e o Sudeste é o eixo principal, com bandas excelentes na casa,
Então, nada mais justo do que celebrarmos o que temos de bom, saber que podemos contribuir para a cultura pop brasileira, mostrar nossos talentos e deixá-los invadir a cena musical que infelizmente, hoje, está tão pobre e massacrada. E VIVA A BOA MÚSICA!!!

Fiquem com mais de Nenhum de Nós em:





























































quarta-feira, 18 de outubro de 2017

ROCK GRANDE DO SUL - ENGENHEIROS DO HAWAII - TERCEIRA PARTE




Salve galera que está curtindo o Blog Opinião do Véio! Estou aqui para comentar a terceira e última parte da carreira desta banda gaúcha por natureza, brasileira de nascimento.

Todo mundo passa por uma fase em que tem que mudar, sejam os planos, seja de local ou mudanças internas (pessoal ou profissional). E não foi diferente para os Engenheiros, pois tiveram que se adaptar, ou com a saída de um integrante, ou com um novo tipo de sonoridade, uma nova visão comercial.




Nova fase (2000 – 2003)

Da turnê de ¡Tchau Radar!, surgiu o terceiro disco ao vivo da banda, e o décimo segundo de sua carreira: 10.000 Destinos. Novamente, Gessinger repassa o repertório consagrado da banda em novas versões divididas em um set acústico e um elétrico e conta com a participação de Paulo Ricardo, cantando "Rádio Pirata" do RPM, e do gaiteiro Renato Borghetti nas canções "Refrão de um Bolero" e "Toda Forma de Poder". Como faixas-bônus, gravadas em estúdio, acompanham as inéditas "Números" e "Novos Horizontes", além da regravação de "Quando o Carnaval Chegar", de Chico Buarque.

Capa do álbum ao vivo de 2000.

Alguns meses após a apresentação no Rock in Rio III (2001), Lúcio, Adal e Luciano saem da banda e montam outro grupo, Massa Crítica, mudando novamente a formação dos Engenheiros. Lúcio, Adal e Luciano são substituídos por Paulinho Galvão (guitarra), Bernardo Fonseca (baixo) e Gláucio Ayala (bateria). Gessinger volta a tocar guitarra, após 14 anos responsável pelo contrabaixo dos Engenheiros.

Com essa nova formação eles regravam algumas músicas da banda e lançam uma re-edição de seu último disco, agora intitulado 10.001 Destinos. Duplo, traz as mesmas faixas do disco precursor, e novas versões de estúdio das canções "Novos Horizontes", "Freud Flinstone", "Nunca Se Sabe", "Eu Que Não Amo Você", "A Perigo", "Concreto e Asfalto" e "Sem você".

Capa do álbum de 2001, também ao vivo.

Começava com esta formação, seguindo novamente o mercado musical (quando bandas mais pesadas começaram a ter mais espaço), de som mais limpo e pesado. Isso se confirma em 2002, com o lançamento do disco Surfando Karmas & DNA, disco que consolida a nova fase da banda, e que tem a participação especial do ex-Engenheiros Carlos Maltz na faixa "E-stória" (música feita com e-mails que ele trocou com Maltz depois de anos sem se falar)

São destaques do disco a faixa título e as canções "Terceira do Plural", "Esportes Radicais", "Ritos de Passagem" e "Nunca Mais". Há influência do punk rock e pop rock nas novas canções.

Capa do Álbum de 2002.

O disco seguinte, Dançando no Campo Minado, de 2003, mantém a regra: sonoridade muito similar ao seu antecessor com músicas curtas, guitarras pesadas e poesia crítica de Gessinger denunciando os males da globalização, da desilusão política e ideológica e da guerra, nas canções "Fusão a Frio", "Dançando no Campo Minado", "Dom Quixote" e "Segunda Feira Blues" (partes I e II, esta última novamente com a participação de Carlos Maltz), porém, convivendo com um certo otimismo na parte mais emotiva da vida. Emplaca nas rádios a faixa “Até o Fim”.

Capa do álbum de 2003.

Acústico MTV e Acústico II: Novos Horizontes (Turnês Acústicas) (2004 – 2008)

Para comemorar os vinte anos de banda, completados em 2005, os Engenheiros do Hawaii lançaram o CD e DVD Acústico MTV. O acústico tem as participações especiais dos músicos Humberto Barros (órgão Hammond) e Fernando Aranha (violões). Este último já havia feito uma participação especial no disco anterior.

Capa do álbum acústico comemorando 20 anos, de 2005.

O disco se diferencia dos demais por não trazer participações especiais, apenas "fraternais": Clara Gessinger, filha de Humberto, divide os vocais com o pai em “Pose” (executada com parte da letra cortada) e Carlos Maltz, co-fundador e ex-baterista dos Engenheiros, que canta junto com Gessinger em “Depois de Nós”, de sua autoria.

Além dos grandes sucessos, como “Infinita Highway”, “Somos Quem Podemos Ser” e “O Papa é Pop” e das composições recentes, como “Surfando Karmas & DNA” e “Até o Fim”, o disco traz as músicas “O Preço” e “Vida Real”, ambas do álbum Humberto Gessinger Trio.

Por fim, acrescentam-se ainda as músicas inéditas "Armas Químicas e Poemas" e "Outras Frequências". Durante a turnê do Acústico, Paulinho Galvão deixa a banda e seu posto é assumido por Fernando Aranha. Nos teclados, por sua vez, o jovem Pedro Augusto assume o lugar de Humberto Barros, que já fazia parte da banda de apoio do Kid Abelha.

O novo disco, Acústico II: Novos Horizontes, foi gravado nos dias 30 e 31 de maio de 2007, em São Paulo, no Citibank Hall, e foi lançado em agosto de 2007 com nove faixas inéditas, além de nove regravações. O disco quebrou a seqüencia de a cada 3 discos em estúdio, ser gravado um "ao vivo".

Capa do álbum acústico de 2007.
Também foi palco de novas experiências para Gessinger, como a viola caipira que usa em algumas músicas do álbum. Segundo ele, se tivesse que rever todas as obras dos Engenheiros do Hawaii, 'Novos Horizontes' é o que não mexeria em nada. Destaque maior para as faixas inéditas "Guantánamo", "Coração Blindado", "No Meio de Tudo, Você" e "Quebra-Cabeça".

No fim de 2007, o então baixista Bernardo Fonseca sai da banda e Humberto Gessinger assume o baixo. Desde então a banda voltou a utilizar guitarras em seus shows. No ano de 2008, após shows pelo Brasil inteiro, a banda termina a turnê acústica, começada em 23 de julho de 2004 com o lançamento do Acústico MTV.



ATIVIDADES INTERROMPIDAS

Junto com a turnê terminam, pelo menos temporariamente, as atividades d'os Engenheiros do Hawaii. O vocalista e líder da banda, Humberto Gessinger, declarou no site oficial da banda que os planos de retorno da banda são somente no ano de 2017.

Lembrando que já é a quinta vez que Gessinger adiou o retorno dos Engenheiros. Entre 2008 e 2012 Gessinger se dedicou ao Pouca Vogal, parceria com Duca Leindecker, vocalista do Cidadão Quem. Juntos eles cantavam novas baladas e grandes sucessos de suas bandas.

Capa de Insular, álbum solo de Humberto Gessinger.

Gessinger atualmente se dedica em sua carreira solo que começou em 2013 com o lançamento do CD Insular (com destaque para a parceria com Jota Quest "Tudo Está Parado"), e continuou com o CD/DVD Insular Ao Vivo em 2014.

No ano de 2016 ele começou uma nova turnê denominada "Louco Pra Ficar Legal" trecho da música: "Pra ficar legal" de 2002. Também lançou 5 livros: Meu Pequeno Gremista, Pra Ser Sincero - 123 Variações Sobre Um Mesmo Tema no final de 2009, Mapas do Acaso - 45 Variações Sobre Um Mesmo Tema em fevereiro de 2011, o livro Nas Entrelinhas do Horizonte em abril de 2012 e o livro Seis Segundos de Atenção em agosto de 2013.

Capa do DVD Insular ao Vivo, de 2014,

2017, 30 ANOS: A REVOLTA DOS DÂNDIS

No fim do ano de 2016 pairou no ar uma expectativa de uma reunião da tão aclamada formação clássica G,L&M, afinal, o disco mais cultuado pelos fãs e até mesmo pelo Humberto Gessinger, Augusto Licks e Carlos Maltz.

Licks é totalmente avesso a aparições públicas, mas desde 2015 criou um workshop intitulado "Do Quarto Para o Mundo", onde já visitou algumas capitais, mas a grande surpresa foi subir no palco da cantora Tsubasa Imamura para uma participação em "Pra Ser Sincero, Gessinger / Licks" mais de 20 anos depois do último show com os Engenheiros.

Augusto Licks, ex-integrante.

Já Carlos Maltz passou por um momento difícil no final de 2016, passou por um procedimento para tratar aneurisma na aorta, Gessinger ficou mantendo os fãs de Carlos atualizados com notas em seu perfil do Facebook e Twitter, um fato que quase passou despercebido. foi que Licks entrou em contato com o ex-companheiro de banda, até onde se sabe, foi a primeira vez que os dois se falaram desde a saída turbulenta de Licks dos Engenheiros, segundo o próprio Maltz foi uma das melhores coisas que lhe aconteceu neste momento tão difícil.

Carlos Maltz, ex-integrante.

Juntando tudo isso, rumores estariam levando para a tão aguardada reunião? Infelizmente não, é pouco provável que a marca Engenheiros do Hawaii volte a estar novamente em um show, seja com GL&M ou até mesmo com outra formação, até mesmo porque a carreira solo de Humberto Gessinger é super bem sucedida, sucesso de público e crítica, um dos poucos artistas que consegue se manter com um público fiel, e longe dos grandes holofotes da industria de hoje em dia.

INSPIRAÇÃO

Cabe aqui salientar que os Engenheiros do Hawaii também foram influenciados pelo filósofo existencialista francês Jean-Paul Sartre nas canções como “Infinita highway”. Por exemplo, essa música que mudou definitivamente a trajetória dos Engenheiros explicita trechos como “a dúvida é o preço da pureza”, uma frase da obra O Muro, de Sartre.

A “Infinita highway” permite induzir a presença de uma temática existencial. Além da citação de O Muro em “Infinita highway”, Sartre é mencionado em “Guardas da Fronteira” (“Acontece que eu não tenho escolha / Por isso mesmo é que eu sou livre / Não sou eu o mentiroso / Foi Sartre quem escreveu o livro”). O próprio Humberto Gessinger, líder da banda Engenheiros do Hawaii, afirma que "Infinita Highway" coloca sobre uma base musical progressiva reflexões existencialistas inspiradas por Sartre.

A formação clássica: Maltz, Guessinger & Licks.

O segundo disco da banda, A Revolta dos Dândis, um dos mais aclamados pela crítica nacional, também é o que mais deixa transparecer as preferências de Humberto por Sartre. Ao mesmo tempo, o grupo foi acusado de elitista e fascista devido ao conteúdo de suas letras. Em resposta, Gessinger afirmou que o povo brasileiro entende tanto de existencialismo como de boxe, sendo os dois produtos de consumo. Entre as faixas que mais nitidamente evidenciam a filosofia existencial estão: Infinita Highway, Terra de Gigantes, Refrão de Bolero e a faixa que dá nome ao álbum, A Revolta dos Dândis.

Assim, do mesmo modo estão presentes no trabalho dos Engenheiros do Hawaii a filosofia de Camus, Nietzsche e Sartre, a linguagem social dos livros de Ferreira Gullar, John Fante, Arthur Rimbaud e George Orwell, bem como os aspectos regionais e nacionais, característicos das obras de Moacyr Scliar, Carlos Drummond de Andrade e Josué Guimarães.

Quando surgiu a banda Engenheiros do Hawaii, Gessinger utilizou-se de um experimentalismo de sons herdados da Bossa-Nova, Jovem Guarda, Tropicalismo e do Rock Progressivo, do qual ainda traz como marca em suas composições o conceitualismo, isto é, um engajamento em torno de um tema.



FORMAÇÕES

Humberto Gessinger é o único integrante da fundação do grupo que conseguiu sobreviver a todas as mudanças de formação ocorridas durante toda a trajetória da banda.


ÚLTIMA FORMAÇÃO

Humberto Gessinger - voz, bandolim, viola caipira, baixo, guitarra 6 e XII, acordeon, midi pedalboard, talk box, harmônica, acordeón, violão e piano (1984-2008)

Gláucio Ayala - bateria, percussão e vocais (2001-2008)
Fernando Aranha - guitarra (2004-2008)
Pedro Augusto - teclados (2005-2008)

EX-INTEGRANTES

Carlos Stein - guitarra (1984-1985)
Marcelo Pitz - baixo e vocais (1984-1987)
Augusto Licks - guitarra, harmônica, violão, teclados e midi-pedalboard (1987-1994)
Carlos Maltz - bateria, percussão e vocais (1984-1996)
Ricardo Horn - guitarra e violão (1994-1996)
Fernando Deluqui - guitarra, violão e vocais (1995-1996)
Paolo Casarin - teclados e acordeom (1995-1996)
Luciano Granja - guitarra e violão (1996-2001)
Adal Fonseca - bateria e percussão (1996-1997 e 1998-2001)
Lúcio Dorfman - teclados e vocais (1997-2001)
Paulinho Galvão - guitarra e violão (2001-2005)
Bernardo Fonseca - baixo (2001-2008)



Bem pessoal, por aqui encerro a história dessa banda que, está em atividade suspensa, mas não há, ainda, uma remota possibilidade de retorno. Não como banda, mas Humberto Gessinger continua na ativa e podemos, quem sabe, ter uma esperança, por menor que seja, de que um dia teremos de volta a banda, seja com qual formação for.

Esperança de que nos tragam novidades e nos façam sentir aquela vibração com a qual nos deparávamos quando ouvíamos seus sucessos, suas melodias. Felizmente, sonhar não custa nada.


Continuem com mais dos Engenheiros do Hawaii em:

































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