Salve galera que está
curtindo o Blog Opinião do Véio! Sejam bem - vindos à segunda parte de minha
postagem sobre os Engenheiros do Hawaii. Como eles mesmos disseram com o título
do primeiro LP, estavam longe demais das capitais, ou seja, o eixo Rio - São Paulo,
onde estão as grandes gravadoras, as melhores oportunidades de se fazer grandes
apresentações, shows em estádios e grandes ginásios.
E foi o que eles fizeram,
Como se diz no Rio Grande do Sul, se mudaram “de mala e cuia”. Foram conquistar
o Brasil, pois é isso que uma banda com carreira em ascendência deve fazer.
MUDANÇA
PARA O RIO DE JANEIRO (1990
– 1993)
O disco seguinte, O
Papa é Pop, de 1990 consolida a mudança de sonoridade da banda. Puxados
pelo sucesso "Era um Garoto Que Como Eu, Amava os Beatles e os Rolling
Stones", regravação de uma velha canção do grupo Os Incríveis (por sua vez
versão da canção "C'era un ragazzo che come me amava i Beatles e i Rolling
Stones" de Gianni Morandi), e a faixa-título, o quinto disco dos Engenheiros
investe no som progressivo, calçado nos solos de guitarra de Licks e em uma
base mais eletrônica de teclados e bateria.
Capa do álbum de 1990. |
Gessinger passa a assumir
também o piano elétrico e começam a surgir as baladas de piano e voz da banda.
São dele as canções "Anoiteceu em Porto Alegre", "O Exército de
um Homem Só" (dividida em duas partes), "Pra Ser Sincero" e
"Perfeita Simetria" (versão alternativa da canção "O Papa é
Pop"). Em meio aos novos sucessos, uma antiga canção, "Refrão de
Bolero", oriunda do segundo disco, A Revolta dos Dândis, também era
bastante executada pelas rádios. Aclamados pelo público e massacrados pela
crítica, os Engenheiros do Hawaii consagram-se no Rock in Rio II, arrancando
elogios do jornal americano New York Times, apesar de ignorados pela Folha de
S. Paulo.
O Papa é Pop é
considerado o álbum mais vendido da banda, com mais de 400 mil cópias nos
primeiros anos. Com ele, os Engenheiros do Hawaii foram considerados a maior
banda de rock do Brasil de 1990 em votação promovida pela revista Bizz, em
reportagem da mesma revista meses depois e pela revista Veja.
O ano de 1991 marca o
lançamento do sexto disco, Várias Variáveis, que completa a
trilogia iniciada no segundo e terceiro discos da banda. Há redução dos efeitos
eletrônicos e a retomada de um som mais rock 'n' roll, mas não repete o mesmo
sucesso do anterior, mesmo tendo a canção "Herdeiro da Pampa Pobre",
regravação de um antigo sucesso de Gaúcho da Fronteira, bastante executada nas
rádios. Este é um dos discos que contém as melhores letras do grupo, porém, o
som não é o forte do álbum, sendo o mesmo questionado hoje até pelo próprio
Gessinger.
Capa do álbum de 1991. |
Pode-se dizer que foi um
disco seminal, pois canções como "Piano Bar", "Muros &
Grades" e "Ando Só", em regravações em outros discos,
estabeleceram-se como algumas das melhores da banda. No ano seguinte, 1992, é
lançado o sétimo disco, Gessinger, Licks & Maltz, ou
GLM, inspirado no famoso logotipo ELP de Emerson, Lake & Palmer. O som
continua mesclando elementos de MPB e rock progressivo, com destaque para as
canções "Ninguém = Ninguém", "A Conquista do Espaço",
"Pose (Anos 90)" e "Parabólica", canção que Gessinger fez
em homenagem a sua filha Clara, nascida em fevereiro do mesmo ano.
Capa do álbum de 1992. |
O oitavo disco dos
Engenheiros é o semi-acústico Filmes de Guerra, Canções de Amor,
de 1993, gravado ao vivo na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro. A banda
considerava este disco como acústico, pois condicionava tal formato à ausência
de bateria e às guitarras semi-acústicas. Na época não existia a febre de
acústicos gravados pelos grandes nomes nacionais, o que denota o caráter
visionário da banda.
Capa do álbum acústico de 1993. |
O disco foi gravado ao vivo por uma decisão da
banda de gravar um álbum ao vivo a cada três álbuns, uma ideia da banda Rush,
que faz o mesmo. Com guitarras acústicas, percussão, piano, acordeão e
participação da Orquestra Sinfônica Brasileira em três faixas, regida por
Wagner Tiso, as velhas canções – como "Muros e Grades", "O
Exército de um Homem Só" e "Crônica", e novas composições como
"Mapas do Acaso" e "Quanto Vale a Vida?", ganharam arranjos
que apontavam para o blues, a música tradicionalista e a erudita, ressaltando a
excelente qualidade das letras dos Engenheiros do Hawaii.
A banda chegou a participar,
ainda no mesmo ano, do festival Hollywood
Rock Brasil, junto com os brasileiros do Biquini Cavadão, De Falla, Dr. Sin
e Midnight Blues Band. Entretanto não foram bem recepcionados e receberam
muitas vaias. Eles se apresentaram no mesmo dia de L7 e Nirvana.
O ano de 1993 marca também a
primeira excursão dos Engenheiros pelo Japão e Estados Unidos. Porém, no final
deste mesmo ano, discussões e rixas internas acabaram por resultar na saída do
guitarrista Augusto Licks. Inicia-se uma longa disputa jurídica pela marca
"Engenheiros do Hawaii", tendo Gessinger e Maltz finalmente ficado
com o nome da banda.
TEMPOS
DETEMPESTADE E GESSINGER TRIO (1994 – 2000)
O passo seguinte foi
remontar os Engenheiros, com a entrada do guitarrista Ricardo Horn.
Posteriormente, também ingressam na banda: Paolo Casarin (acordeom e teclados)
e o guitarrista Fernando Deluqui (ex-RPM). Após dois anos sem gravar, os
Engenheiros lançam em 1995 o álbum Simples de Coração.
Capa do álbum de 1995. |
O som é mais pesado, com
climas regionais gaúchos dados pelo acordeão de Casarin. Destaque para as
canções "A Promessa", "A Perigo", "Lance de Dados",
"Ilex Paraguariensis" e "Simples de Coração". Havia ainda a
canção "O Castelo dos Destinos Cruzados", em que o baterista Maltz
assume os vocais. O disco Simples de Coração também teve uma
versão em inglês, que não chegou às vendas. Os fãs mais assíduos têm apenas as
MP3s.
Paralelamente às gravações
do Simples
de Coração, Gessinger monta o trio “33 de Espadas”, para tocar música instrumental. Ao fim da turnê de Simples
de Coração, a banda passou por uma grave crise, pois a formação
"quinteto" era temporária.
O trio 33 de Espadas. |
Longe do sucesso de outros tempos, os
Engenheiros começam a pensar em seguir outros caminhos. O "33 de Espadas" faz sua estréia já
com a formação que viria se chamar "Humberto Gessinger Trio", tendo
Luciano Granja na guitarra e Adal Fonseca na bateria.
O grupo lançou o disco,
também intitulado Humberto Gessinger Trio (HG3), em 1996. O clima enxuto do
disco, basicamente com bateria, baixo e guitarra, lembra os primeiros trabalhos
de Gessinger, como exemplificam as canções "Vida Real", "Freud
Flintstone", "De Fé" e "O Preço". Paralelo a esse
fato, Carlos Maltz envolve-se numa trilha mística e resolve abandonar os
Engenheiros. A partir daí, o baterista monta o grupo A Irmandade. Durante a
turnê do Humberto Gessinger Trio, há uma constante troca de nome das bandas. Os
shows que deveriam ser anunciados como HG3 ainda eram apresentados como
Engenheiros do Hawaii.
Capa ampliada do álbum de 1996. |
A verdade é que para um
produtor anunciar um show dos Engenheiros do Hawaii, banda nacionalmente
conhecida era muito mais fácil e rentável que apresentar como Humberto
Gessinger Trio, nome absolutamente desconhecido. Reconhecendo que era inviável
seguir com o nome da nova banda, Gessinger volta a admitir-se como um
Engenheiro do Hawaii. Para que haja alguma diferença entre o HG3 e o "novo"
Engenheiros do Hawaii, ele convida Lúcio Dorfmann a assumir os teclados do
grupo, configurando um novo som ao grupo, bem próximo ao pop que predominava no
mercado musical da época.
O disco Minuano, de 1997, marca a
volta dos Engenheiros do Hawaii com este nome. O álbum mescla influências
regionalistas, tecnologia e que conta com arranjos de violino que lembram o
folk, tornam este o disco mais leve e com a sonoridade mais vaga da banda.
Emplaca o sucesso "A Montanha", além de outras belas canções como
"Nuvem", "Faz Parte" e "Alucinação", uma cover
para uma antiga canção de Belchior.
Capa do álbum de 1997, com a estátua do Laçador. |
O disco ainda marcou a saída
dos Engenheiros do Hawaii da BMG. A saída se deu com o lançamento de um box em
formato de lata, intitulado Infinita Highway, contendo o
relançamento de todos os dez discos da banda até então. Todos foram
remasterizados, com exceção dos dois últimos (Simples de Coração e Minuano
foram gravados já para o formato CD).
¡Tchau Radar!,
de 1999, marca a entrada dos Engenheiros para a Universal Music Group e exibe
uma maior maturidade do grupo, onde as influências musicais da banda ficam mais
evidentes (folk rock, rock 'n roll dos anos 60, rock progressivo e MPB) com
belas composições de Gessinger, como "Eu Que Não Amo Você",
"Seguir Viagem" e "3 X 4" além de duas covers: "Negro
Amor" ("It's All Over Now Baby Blue", de Bob Dylan) e
"Cruzada" (de Tavinho Moura e Marcio Borges), esta contando com
arranjos de orquestra, como é comum em várias faixas do álbum.
Capa do álbum de 1999. |
Bem galera, por aqui encerro
esta segunda parte da história dos Engenheiros do Hawaii. Quando uma banda é
amada pelo seu público e odiada pelos críticos, o que acontece é o seguinte: muito
falatório, tentando explicar o inexplicável, ladainhas que não acabam mais por
parte de críticos que gostariam de elaborar uma obra musical, mas nem sempre
conseguem. Eu cito uma frase da música do primeiro LP dos Engenheiros, “Toda
Forma de Poder”, direcionada diretamente aos críticos de plantão (Não me odeiem por isso!): “Eu presto
atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada...”
Por outro lado, os
apreciadores e consumidores que gostam da banda, se fartam comprando os
produtos que adoram e curtem com prazer. Agora lembrei de um amigo que era (sim, ele já fez a passagem!) um grande
admirador dos Engenheiros do Hawaii. Para ele, muito do que está nas letras dos
Engenheiros, tem sentido sim, e quem tem experiência, sabe que muito do que ali
está escrito, faz sim, parte da vida do ser humano. Ouçam sem moderação!!
Fiquem com mais dos
Engenheiros do Hawaii em:
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