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sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Faith No More

Salve galera, sejam bem vindos ao Blog do Véio. Vou co-mentar agora, sobre uma banda que me chamou muita aten-ção quando lançou seu terceiro disco (já que os outros eram totalmente desconhecidos para mim) no final da década de 80, em 1989.

Seu estilo, que vou comentar daqui há pouco, misturou ritmos que ainda não os tinha ouvido junto ao rock, fato que aguçou interesse dos amantes do hip hop, do próprio rock e até aqueles que torciam o nariz para bandas roqueiras.

O INÍCIO DE TUDO

Formada na cidade de São Francisco, estado da Califor-nia, no ano de 1982, feito a Fênix, surgida das cinzas do Faith No Man (Sem Fé no ''Cara''), quando Roddy Bottum, Mike Bordin e Billy Gould decidiram ''se livrar'' do líder (no caso, o ''Cara'') e ao invés de demití-lo, prefe-riram formar uma nova banda. Por sugestão de um amigo, o nome es-colhido foi Faith No More, já que Fé (no ''Cara) Jamais, ou seja, ele jamais faria parte da nova banda.

Diversos músicos ocuparam a vaga de vocalista nesta fase, inclusive a namorada de um dos integrantes, uma ''tal'' de Courtney Love (que depois viria a ser a vocalista da banda Hole e viúva de Kurt Cobain, do Nirvana). Na época, Courtney teria implorado para entrar na banda, sendo expulsa depois de alguns shows, pois, disse ela: ''Eles queriam uma banda só de machos''.

Até que os integran-tes encontraram um vocalista, mas este participaria somen-te dos dois primei-ros discos da banda: We Care a Lot, de 1985 e Introduce Yourself, de 1987. 

Chuck Mosley (esse é o nome do voca-lista dos dois primeiros discos) foi demitido  em 1988 e os motivos da saída geram discussões entre os fãs da banda, até hoje. 

A versão oficial é de que Chuck foi mandado embora por ser alcoólatra e ter causado problemas em alguns shows da banda. Mas alguns acreditam que o real motivo da demissão seja pelo fato de que Mosley seria um vocalista limitado.

O nome que veio em mente logo após a saída de Mosley, foi o de um músico que tinha (e ainda tem) uma banda chamada Mr. Bungle e se utiliza da maior variedade de estilos e técnicas vocais. Quando se apresenta ao vivo, esse músico músico apresenta passa-gens de falsettos, vozes guturais (técnica vocal que produz um som rouco, grave ou profundo, usando muito o diafragma) entre tantos outros.

Ladies and gentlemen, é claro que estou falando do vocalista (vocês já sabiam!) Michael Allan Patton. Mike Patton, para os fãs da banda. Devido ao seu talento, Mike é referido, muitas vezes, como Mr. 1000 Voices (Senhor das Mil Vozes).

Em pouco tempo, Mike se tornou o líder e o símbolo do grupo. Assim começou uma das maiores bandas da história do rock, uma das poucas bandas que que poderia ter misturado heavy metal com funk e rap, além do uso incessante de um tecladista. Suas letras falam de sarcasmo, ironia ou, simplesmente, do amor, pois eles não seguem um padrão.

Quando Mike en-trou para a banda, faltavam poucas semanas para o Faith No More entrar para o estú-dio gravar, aquele que seria o álbum divisor de águas em sua carreira. E foi um estrondoso (diria até, ruidoso) sucesso chamado The Real Thing, lançado em 1989, como já disse. O sucesso foi tanto que até integrantes do Metallica e do Guns N' Roses nomearam o Faith No More entre suas bandas de rock favoritas.

THE REAL THING - O AUGE

Todo esse apogeu aconteceu depois que ''Epic'', com seu arranjo grandioso, vocal hip hop e refrão grudento começou a tocar nas rádios e MTV e aí não teve quem não se rendesse ao hit. A música faz jus ao título, realmente é um ''épico'' e somado ao carisma de Mike, transformaram a banda em um grande sucesso comercial. 

Logo em seguida vieram ''Falling To Pieces'' e ''From Out To Nowhere'', fazendo com que The Real Thing recebesse o disco de platina e chegasse ao décimo primeiro lugar na parada, atingindo a marca de um milhão de cópias vendidas nos Estados Unidos.

Curiosamente falando, a banda fez um sucesso maior fora dos Estados Unidos, por exemplo no Brasil, onde a MTV estava dando seus primeiros passos em 1990 e o Faith No More foi uma das estrelas reveladas naquele ano.

A popularidade conquistada no Brasil pela banda, impressionou seus próprios integrantes. O Faith No More (a partir de agora FNM) tocou para o Maracanã lotado em 1991, durante o Rock In Rio 2, iniciando o que podemos chamar de um verdadeiro culto à banda em terras brasileiras. Devido ao enorme sucesso, eles retornaram naquele mesmo ano para fazer uma mini-turnê pelo Brasil.

O FNM tem como uma das características nas apresentações ao vivo, o hábito de fazer covers que não tem nada a ver com o estilo da banda. Antes do sucesso, o FNM tocava ''Pump Up The Jam'' do Technotronic, só para enfernizar suas platéias. A banda incluiu no disco The Real Thing, uma cover de ''War Pigs'' do Black Sabbath, quando a popularidade do Sabbath era quase zero. Só que o que era para ser só uma zoação, acabou por atrair a atenção e o respeito do público do heavy metal, daí, a banda substituiu ''War Pigs'' do repertório ao vivo, pela melosa balada ''Easy'' do grupo The Commodores.

ANGEL DUST - AS MUDANÇAS

Após dois anos fazendo turnê, já era hora de pensar no próximo disco e, digam os boatos, que as gravações não foram fáceis. Jim Martin, o guitarrista da banda, não estava nem um pouco satisfeito com o rumo que a sonoridade da banda havia tomado. Dizem que ele pouco participou das composições , limitando-se a enviar pelo correio as bases de guitarras aos outros integrantes. Dizem também, que Billy Gould tinha que fazer a parte da guitarra, com exceção de ''Jizzlobber'' onde a guitarra foi tocada por Jim.

Em 1992, em meio à grandes expec-tativas, foi lançado Angel Dust, disco este que apontava para outras dire-ções. Nada daquele estilo funk metal, com sonoridades inusitadas, longe de um hit pegajoso como ''Epic''.

Angel Dust, na verdade, descarta-va o estilo do disco anterior. Estava recheado de temas mais mórbidos e sombrios, e foi feito para chocar aque-les fãs temporários que a banda havia conquistado. Ao contrário do The Real Thing, Mike Patton pôde exercitar o experimentalismo e o gosto pelo bizarro que marcou seu trabalho no Mr. Bungle, participando de todo o processo criativo de Angel Dust.

Neste disco percebe-se a maturidade musical da banda, mostrando o quanto ela havia evoluído, incorporando elementos eletrônicos e teclados mais climáticos, criando até uma atmosfera cinematográfica para algumas músicas.

Quando foi lançado o primeiro single ''Midlife Crisis'' e a MTV tocou regular-mente (as rádios também), foi aí que se notou a diferença da banda. Os videoclipes colo-ridos deram lugar a videos sombrios e que faziam questão de negar o lado ''sex simbol'' que Mike Patton possuía na época. A crítica norte americana não mostrou muito entusiasmo e o disco acabou não tendo a mesma repercussão de The Real Thing.

O interessante é que, se em casa o FNM não emplacou, nos demais países sua fama continuava enorme e seu lugar de prestígio nas paradas de sucesso era garantido pelos singles de ''Midlife Crisis'' e ''A Small Victory''.

Uma curiosidade desse disco é que o terceiro single lançado foi de uma canção que não estava nesse album. ''Easy'', a cover dos Commodores que a banda tocava ao vivo durante anos e que, finalmente ganhou uma versão de estúdio. Logo após ''Easy'' ter saído em single, foi imediatamente adicionada ao disco, nas prensagens que se sucederam. A musica chegou a fazer parte da trilha sonora da novela Mulheres de Areia, da Rede Globo.
Angel Dust não teve o mesmo desempenho e sucesso que The Real Thing, mas além de ter ficado muito popular na Europa e na Austrália, o disco vendeu o suficiente para ganhar disco de ouro nos Estados Unidos.

Ao invés de apro-veitar a oportuni-dade de consolidar a banda com os novos fãs, o FNM usou de seu tempo para provocar a plateia, atirando garrafas, insultando e sacaneando o público, ocasionando uma grande repulsão por parte dos fãs de plantão, que até pouco veneravam o grupo e agora não conseguiam entender o sarcasmo e o não-comercialismo da nova fase. Por outro lado, os fãs que seguiram em frente, tornaram-se verdadeiros cultuadores do álbum e da banda.

Aquilo que já estava escrito, aconteceu: Jim Martin havia demonstrado insatisfação com o rumo que a banda tomou em relação à sonoridade e, terminada a turnê de Angel Dust, os integrantes restante da banda, decidiram que Jim deveria sair, pois concordavam que ele já não demonstrava mais entusiasmo e, em novembro de 1993, ele foi afastado. O FNM nunca mais seria o mesmo.

KING FOR A DAY... FOOL FOR A LIFETIME - AS DIFICULDADES

Após a saída de Jim Martin, o FNM não conseguia encontrar um guitarrista à altura do cargo e somado á vontade cada vez maior de Mike explorar outros projetos, trouxe uma grande desunião entre eles, principalmente no que dizia aos rumos que deveriam tomar. 

Quando lançado, o álbum King For a Day ... Fool For a Lifetime, foi bem recebido por muitos fãs e não fãs, mas chegou de mansinho, com bem menos atenção que o anterior recebera. O guitarrista era Trey Spruance, colega de Mike no Mr. Bungle e o álbum apostava em sonoridades mais cruas e menos elaboradas. Mais tarde, alegando dificuldades em se adaptar ao grupo, Trey recusou o convite para participar da turnê para divulgar King For a Day... Fool For a Lifetime. Então, o FNM escala o roadie de teclados Dean Menta para tocar guitarras nos shows dessa turnê.

Andy Wallace pro-duziu um disco onde encarregou-se de aplicar sua mão pesada e distorcer ao máximo os acordes, dispen-sando os teclados nas músicas. Ape-sar de ter sido reconhecido com uma certa ''simpa-tia'', o álbum não empolgou da mes-ma maneira que os anteriores e passou despercebido pelo público, ocasionan-do o cancelamento da turnê européia pela metade.

Os integrantes do FNM estavam mais empolgados com seus projetos paralelos e os rumores sobre um possível fim da banda tomavam proporções maiores. Billy Gould resolveu ''segurar a peteca'' e, num período conturbado de entressafra, tornou-se o único integrante disposto a erguer a bandeira do quarteto em meio a rumores fortes (Não! Fortíssimos!) de uma inevitável dissolução da banda. Partiu dele a iniciativa de convidar para assumir as guitarras para o disco novo, seu amigo Jon Hudson, da banda System Collapse. 

Curiosidade: neste álbum existe uma música com o nome em português, cha-mada ''Caralho Voa-dor'', onde Mike pronuncia algumas frases que o brasi-leiro pode entender muito bem. Ela tem uma levada meio bossa nova com soft rock. Pergun-tado porque esse nome, a banda respondeu que a sonoridade do nome em português era tão boa quanto em inglês.


ALBUM OF THE YEAR - O COMEÇO DO FIM

Talvez por razões contratuais, talvez por influência de Gould, o FNM entrou em estúdio novamente e gravou o que viria a ser seu último disco: Album Of The Year. Embora a banda tentasse fazer algo que lembrasse as músicas dos álbuns anteriores, tornou-se evidente o espírito de desunião e indiferença musical, levando muitos fãs a apostar no fim, tão falado, do FNM.

Os integrantes gra-varam o Album Of The Year burocra-ticamente (para não dizer que não o tinham feito), já que o foco estava em seus trabalhos pa-ralelos. O resultado final foi uma colcha de retalhos com músicas pouco inspiradas, e sem um fio condutor entre si.

Claro que isso afetou na recepção do disco. Album Of The Year teve recepção fria, sen-do praticamente ignorado pela mídia, algo oposto aos anos dourados da banda. Um fato interessante aconteceu justamente nos últimos meses do FNM: os integrantes demonstraram um grande empenho em suas apresentações ao vivo, onde os membros passaram a apresentar o que muitos defendem como os melhores shows de sua carreira.

Misturando músicas novas com hits  e material antigo, passaram a atrair uma gama impressionante de fãs para as casas de shows européias e australianas. Mike estava no auge do seu talento vocal e a banda mais experiente. O FNM se apresentava, literalmente vestindo roupa de gala.

Mas os problemas citados acima, se agravavam de uma forma que tornou-se insuportável a continuidade da banda e, através de um e-mail, Billy Gould, ao final de uma turnê européia, anunciou o que todos já esperavam. Dali para a frente, cada um tomou seu rumo, cuidando na íntegra seus projetos.

O grande foco ficou para Mike Patton que, vejam só, justificou o fim do FNM, dando aos fãs um motivo para acreditar que a banda devia sim, chegar ao final. Mike continuou com suas participações junto a outros artistas inusitados e produziu projetos de qualidade em quantidade suficiente em pouquíssimo tempo.

Mike criou uma gravadora própria para a criação de seus projetos e outros artistas de seu interesse. O sucesso de sua gravadora foi indiscutível, ajudado pelos órfãos do FNM, mostrando ao mundo o quanto Mike era um gênio criador, além de saber como adotar os fãs que lamentavam o final da banda.

AS VOLTAS E SOL INVICTUS

Depois de tudo o que ocorreu, a banda já ensaiou sua volta três vezes: a primeira em maio de 2009, com shows marcados na Europa, e no Brasil (Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte) em novembro de 2009. Em 2010 anunciaram o fim definitivo da banda, fazendo três apresentações no Chile.

Em 2011 o grupo confirmou presença no festival de música SWU, em novembro, onde tocaram a inédita ''Matador''. 

Após um período de incertezas, a banda divulgou uma men-sagem animadora, porém enigmática que dizia: ''A reunião foi ótima, porém é chegado o tempo de sermos mais criativos''.

Foi quase um suspense, que não durou muito, pois a banda anunciou pouco tempo depois, as datas de lançamento do single ''Motherfucker'', uma das músicas novas, que já eram tocadas nos shows, e do novo álbum, Sol Invictus que foi lançado em maio de 2015 e além da música ''Matador'' que eles já tocavam desde 2011, o terceiro single foi ''Superhero'' e o quarto ''Sunny Side Up'' (muito legal o clipe, onde os ''velhinhos'' ficam ensandecidos).

O LEGADO DO FNM

O legado que o FNM deixou é indiscutível, pois influenciou dezenas de artistas da atualidade, sendo muito fácil encontrar músicos que referenciam os discos do FNM como melhores da década de 90.

Vale lembrar, também, que a banda desafiou o sucesso comercial fácil, teve altos e baixos, onde, de um lado estava o sucesso estrondoso e, de outro, o fracasso que levou até a suspensão de uma turnê européia.

Recentemente o Faith No More esteve no Brasil e foi entrevistado em um programa de televisão, onde Mike conversou com o apresenta-dor, em portunhol e disse que teve que treinar muito, para poder cantar a música ''Evidence'' em português. Eles se apresentaram, em setembro de 2015 em São Paulo e no Rock In Rio.

Se eu já gostava da banda antes, agora que vejo a admiração e a relação com o público brasileiro, ganhou maior respeito e admiração de minha parte. Bem, galera, o que eu tinha para comentar sobre o Faith No More era isso. Muito obrigado por mais essa visualização e até a próxima postagem, onde comentarei sobre o The Bubbles / A Bolha, uma banda formada em 1965 e que foi muito importante para o rock brasileiro. Se ficaram curiosos, visualizem minha próxima postagem.

Autor: Carlos Alberto de L. Anchieta

Veja mais sobre o Faith No More em:






























































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