Salve galera que curte o
Blog Opinião do Véio! Estou aqui para comentar sobre uma das bandas mais
alegres e criativas que surgiu no início dos anos 80, auge do pop rock Brasil.
Ultraje a Rigor se firmou no
cenário musical brasileiro, graças a sua bem humorada visão sobre assuntos
sérios e recorrentes. Também se destacou por sua linguagem descontraída, com
seu jeito moleque de ser e retratar assuntos tão comuns à adolescência/juventude.
Ultraje
a Rigor
Ultraje
a Rigor, banda brasileira de rock, criada no início da década de
1980 em São Paulo. Idealizada por Roger Moreira (voz e guitarra base), obteve
sucesso em 1983 no Brasil, devido as canções "Inútil" e "Mim
Quer Tocar". Em 1985 a banda ficou nacionalmente conhecida pelo álbum Nós
Vamos Invadir Sua Praia que trouxe o primeiro disco de ouro e platina
para o rock nacional. O mesmo álbum, mais tarde, acabou sendo consagrado como o
"melhor álbum de rock nacional" pela Revista MTV, em dezembro de
2008.
A banda é um grande marco no
cenário do rock nacional. Sua formação inicial era Roger, Leonardo Galasso
(bateria, mais conhecido como Leôspa), Sílvio (baixo) e Edgard Scandurra
(guitarra solo). Mal o nome foi adotado, Sílvio saiu para dar lugar a Maurício
Defendi. Hoje, apenas Roger, idealizador da banda, continua desde a formação
original.
Formação original da banda. |
História
Princípio:
1980 - 1988
O grupo Ultraje a Rigor começou como uma banda de covers, principalmente de
Beatles, punk rock e new wave. A primeira formação, composta por Roger, Leôspa,
Sílvio e Edgard Scandurra, começou fazendo pequenos shows em bares. Em 1982,
decidiram que o nome da banda seria Ultraje a Rigor, um trocadilho com a
expressão "traje a rigor". Roger, inicialmente, havia pensado em batizar
a banda apenas como "Ultraje", mas Edgard, quando perguntado a
respeito do nome, ouviu errado e perguntou: "Hã? Como é? Que traje, o
traje a rigor?". O trocadilho fez sucesso e o nome Ultraje a Rigor foi adotado.
Em pouco tempo, Silvio
deixou a banda e foi substituído por Maurício Defendi. Em abril de 1983, a nova
formação participa do primeiro show da banda apenas com composições próprias.
Após alguns shows, a banda assina um contrato de gravação com o produtor Pena
Schmidt, que fazia parte da WEA e trabalhou também com artistas como o Ira! (do
qual Edgard fazia parte) e os Titãs. O Ultraje então grava seu primeiro single,
“Inútil”/”Mim Quer Tocar”, que, por problemas com a censura, não foi liberado
até outubro daquele ano.
Edgard, já membro do Ira!, encontrou-se impossibilitado de
continuar a dividir seu tempo entre duas bandas e optou pela segunda. Carlo
Bartolini, conhecido como Carlinhos, foi chamado para seu lugar. Em 1984, com a
nova formação, o Ultraje grava seu segundo single, “Eu Me Amo”/”Rebelde Sem
Causa”. A primeira canção teve relativo sucesso, incentivado pela coincidência
de seu refrão com o de “Egotrip”, da Blitz.
A segunda música, porém, foi determinante para o sucesso da banda desde que
começou a ser executada, em janeiro de 1985.
Capa do álbum de 1985. |
O primeiro LP da banda, Nós
Vamos Invadir Sua Praia, lançado alguns meses mais tarde, fez grande
sucesso. Foi o primeiro LP de rock no Brasil a ganhar Disco de Ouro e Disco de
Platina. Nove das músicas tocaram muito na rádios e tiveram grande sucesso e a
faixa-título contou com a participação dos cantores Selvagem Big Abreu, membro
do grupo João Penca e Seus Miquinhos Amestrados, Lobão, Leo Jaime e Ritchie, e
a banda quebrou recordes de público em diferentes locais em todo o país, como o
Canecão, no Rio de Janeiro.
Capa do Mini LP de 1986. |
No início de 1986, o Ultraje grava um mini LP chamado Liberdade
Para Marylou, com uma versão remixada de “Nós Vamos Invadir Sua Praia”,
a canção inédita “Hino dos Cafajestes” e uma versão de “Marylou” em ritmo de
carnaval, que foi bastante tocada nos bailes de carnaval da época. Em 1987,
durante as gravações do novo LP, Sexo!, Carlinhos (com a
possibilidade de uma mudança para Los Angeles para formar sua própria banda)
deixou a banda e Sérgio Serra o substituiu. O segundo álbum foi tão bem
sucedido quanto o primeiro, com a canção “Eu Gosto de Mulher” atingindo um
máximo de #96 no Hot100Brasil.
Capa do álbum de 1986. |
Maturidade
e mudanças: 1989 - 1998
Em 1989, mais maduros e um
pouco cansados pelas constantes turnês, os integrantes gravam o terceiro disco,
Crescendo.
O álbum vendeu bem, mas os meios de comunicação social começam a perder o
interesse no Ultraje após quatro anos
de sucesso. Mesmo assim, o grupo ainda provocou polêmica, ao fazer uma
provocação ao anúncio do fim da censura oficial, com a canção “Filha da Puta”.
A canção foi censurada extra-oficialmente, em muitas estações de rádio e
programas de TV, o que dificultou a promoção do álbum (mas a gravadora lançou
uma versão onde o refrão era trocado por um naipe de metais).
Capa do álbum de 1989. |
Outras canções picantes com
temas como "O Chiclete" e "Volta Comigo", uma música que
trata de adultério, tiveram suas execuções comprometidas. Em 1990, o Ultraje voltou às suas raízes lançando o
Por
Quê Ultraje a Rigor?, um álbum de covers que faziam parte do seu
repertório do início da carreira, além de “Mauro Bundinha”, uma canção inédita
da mesma fase.
Capa do álbum de covers, de 1990. |
Mauricio, após ter se casado
com uma americana, mudou-se para Miami. Sua vaga foi provisoriamente preenchida
por Andria Busic, baixista do Dr. Sin,
que entregou seu lugar um mês depois para Osvaldo Fagnani. Após quase mais um
ano de turnê, Roger percebe que o Ultraje
a Rigor já não era a mesma banda. Leôspa, depois de ter casado, já não
podia manter o seu entusiasmo para viajar e ensaiar; Sergio aspirava sair para
formar a sua própria banda, e Osvaldo preferia trabalhar em seu estúdio
profissional. Depois de uma conversa com Leôspa, Roger decidiu procurar novos
membros para tentar continuar o Ultraje.
Pesquisando em bares e
através de mostras de bandas principiantes, encontrou Flávio Suete, baterista
que tocava covers de Frank Zappa. Flávio recomendou Serginho Petroni, baixista
que também tocava covers. Juntos, começaram as audições para novos
guitarristas. Depois de meses de teste, descobriram Heraldo Paarmann através de
um anúncio da Rádio Brasil 2000 FM.
Capa da coletânea não desejada, de 1992. |
Eles continuaram ensaiando e
fizeram alguns shows para reforçar os respectivos sons. Em 1992, contra a
vontade da banda, a WEA lançou uma coletânea chamada O Mundo Encantado de Ultraje a
Rigor (a palavra "Encantado" era uma ironia de Roger com
relação ao encanto dos primeiros anos e as dificuldades com a gravadora, em
relação a novos projetos). Embora essencialmente uma coletânea do material
lançado anteriormente, o álbum continha duas novas faixas da nova formação (“Vamos
Virar Japonês”, com a dupla caipira Tonico e Tinoco e uma versão de “Rock das
Aranha”, de Raul Seixas) juntamente com reedições dos hits lançados
anteriormente.
Em 1992, ainda em rebelião
contra a indiferença da sua empresa discográfica, o grupo grava
independentemente "Ah, Se Eu Fosse Homem", uma reflexão sobre as dificuldades
enfrentadas pelos homens no que diz respeito ao novo pós-feminismo. A fita
desta música, distribuída para estações de rádio pela própria banda, produziu
os resultados esperados.
Em 1993, em meio a uma
situação já tensa com a gravadora, lançam Ó!, seu sexto LP, o quarto composto
apenas por novos materiais. O disco foi gravado às pressas (dois meses de
estúdio) e com orçamento pequeno, condição que foi imposta pela WEA, que mesmo
assim, praticamente ignorou o álbum, fazendo com que o contrato fosse rompido
em 1994.
Capa do álbum de 1993. |
O clipe de "Acontece
Toda Vez Que Eu Fico (Apaixonado)" fez sucesso na MTV, mas a canção era
apenas um modesto sucesso na mídia e nas lojas. Em 1995, uma nova coleção de
hits, desta vez sem o conhecimento da banda, foi lançado, parte de uma série
chamada "Geração Pop". Em 1996, a empresa lança ainda outra
coleção-surpresa, um registro denominado O Melhor do Ultraje a Rigor/2 É Demais!,
fusão dos dois primeiros álbuns sem as faixas bônus.
Ainda sem notificar a banda,
a Warner libera mais dois relançamentos: em 1997, Pop Brasil, (na verdade,
uma reedição de Geração Pop com menos músicas), e, em 1998, Ultraje
a Rigor Vol. 2/2 É Demais!, outra coletânea-fusão de dois álbuns, sem
as faixa-bônus, da banda com o terceiro e quarto discos do grupo.
Recomeço:
1999 - 2007
No início de 1999, depois
que Serginho deixou a banda e foi substituído por Rinaldo Amaral (conhecido
como Mingau), o Ultraje lança 18
Anos Sem Tirar!, um disco ao vivo gravado em 1996, de maneira
independente, que ganhou quatro faixas inéditas em estúdio. Agora tendo trocado
a WEA pela a Deckdisc/Abril Music e tendo como carro-chefe a faixa "Nada a
Declarar", alcançam o Disco de Ouro. Em Janeiro de 2001, o Ultraje a Rigor participou da terceira
edição do Rock in Rio, numa apresentação conjunta ao lado do Ira! e com direito a “Should I Stay Or
Should I Go?”, cover do The Clash.
Capa do álbum de 1999. |
Em 2002, outra alteração na
formação: Flávio e Heraldo distanciam-se das intenções musicais do resto da
banda e resolvem deixá-la. Foram substituídos por Marco Aurélio Mendes, o
Bacalhau, ex-baterista do Rumbora, e
Sérgio Serra, ex-guitarrista do Ultraje,
que voltou de Los Angeles para reintegrar o grupo e participar da gravação de Os
Invisíveis.
Capa do álbum de 2002. |
Em 2005, a banda gravou e
lançou, em CD e DVD (o primeiro da carreira), o seu Acústico MTV. O álbum
inclui grandes sucessos como "Inútil", "Mim Quer Tocar",
"Independente Futebol Clube" e "Eu Gosto de Mulher" e
faixas inéditas, como "Cada Um Por Si". Destaques também para “Eu Não
Sei”, versão de “Can't Explain”, do The
Who, feita por Roger a pedido do Ira!.
A música “Ciúme” foi gravada numa versão originalmente prevista para o disco Nós
Vamos Invadir Sua Praia, com uma parte calma e “Nós Vamos Invadir Sua
Praia”, com cordas e metais.
Capa do álbum acústico, de 2005. |
Fase
independente: 2008 - 2010
No final de 2008, Roger
anunciou que o Ultraje estava
abandonando a gravadora Deckdisc para lançar um álbum independente disponível
para download. Esse projeto recebe o nome de Música Esquisita a Troco de Nada!,
não sendo necessário pagar para ter as músicas em seu computador. No início de
2009, após a gravação de algumas demos, Sérgio Serra abandona novamente a
banda. Lançado em 05 de abril de 2009, o novo trabalho foi gravado com as
participações especiais de Edgard Scandurra nas guitarras, e a cantora Klébi
Nori, dividindo os vocais com Roger na música “Amor”.
Capa do projeto de 2008. |
O projeto, além de ser totalmente
independente, está disponível para download no site ReverbNation e no MySpace
da banda. Depois de três meses tocando como um power-trio acompanhados pela
banda de apoio, através de uma conta no Facebook, Roger anuncia a entrada do
novo guitarrista Marcos Kleine. Com esta formação, a banda continua realizando
shows pelas proximidades da região sudeste do Brasil, devido ao medo de avião
de Roger, o que leva a banda conseguir agenda em shows que são possíveis a
locomoção por ônibus.
Biografia,
30 Anos de Carreira, Agora é Tarde e The Noite: 2010
- Atualmente
Em 2010, houve o anúncio do
lançamento da biografia Nós Vamos Invadir
Sua Praia, que mostra a história da banda. O livro, escrito pela jovem
jornalista Andréa Ascenção, autora do agente literário Andrey do Amaral, vem
recheado com histórias, fotos, letras de músicas, depoimentos, etc.
O livro foi lançado em abril
de 2011 pela Editora Belas Letras. Na época, Roger pretendia gravar um CD e DVD
ao vivo, comemorando 30 anos de carreira.
Em junho de 2011, a banda
passou a fazer parte do elenco do talk
show Agora É Tarde, como banda
fixa. Com isso, a banda voltou a ter um maior destaque na grande mídia, se
apresentando em grandes festivais, como o SWU, onde tiveram problemas com a
produção do cantor britânico Peter Gabriel, e no Reveillon na Paulista.
Capa do álbum de 2012. |
Em 2012, a banda lançou pela
Deckdisc um álbum em parceria com os
Raimundos, intitulado O Embate do Século: Ultraje a Rigor vs.
Raimundos. A ideia do projeto é de que uma banda regrave da outra, e
vice-versa.
No final de 2013, a banda
anunciou a saída da Rede Bandeirantes e do Agora
É Tarde, se juntando, assim, a Danilo Gentili, Léo Lins, Murilo Couto e
Juliana Oliveira no novo late-night talk
show brasileiro, The Noite no SBT.
Capa do álbum de 2015. |
Em 2015, a banda grava o
álbum instrumental Por que Ultraje a Rigor?, Vol. 2, sendo uma continuação do
álbum de versões, lançado pelo grupo em 1990. O registro, gravado ao vivo no
estúdio, conta com 20 regravações e tem a distribuição da EF, selo pertencente
à Sony Music. O projeto foi lançado em agosto. No mesmo ano se apresentaram no
Palco Sunset da sexta edição do Rock in Rio, ao lado de Erasmo Carlos. Em 2016,
abriram o show dos Rolling Stones no
Estádio do Maracanã pela turnê América Latina Olé Tour 2016.
Bem galera, essa é a
história do Ultraje a Rigor, que se
não fosse a forma mercenária em que as gravadoras querem transformar álbuns em
sucesso imediato e a ignorância por parte de “ouvintes” em querer novidades
(diga-se que nem sempre de qualidade), teria tido um merecido e maior destaque
por parte da mídia e tocaria mais em rádios e afins.
Como vocês podem ter lido,
quando uma banda não faz sucesso, ela é descartada, mas há também grandes
interesses por detrás, nos bastidores. Sei de histórias em que certo cantor de
grande sucesso, certa vez, exigiu que sua gravadora não desse publicidade à uma
jovem promessa que estava vendendo mais discos que ele.
Essas e outras histórias,
serão contadas uma a uma, no decorrer de minhas postagens. Aguardem, que num
futuro próximo darei nomes aos envolvidos em alguns “acertos”.
Fiquem com mais de Ultraje a
Rigor, em: