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sexta-feira, 21 de abril de 2017

RAUL SEIXAS: DE RAULZITO A MALUCO BELEZA - PRIMEIRA PARTE


Salve galera que está curtindo o blog Opinião do Véio! Fico muito feliz em saber que estão aqui para ler os conteúdos de minhas postagens. Principalmente porque vocês são os incentivadores para que meu blog tenha sempre um conteúdo sério e focado naquilo que conheço um pouco: a música.

Nesta postagem, trago o Mestre Maluco, o Senhor da Nova Sociedade, o baiano Raul Seixas, uma das mentes pensantes mais loucas e brilhantes que nosso país já possuiu. Admirado por muitos e criticado por outros tantos, esse Mestre da Nova Ordem nos trouxe pérolas musicais que encantaram, encantam e encantarão muitas gerações por sua crítica ferrenha e atual, mesmo depois de quase 28 anos de sua morte.


Raul Santos Seixas , nasceu em Salvador, Bahia, em 28 de junho de 1945 e faleceu em São Paulo, em 21 de agosto de 1989. Cantor e compositor brasileiro, frequentemente considerado um dos pioneiros do rock brasileiro, também conhecido como Raulzito, Maluco Beleza ou o Pai do Rock.

Também foi produtor musical da CBS durante sua estada no Rio de Janeiro, e sua obra musical é composta por 17 discos lançados em seus 26 anos de carreira e seu estilo musical é tradicionalmente classificado como rock e baião, e de fato conseguiu unir ambos os gêneros em músicas como "Let Me Sing, Let Me Sing".

Teve como influências declaradas, Luiz Gonzaga, Elvis Presley, Little Richard, Chuck Berry, The Beatles, John Lennon, Frank Zappa, Led Zeppelin, Bob Dylan e Jerry Lee Lewis.

 Seu álbum de estreia, Raulzito e os Panteras (1968), foi produzido quando ele integrava o grupo Raulzito e os Panteras, mas só ganhou notoriedade crítica e de público com as músicas de Krig-ha, Bandolo! (1973), com "Ouro de Tolo", "Mosca na Sopa" e "Metamorfose Ambulante".

Raul Seixas adquiriu um estilo musical que o creditou de "contestador e místico", e isso se deve aos ideais que reivindicou, como a Sociedade Alternativa apresentada em Gita (1974), influenciado por figuras como o ocultista britânico Aleister Crowley.

Cético e agnóstico (não acreditava em Deus), Raul se interessava por filosofia (principalmente metafísica e ontologia), psicologia, história, literatura e latim e algumas ideias dessas correntes foram muito aproveitadas em sua obra, que possuía uma recepção boa ou de curiosidade por conta disso.

 Ele conseguiu gozar de uma audiência relativamente alta durante sua vida, e mesmo nos anos 80 continuou produzindo álbuns que venderam bem, como Abre-te Sésamo (1980), Raul Seixas (1983), Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum! (1987) e A Panela do Diabo (1989), esse último em parceria com o também baiano e amigo Marcelo Nova.

Sua obra musical tem aumentado continuamente de tamanho, na medida em que seus discos (principalmente álbuns póstumos) continuam a ser vendidos, tornando-o um símbolo do rock do país e um dos artistas mais cultuados e queridos entre os fãs nos últimos anos.

Em outubro de 2008, a revista Rolling Stone promoveu a Lista dos 100 Maiores Artistas da Música Brasileira, cujo resultado colocou Raul Seixas figurando na 19ª posição, encabeçando nomes como Milton Nascimento, Maria Bethânia, Heitor Villa-Lobos e outros.

No ano anterior, a mesma revista promoveu a Lista dos 100 Maiores Discos da Música Brasileira, onde dois de seus álbuns apareceram Krig-ha, Bandolo! de 1973 atingiu a 12ª posição e Novo Aeon ficou em 53º lugar, demonstrando que o vigor musical de Raul Seixas continua a ser considerado importante hoje em dia.

Biografia

Infância

"Quando eu era guri, lá na Bahia, música para mim era uma coisa secundária. O que me preocupava mesmo eram os problemas da vida e da morte, o problema do homem, de onde vim, para onde vou (...)" — Raul Seixas

Raul Santos Seixas nasceu às 8 horas da manhã em 28 de junho de 1945 numa família de classe média baiana que vivia na Avenida Sete de Setembro, Salvador.

 Seu pai, Raul Varella Seixas, era engenheiro da estrada de ferro e sua mãe, Maria Eugênia Santos Seixas, se dedicava às atividades domésticas. No mês seguinte ele foi registrado no Cartório de Registro Civil de Salvador com o nome do pai e do avô paterno. Em 16 de setembro do mesmo ano, batizaram-no na Igreja Matriz da Boa Viagem.

Em 04 de dezembro de 1948, Raul Seixas ganhou um irmão, o único, Plínio Santos Seixas, com quem teria um bom relacionamento durante sua infância. Os estudos de Raul Seixas começaram em 1952, onde frequentou o curso primário estudando com a professora Sônia Bahia.

Raul, na Primeira Comunhão.

Concluído o curso em 1956, fundou o Club dos Cigarros com alguns amigos. O trágico percurso escolar de Raul Seixas se iniciaria em 1957, quando ele ingressou no ginásio Colégio São Bento, onde foi reprovado na 2ª série por três anos.

Um dos motivos da reprovação, segundo alguns biógrafos, é que ele, em vez de ir assistir as aulas, ouvia rock and roll, em seu início, na loja Cantinho da Música. No mesmo ano, em 13 de Julho, Raul Seixas fundou o Elvis Rock Club com o amigo Waldir Serrão.

Clube com direito à carteirinha.

Segundo a jornalista Ana Maria Bahiana, é através de Serrão que Raul Seixas começou a sair de casa e a manter uma vida social mais ampla. Segundo Raul, o encontro com Waldir foi fantástico: "me preparei todo, botei a gola pra cima, botei o topete, engomei o cabelo, e fiquei esperando ele, mascando chiclete".

O Elvis Rock Club era como uma gangue, que procurava brigas na rua, fazia arruaça, roubava bugigangas e quebrava vidraças. Embora Raul não gostasse muito disso, "ia na onda, pois o rock (pelo menos a meu ver) tinha toda uma maneira de ser".

Então, a família resolveu matricular Raul num colégio de padres, o Colégio Interno Marista, onde ele alcançou a 3ª série em 1960, mas acabou repetindo o estágio em 1961. Ao que tudo indica, nessa época Raul Seixas começou a se interessar pela leitura.

O pai de Raul Seixas amava os livros e possuía uma vasta biblioteca em casa. Logo que decifrou o mistério das letras, o garoto pôs-se a ler os volumes que encontrava na biblioteca do pai.

Sendo assim, as histórias que lia na biblioteca fermentavam sua imaginação e, com os cadernos do colégio, fazia desenhos, criava personagens, enredos, para depois vender ao irmão quatro anos mais novo, que acabava ficando interessado e comprava os esboços.

Segundo Raul, um dos personagens principais dessas histórias era um cientista maluco chamado "Mêlo" (algo como "amalucado"), que viajava para diversos lugares imaginários como o Nada, o Tudo, Vírgula Xis Ao Cubo, Oceanos de Cores. Segundo Raul, Melô era sua "outra parte, a que buscava as respostas, o eu fantástico, viajando fora da lógica em uma maquinazinha em que só cabia um só passageiro... Melô-eu."

Raul na adolescência.

Plínio ficava horas ouvindo o irmão contar suas histórias, dentro do quarto dos dois, e Raul frequentemente encenava os personagens como um ator. Ambos os irmãos tinham algo em comum: adoravam literatura, mas odiavam a escola.

Mais tarde, já maduro, Raul Seixas diria: "Eu era um fracasso na escola. A escola não me dizia nada do que eu queria saber. Tudo o que aprendia era nos livros, em casa ou na rua. Repeti cinco vezes a segunda série do ginásio. Nunca aprendi nada na escola. Minto. Aprendi a odiá-la."

De um modo ou de outro, Raul Seixas precisava frequentar a escola vez ou outra. Em uma determinada ocasião, o pai perguntou a Raul como ele ia na escola e pediu seu boletim. Raul mostrou um boletim falsificado, com todas as matérias resultando em um 10. O pai questionava se ele havia estudado, mas Maria Eugênia interrompia, dizendo algo como "Estudou nada, ficou aí ouvindo rock o tempo inteiro, essa porcaria desse béngue-béngue, de élvis préji, de líri ríchi e gritando essas maluquices."


Os pais de Raul, como toda a geração da época, estranhavam o rock e ele não era muito bem-vindo entre as famílias.

Anos 1960: Os Panteras

Embora Raul mantivesse um gosto muito sincero pela música, seu sonho maior era ser escritor como Jorge Amado. Na sua cidade, escutavam Luiz Gonzaga todos os dias, nas praças, nas casas, em todos os estabelecimentos.

Enquanto isso, Raul junta-se a cena do rock que se formava em Salvador. "Em 54/55, ninguém sabia o que era rock. Eu tocava e me atirava no chão imitando Little Richard."

Com o passar do tempo, a banda que chegou a ter diversos nomes, como Relâmpagos do Rock, formadas então pelos irmãos Délcio e Thildo Gama, passa por várias formações e em 1963, passa a se chamar The Panters, banda que agora já se tornara sensação de Salvador.

A fama se espalha, e a banda é rebatizada pelo nome Os Panteras, tendo em sua formação definitiva além de Raulzito, os integrantes Mariano Lanat, Eládio Gilbraz e Carleba.

Raulzito, no centro, e os Panteras.

Em 1967, Raul Seixas começa um relacionamento com Edith Wisner, filha de um pastor protestante americano. O pai de Edith não aceita o namoro da filha. Em seis meses, completa o segundo grau, faz cursinho pré-vestibular e passa em Direito, Psicologia e Filosofia. Com isso, casa-se com Edith. Logo em seguida, abandona os estudos, volta a reunir os Panteras e aceita o convite de Jerry Adriani para ir para o Rio de Janeiro.

Em 1968, Raulzito e os Panteras gravam seu primeiro e único disco, Raulzito e os Panteras. Assinando contrato com a gravadora EMI-Odeon, após encontrarem Chico Anysio e Roberto Carlos, que os reconheceu nos corredores de uma grande gravadora.

Capa do único disco de Raulzito e os Panteras.


As gravações ocorreram no final do ano de 1967 e seu lançamento, no início de 1968, pela gravadora EMI-Odeon. Raul Seixas, ainda conhecido apenas por "Raulzito", assina oito das 12 canções do disco. As vendas do disco foram consideradas baixas, o que resultou no fim do grupo. A capa do álbum faz uma alusão ao disco With The Beatles dos Beatles.

Era um disco um tanto romântico, sua capa e suas músicas visivelmente influenciada pelos Beatles, com dedilhados românticos, tons de psicodelismo e uma ousada versão de "Lucy in the Sky with Diamonds" ("Você Ainda Pode Sonhar"). As faixas "Me Deixa Em Paz", "Trem 103" e "Dorminhoco", no entanto, se aproximam mais do estilo que caracterizou os lançamentos posteriores de Raul.


O disco, no entanto, não teve sucesso de critica nem de público. Eládio Gilbraz, um dos panteras, disse: "De um lado havia a inexperiência de quatro rapazes, recém-chegados da Bahia, falando em qualidade musical, agnosticismo, mudança de conceitos e sonhos. Do outro lado, uma multinacional que só falava em "comercial".

“Talvez não tenha sido o disco que o grupo imaginara, mas nosso sonho era gravar um disco”. A partir daí, Raulzito e os Panteras passariam sérias dificuldades no Rio de Janeiro. Raul morava em Ipanema, e ia a pé até o centro da cidade para tentar divulgar suas músicas, não obtendo sucesso.

Algumas vezes os Panteras recebiam ajuda de Jerry Adriani, tocando como banda de apoio, o que, segundo o próprio Raul, lhe deu muita experiência e lhe ajudou a descobrir como se comunicar, pois suas "músicas eram muito herméticas". Raulzito passaria então fome no Rio de Janeiro, como escreveria mais tarde em “Ouro de Tolo”.

Transição: Produtor musical

Raul Seixas estava totalmente abalado pelo fracasso com Os Panteras, e a sua volta a Salvador. Ele escreveu: "Passava o dia inteiro trancado no quarto lendo filosofia, só com uma luz bem fraquinha, o que acabou me estragando a vista [...] Eu comprei uma motocicleta e fazia loucuras pela rua."

No entanto a sorte começou a mudar, um dia, quando conheceu, na Bahia, um diretor da CBS Discos. Mais tarde ele convidaria Raul para ser produtor da gravadora. Sem pensar duas vezes, ele faz as malas, junto a Edith, e voltou para o Rio.


Raul voltou ao Rio para usar seus enciclopédicos conhecimentos de música como produtor fonográfico. Nos cadernos de composições de Raul começaria a ser alimentada uma revolução. Esta foi a segunda chance de Raul, apostou no talento do amigo, Jerry Adriani convenceu o então presidente da CBS, Evandro Ribeiro, a dar a Raulzito um emprego de produtor. Raulzito trabalhou anonimamente por um bom tempo.

Raul após ter entrado na CBS, fez grandes aliados e amigos. Ainda em 1968, a dupla Os Jovens e a banda The Sunshines apostaram em suas letras. No entanto, Raul faria um grande amigo e parceiro: Leno, da dupla Leno e Lilian. "Raulzito sempre esteve 20 anos adiante de seu tempo” e Leno o compreendia. “Na verdade, sempre houve uma grande admiração mútua", disse Arlindo Coutinho, da relações públicas da CBS.

Em seu compacto duplo Papel Picado, lançado em 1969, Leno registrou “Um Minuto Mais”, versão de Raulzito para “I Will” (nada a ver com a canção de Paul McCartney).

Raul e Leno, na contracapa do disco de Leno.

Também não se pode esquecer de Mauro Motta, outro grande parceiro de Raul nesta fase. Jerry Adriani decidiu convocar Raulzito para ser o produtor de seus discos. No álbum de 1969, aproveitou para gravar uma de suas músicas, “Tudo Que É Bom Dura Pouco”.

Naquela mesma época, outros ídolos da Jovem Guarda também apadrinharam Raulzito gravando suas letras como Ed Wilson, Renato e seus Blue Caps, Jerry Adriani, Odair José.

O ano de 1970 marcou o início de uma fase muito ativa na carreira de Raulzito, como produtor da CBS. Primeiramente, suas composições passaram a ser gravadas pelos artistas do elenco da gravadora. Passou o ano produzindo discos para Tony & Frankye, Osvaldo Nunes, Jerry Adriani, Edy Star e Diana, além de escrever uma quantidade enorme de músicas para os colegas da gravadora.

Raul (á esquerda), com Jerry Adriani (sentado, com o violão).

Algumas de muito sucesso, como “Doce, Doce Amor”, interpretada por Jerry Adriani, “Ainda Queima a Esperança”, por Diana e “Se Ainda Existe Amor”, por Balthazar. Raulzito nessa época passa a ter um bom emprego de respeitado produtor, que conseguira lançar suas composições como hits na voz de outros cantores e produzir grandes artistas.

Mas, Raulzito não se conformava apenas com isso, ainda mais quando conheceu o amigo e parceiro Sérgio Sampaio, passando cada vez mais a realimentar os sonhos de quando ainda morava em Salvador, que era ser um cantor.

Ao lado de Leno, Raulzito participa do disco Vida e Obra de Johnny McCartney, disco solo de Leno, em que ambos buscam novos caminhos e experimentações. Juntos assinam letras e composições em parcerias. Foi o primeiro LP gravado em oito canais no Brasil. As letras do disco foram censuradas e acabou não sendo lançado na época.

Capa do disco de Leno, Vida e Obra de Johnny MacCartney.


Bem galera, por aqui encerro a primeira parte da história deste que foi um dos maiores ícones da música brasileira.

Mal sucedido com o disco de estreia de seu grupo, Raul passou de cantor para produtor musical, algo que talvez não estivesse em seus planos, mas que o deu liberdade para sugerir algumas de suas composições, que foram sucesso nas vozes de terceiros, e que o impulsionou à que seria sua futura carreira no mundo da música.

Como nessa primeira parte só tem o primeiro disco do Raulzito e os Panteras, acabei garimpando no Youtube os sucessos de Raul nas vozes de outros cantores, quando ele era produtor musical, e posso dizer pela minha idade, muitas delas foram sucesso na época e fiquei espantado/emocionado, por Raul ter escrito essas músicas. Jamais em minha vida saberia disso, se não estivesse pesquisando para comentar com vocês. 

Por isso fico muito feliz em aumentar meu conhecimento musical, fazendo meu blog e contando com a visita de vocês, porque são as razões pelas quais eu procuro ser o mais sério possível nos dados que passo para vocês e me aprofundar cada vez mais na história de ídolos nacionais/internacionais que fazem nossa alegria e enchem nossas vidas com boa música.

Fiquem com mais de Raulzito e os Panteras em:



























E estas são composições de Raul Seixas que fizeram sucessos com outros cantores:




































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