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sexta-feira, 28 de abril de 2017

RAUL SEIXAS: DE RAUZITO A MALUCO BELEZA - TERCEIRA PARTE


Olá galera que curte o Blog Opinião do Véio! É uma satisfação tê-los aqui novamente, acompanhando a terceira parte da história deste que é uma das figuras mais importantes do rock brasileiro.

Eu estava pesquisando para o Blog e fiquei surpreso com a notícia que está no último parágrafo antes de minha despedida, na segunda parte. Como a censura não permitia que soubéssemos de tudo, alguma coisa passou em branco.

Embora eu já fosse adolescente nessa época, e já fazia papel de “DJ”. com o toca discos de meu futuro cunhado nas festas da empresa em que ele conheceu minha irmã, eu jamais lembraria de ter ouvido essa notícia, por isso separei o final da segunda parte, para explicar melhor agora.



Época Conturbada

“Quando o Raul saiu da Philips, estava mal. O contratei para a Warner e todo mundo foi contra”, diz o produtor Marco Mazzola, que comprou um apartamento para Raul na época. “Vi que não podia fazer mais nada quando o levei para mostrar a casa nova e ele estava mais interessado em fazer carreiras de cocaína. O Raul era um cara careta, mas se deixou levar por essa coisa de ver disco voador. Ele confiou demais no Paulo Coelho. Eu falava para ele pôr o pé no chão.”

Mazzola se esmerou no LP, convidando o guitarrista americano de jazz Lee Ritenour para solar em ‘Maluco Beleza’ e Gilberto Gil para arranjar ‘Que Luz É Essa?’. “O Raul achava que Caetano Veloso e Gilberto Gil não gostavam dele. E hoje a gente vê Caetano falando bem dele, mas na época não era assim!”, lembra o produtor.

Kika Seixas, que viria a ser mulher de Raul, trabalhava no departamento de imprensa da Warner, disse: “O Elvis Presley andava com a ‘máfia de Memphis’, uma rapaziada estranha. E Raul cismou que era como ele, e fazia o mesmo. Quem cuidava das contas dele, inclusive Imposto de Renda, era um motorista!”, espanta-se Kika.

Raul e Kika.


Mata Virgem (1978), no qual retomava a parceria com Paulo Coelho, teve um quase-hit, ‘Judas’. “Por causa da retirada de parte do pâncreas, Raul precisou parar de beber. Isso o deixou deprimido e ele passou a faltar a compromissos”, relata Kika. “Um dia, precisei ligar para o Raul para chamá-lo para o estúdio, e a pessoa que atendeu, que morava com ele, disse que não o via há dias nem sabia se ia poder dar o recado”, recorda ela.

“Naquela época, a Warner foi para terceiro lugar nas paradas e eu comecei a ter outras funções lá dentro”, lembra Mazzola. “Me vi completamente sem forças para ajudar o Raul, um grande talento. Mas ele não queria ser ajudado.”

Por Quem Os Sinos Dobram, último álbum da fase, saiu em 1979 e trazia Raul compondo ao lado do amigo argentino Oscar Rasmussen, com quem dividia apartamento. É tido por fãs como seu álbum mais fraco. Raul costumava agregar a seu redor os tipos mais estranhos e sombrios, numa versão tropical da “máfia de Memphis” que acompanhava Elvis Presley.

Em 1979, ele teve a inacreditável ideia de contratar uma equipe de caratecas argentinos como seguranças. Tanto ele e Oscar quanto os seguranças varavam as noites em festas regadas a álcool e drogas das mais variadas. Numa transação obscura entre os caratecas e traficantes, o faixa preta Hugo Amorrotu foi assassinado a tiros, dentro do apartamento de Raul, num evento que demonstra o grau de descontrole que sua vida havia tomado. “Foi o ápice de uma fase de total desligamento do amor à vida”, lamenta Mazzola.

Anos 1980: Altos e Baixos

Em 1980, assina novamente contrato com a CBS (desta vez como cantor) lançando mais um álbum, Abre-te Sésamo, que contém alguns sucessos.

O disco fez algum sucesso na época, com as músicas "Aluga-se" e 'Rock das Aranha" e vendeu razoavelmente bem. Contudo, ambas as músicas foram censuradas. "Aluga-se" era uma forte crítica sobre a relação do governo brasileiro com outros países, principalmente Estados Unidos. Já "Rock das 'Aranha’", foi censurada devido à sua letra, sexualmente explícita.

Capa do disco de 1980.

Raul chegou a declarar anos mais tarde que a canção é um plágio de "Killer Diller" do cantor Jimmy Breedlove. A música "Angela" foi feita em homenagem à companheira de Raul, Kika Seixas. O disco também inclui uma música de seu pai, Raul Varella Seixas, "Minha Viola".

Em 1981, nasce a terceira filha, Vivian, fruto de seu casamento com Kika.

Logo após o lançamento de Abre-te Sésamo, em 1980, a Discos CBS passaria por uma mudança em sua diretoria o que ocasionou em uma piora nas relações com o músico. Assim, o novo disco seria muito mal divulgado e pessimamente distribuído, o que incomodou o cantor baiano. A gota d'água veio em meados do ano seguinte, com a proposta da diretoria para que Raul gravasse um disco em homenagem ao casamento do príncipe Charles com a princesa Diana: o cantor pediu demissão.

Com isso, Raul enfrentou grandes problemas para a continuidade de sua carreira, como a dificuldade para marcar shows. Esses problemas levavam o cantor a abusar do álcool e das drogas, levando a um círculo vicioso de abusos e dificuldades para trabalhar. Assim, apesar de conseguir alguns públicos significativos, como as 180 mil pessoas no Festival de Verão de Santos, na praia do Gonzaga, em fevereiro de 1982, em bons shows, às vezes o cantor passava por situações difíceis.


Um episódio que ilustra bem esse período é o show na cidade de Caieiras, em 15 de maio de 1982. Raul se dirigiu à cidade acompanhado de seu empresário e sete músicos, para encerrar uma Feira de Folclore local. Entretanto, chegando lá, o responsável pela programação impediu o início do show alegando que havia poucas pessoas no local (cerca de 300) e que os músicos deveriam aguardar a chegada de mais gente. Com isso, o show só iniciou-se após a meia-noite. Apesar de uma duração programada de 50 minutos, a apresentação durou apenas meia hora devido à animosidade do público.

Após o fim do show, policiais entraram no camarim e levaram o cantor sob a acusação de ser um impostor. Raul sofreu maus tratos e ficou detido na delegacia até às 5 horas do domingo, quando seu empresário conseguiu providenciar os seus documentos. As versões conflitantes sobre o fato não permitem saber, até hoje, se o cantor estava drogado ou alcoolizado.

Neste período, Raul tentou vender para diversas gravadoras o projeto de um disco chamado Nuit, uma opereta-rock que versaria sobre a deusa da noite na religião Thelema, composto em parceria com sua companheira na época, Kika Seixas, sem sucesso.


Apenas em janeiro de 1983, Raul recebeu um telefonema de João Lara Mesquita, diretor de uma pequena gravadora, a Eldorado, pertencente ao mesmo grupo que controlava o jornal O Estado de São Paulo, convidando-o para gravar um disco pela sua gravadora. Como Raul já havia sido recusado por todas as grandes gravadoras multinacionais que atuavam no Brasil, tendo até ouvido de um executivo que ele estava "vacinado contra Raul Seixas", a proposta foi aceita na hora.

As canções do disco foram compostas durante o período de dois anos em que Raul esteve sem gravadora, diversas delas fazendo parte do projeto inacabado de um disco independente, Nuit. Com o contrato da Eldorado, Raul separou diversas canções que tinha composto (algumas parte do projeto não terminado e outras com temática distinta) e entrou nos estúdios da gravadora, em São Paulo, já em janeiro, para gravar o disco, com produção de seu pianista e maestro, Miguel Cidras.

Em fevereiro, o trabalho em estúdio foi finalizado, juntou-se um cover de Arthur Crudup gravado ao vivo em 26 de fevereiro de 1983, em show na Sociedade Esportiva Palmeiras, e o disco passou os meses seguintes em pós-produção. Próximo da data de lançamento, Raul foi convidado por Augusto César Vannucci, diretor da Rede Globo, para interpretar um personagem no especial infantil Plunct, Plact, Zuuum. O cantor compôs uma canção inspirado por sua filha com Kika, Vivian, que tinha dois anos.

Raul como o Carimbador Maluco.

Ao ficar sabendo da participação de Raul no especial, que seria exibido em 03 de junho de 1983, a Eldorado quis incluir aquela música no disco. Como a primeira tiragem já estava pronta, foi feito um compacto às pressas para ser distribuído (em forma de encarte)  juntamente com o disco. Nas tiragens seguintes, bem como no relançamento em CD, a canção já figuraria como a sétima faixa no disco.

O álbum começa com "D.D.I. (Discagem Direta Interestelar)", um "puro Raul Seixas de boa safra" em que Deus reclama com os homens pelas besteiras que estão fazendo e estariam comprometendo a Sua "reputação". "Não Fosse o Cabral" é uma versão para "Slippin' and Slidin'" de Little Richard que quase foi censurada. Wanderléa divide os vocais com Raul na faixa "Quero Mais", uma mistura de reggae, baião e xaxado. "Segredo da Luz" (remanescente de Nuit) foi considerada a balada mais bonita do disco, na qual homens e mulheres brilham como estrelas.


"Eu Sou Eu, Nicuri É o Diabo" é uma canção defendida pelos Os Lobos no VII Festival Internacional da Canção e que "conserva uma deliciosa ingenuidade em suas brincadeiras com sílabas". "Capim Guiné" é uma moda sertaneja composta por Raul em parceria com Wilson Aragão. "Babilina" é uma versão de "Bop-a-Lena", de Ronnie Self, com letra "pornô-kitsch". A última canção é um belo tributo à Arthur "Big Boy" Crudup gravada ao vivo em um show no ginásio da Sociedade Esportiva Palmeiras em 26 de fevereiro de 1983, que Raul canta com a "energia de um adolescente".

Raul Seixas, também conhecido como Carimbador Maluco, foi o décimo primeiro álbum de estúdio de Raul, lançado em 26 de abril de 1983 pela gravadora Eldorado (distribuído nacionalmente pela EMI-Odeon) e, bem divulgado e distribuído, vendeu mais de 100 mil cópias, rendendo o segundo disco de ouro da carreira de Raul. O disco teve três canções inicialmente vetadas pela censura ("Quero Mais", "Babilina" e "Não Fosse o Cabral"), mas, após explicações, elas acabaram sendo liberadas.

A divulgação acabou se beneficiando do lançamento do musical infantil da Globo que trazia "Carimbador Maluco" como uma das principais faixas e a participação de Raul cantando a música caracterizado como o personagem título. Em dezembro, Raul apresentou-se, inclusive, no especial de Natal da emissora, no estádio do Maracanã, em companhia da Turma do Balão Mágico e dos Trapalhões, cantando esta canção. Além disso, a canção “Coração Noturno” fez parte da trilha sonora da novela Louco Amor.

Capa do disco de 1983.

O álbum foi bem recebido pela crítica na época de seu lançamento, especialmente por significar a volta de Raul Seixas após quase três anos sem lançamentos discográficos e poucos shows realizados no período. As apresentações de Raul vinham recebendo bons públicos e seu "marketing pessoal" de uma nova fase mais família, longe do álcool e das drogas, com Kika Seixas e sua filha pequena sempre presentes nas entrevistas concedidas, parecia surtir efeito em gerar mídia positiva.

Essa mudança na carreira foi bem sucedida, inicialmente, com a mudança de cidade (Rio de Janeiro para São Paulo) e uma nova postura: não mais a imagem de profeta, mas uma tentativa progressiva de apresentar-se como um roqueiro clássico e, ao mesmo tempo, como uma espécie de antagonista em relação aos artistas que começavam a ficar famosos pelo "novo rock" que se fazia no Brasil. Assim, Raul respaldava-se cada vez mais no nome "Raul Seixas" e na postura de representante do "verdadeiro rock", do qual os novos grupos seriam mero "pastiche".


O disco representa o início da última fase da carreira de Raul, com a mudança pra São Paulo, as dificuldades para manter a carreira, a luta contra os seus demônios internos (álcool e drogas) e os problemas de saúde (especialmente, a pancreatite crônica causada pelo alcoolismo) e a mudança na autoimagem. O cantor tentava se estabelecer como um representante do "verdadeiro rock", em oposição ao "BRock" que surgia naquela época.

Ao mesmo tempo, buscava desvincular-se da imagem de "profeta" que tanto sucesso tinha trazido para ele na década anterior. Entretanto, a sua "fase família" não duraria muito: a volta do álcool e das drogas levaria Raul a se separar de sua mulher, Kika Seixas, e, eventualmente, a parar de apresentar-se ao vivo por um longo período. Hoje, o disco é visto como um dos últimos lampejos da carreira de Raul Seixas.

Em 1984, grava o LP Metrô Linha 743 pela gravadora Som Livre, com a maior parte das composições em parceria com sua companheira Kika Seixas e uma das faixas, “Mas I Love You (Pra Ser Feliz)”, em parceria com seu guitarrista Rick Ferreira, que teve participação em todos os discos de Raul, a partir de Gita.

Lançado em julho de 1984, Metrô Linha 743, pela gravadora Som Livre, com gravações realizadas entre janeiro e abril de 1984 nos Estúdios Sigla, em São Paulo e no Rio de Janeiro. O disco representou a volta do cantor baiano a uma grande gravadora, após ter lançado Raul Seixas, no ano anterior, com grande sucesso de público e crítica, pelo pequeno selo paulista Gravadora Eldorado.

Capa do disco de 1984.

As canções tinham começado a ser compostas logo após a finalização do trabalho anterior e estavam praticamente prontas quando os trabalhos em estúdio começaram. A demora de quatro meses para realizar o disco foi motivo de cobranças da gravadora, bem como o custo total do álbum (muito caro para a época).

O cantor justificou o valor e a demora dizendo que foi difícil conseguir a simplicidade que ele queria nos arranjos e no disco. Assim, paradoxalmente, o álbum ficou simples e caro. Outro problema que o cantor experimentou e que impactou na demora da produção foi a não liberação da canção "Mamãe Eu Não Queria", vetada pela censura para execução pública (shows e reprodução no rádio ou na TV), mesmo após recurso da gravadora.

Raul assumiu não só a concepção musical, como também a visual. Em entrevistas, o cantor dizia que buscou um álbum conceitual, não só nas faixas musicais, mas também no projeto gráfico do disco (todo em preto e branco), o que remeteria não só a Alfred Hitchcock, como também aos anos 50. Por isso, a escolha de fotos em preto e branco de diversos momentos da carreira de Raul (cedidas pelo seu fã-clube Raul Rock Club) para adornar o encarte. Além do mais, o título remetia ao ano em que Raul sofreu com a censura e foi convidado a sair do país, 1974. E o próprio ano de lançamento do álbum, bem como a letra da canção título, fazia referência à obra de George Orwell, Nineteen Eighty-Four.


Novamente, assim, participou do musical infantil da Rede Globo que ocorreu em março daquele ano, com a música "A Geração da Luz", que fez parte da trilha sonora de Plunct, Plact, Zuuum... 2, sequência do musical de sucesso do ano anterior (que também contava com uma canção de Raul Seixas) sem, entretanto, repetir o sucesso.

Continuava, também, a apresentar-se como um "roqueiro clássico" em oposição aos artistas do novo rock brasileiro, o BRock. Assim, fazia gozações com o que via como a falsidade de tais grupos e a sua natureza midiática, negando a existência de um verdadeiro "movimento de rock". Raul seria, assim, um representante do "verdadeiro rock" que não se deixava dobrar pelas novas modas, como a new wave.

O disco foi lançado em julho de 1984 pela Som Livre, mas, apesar da quantidade de dinheiro investida e da qualidade do trabalho, as vendas decepcionaram o cantor e a gravadora. O cantor atribui as dificuldades à falta de divulgação por parte da gravadora e ao lançamento concomitante de Ao Vivo - Único e Exclusivo por sua antiga gravadora, a Gravadora Eldorado. O artista alegava que a sua gravadora não lançou nenhum compacto para promover o disco e que não quis gravar um clipe musical, segundo as suas intenções. Também, responsabilizava a Eldorado por ter lançado um disco ao vivo no mesmo mês em que saiu o seu álbum de estúdio pela gravadora carioca.

A capa do disco que a Eldorado lançou junto com o da Som Livre.

O disco foi bem recebido pela crítica especializada, mas as suas vendagens (por diversas razões) ficaram aquém das expectativas do artista e da gravadora, levando ao término do seu contrato. Com as dificuldades para agenciar shows que Raul passou a experimentar com o agravamento de sua doença e dos seus problemas com álcool e drogas, ele pararia completamente de fazer shows em dezembro de 1985, ficando em uma espécie de ostracismo.


Uma curiosidade comentada por um youtuber, ao observar recentemente sobre o lançamento em inglês de “Gita”, “I Am”, de 1984: " Quando Raul ganhou seu primeiro Disco de Ouro com "Gita", em 1974, as pessoas imaginavam que com a afirmação "eu sou", contida na música, Raul referia-se a ele mesmo e acorriam a seus shows esperando que ele pudesse fazer milagres, como um verdadeiro Messias. Na verdade, a música se refere ao princípio criador do universo, que a tudo comanda”.


Bem galera, por aqui encerro esta que é a terceira parte sobre a história do Carimbador Maluco, Raul Seixas.

De maluco beleza a consumidor de drogas, de pai de família a caso de polícia, Raul realmente teve muitos altos e baixos e seu estado de saúde só agravou sua situação, pois nem fazer shows estava conseguindo fazer mais, o que deveria ser seu “ganha pão”.

Falar de Raul Seixas sem falar em muitas esposas, drogas e rock and roll, seria clichê demais. Sua vida foi uma mistura explosiva de misticismo, muito álcool e muita insensatez. Não tenho minha vida certinha, mas não faço nada parecido com meus ídolos. Sou careta por natureza, não condeno ninguém, mas sei ser feliz sem precisar de subterfúgios. A música é a minha droga, e basta!!


Fiquem com mais de Raul “Maluco Beleza” Seixas em:



















































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