Olá galera que está curtindo o Blog do Véio, esta é a terceira parte da minha postagem sobre a carreira dessa grande banda que é admirada no mundo todo.
1983 - 1987: ATRITOS E POLÊMICAS
Em 1983, quase todos os integrantes do Queen se
concentraram em projetos paralelos. Brian May gravou e lançou o Star Fleet
Project, com a participação de Eddie Van Halen, além de trabalhar como produtor
musical em alguns álbuns.
Freddie Mercury divulgou ''Love Kills'' como parte da trilha
sonora do filme Metrópolis, que estava sendo relançado. A música em si tinha
surgido nas sessões de The Game e estava inacabada.Roger Taylor, que em 1981 foi o primeiro a lançar um
trabalho solo, Fun In Space, estava preparando seu sucessor, que seria Strange
Frontier. John Deacon foi o único a não produzir algo, pois
acreditava que não havia nada a fazer no meio musical que não fosse o Queen,
assim, concentrou-se no nascimento do seu quarto filho.
Nesta época, em entrevistas, devido aos materiais solo,
eram questionados se estavam se separando. Freddie, por exemplo, disse que não,
mas uma pausa temporária estava acontecendo.
Freddie gravou três músicas neste período, num estúdio
caseiro de Michael Jackson, para um projeto futuro de duetos entre os dois
músicos. No entanto, as sessões nunca foram concluídas, e existem várias
versões sobre o assunto.Uma delas é que, o uso de drogas de Freddie incomodava
muito a Michael. Outra, que a lhama de estimação do artista irritou Mercury a
ponto de desistir de gravar algo.
Logo, afirmaria que os dois se afastaram naturalmente
por conta de agenda, e porque Michael se isolou dos contatos sociais. Duas das
músicas seriam utilizadas em um futuro álbum solo de Michael Jackson, mas com a
participação de Mick Jagger.
Naquele ano, John Deacon se reuniu com um diretor de
vídeo, o qual queria que o Queen produzisse mais uma trilha sonora. Em nome da
banda, o baixista aceitou, e com os demais integrantes, passou a trabalhar em
novas músicas. No entanto, a idéia evoluiu para um álbum quando o diretor
afirmou que não tinha recursos para investir no material.
Após o material ter sido escrito, os integrantes foram
selecionar as músicas definitivas para The Works, e as músicas de Roger Taylor
não agradaram nenhum deles. Freddie disse ao baterista para trabalhar em uma
nova música, senão ficaria sem nenhuma para colaborar. Assim, Roger começou a
escrever ''Radio Ga Ga'', que mais tarde se tornaria seu maior sucesso autoral
na carreira do Queen.
No entanto, o relacionamento entre os integrantes
ainda era tenso. Freddie aceitou gravar apenas por questões contratuais, pois
estava desmotivado e reservado, não querendo contato com ninguém, se animando mais tarde. Em
razão do extremo fracasso de Hot Space, era de consenso geral entre os quatro
de que era necessário produzir um material mais condizente com a identidade já
construída pelo Queen.
Brian May investiu em mais peso em sua guitarra,
flertando com o heavy metal em ''Hammer to Fall'', enquanto Freddie construia
baladas típicas como ''It's a Hard Life''. John Deacon, mais uma vez produzia
seu material quieto, mas que seria um dos principais sucessos do Queen, ''I
Want to Break Free''. No fim das contas, mesmo com uma série de atritos, o
quarteto tinha o pensamento de que a banda era mais importante, ideia que os
manteve unidos.
Após o lançamento, o trabalho recebeu críticas mistas
e mesmo não repetindo a fórmula do disco anterior, continuou a vender pouco.
Durante a turnê, as tensões de Freddie o fizeram perder muitos amigos, e teve
problemas para se locomover, por ter sido ferido em uma briga em Nova Iorque.
No clipe de ''I Want To Break Free'', os membros da
banda atuaram vestidos de mulher, em referência à série Coronation Street. O
material que tinha um tom humorístico, foi bem recebido no Reino Unido, mas não
nos Estados Unidos, onde foi interpretado de forma errada por alguns como
apologia ao mundo gay. Os americanos são extremamente conservadores e existe muita homofobia no país. Como resposta, o Queen ignorou o país e nunca mais
fizeram um show na América do Norte. Quem será que saiu perdendo ?
Em outubro de 1984, a banda se apresentou em Sun City,
próximo a Joanesburgo, na África do Sul. O país estava em pleno regime do
apartheid, e foi recomendado para o Queen não tocar lá.
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Um pouquinho de história no meio da carreira do Queen: apartheid, ou separação, foi um regime de segregação racial, onde a minoria branca mandava no país através de um partido político. Esse regime iniciou em 1948 e findou em 1994. Durante esse período, vejam só que ironia, um país de origem negra, mas onde os negros não podiam dividir o espaço com os brancos na maioria dos lugares. Houve muita revolta, muitas mortes (negras é claro!). Dois de seus maiores opositores na história sul africana foram Steve Biko (morto pelo regime) e Nelson Mandela, que foi prisioneiro político durante muitos anos e depois que o apartheid terminou, tornou-se o primeiro negro presidente do país. Bem, isso é só para vocês entenderem o que se seguiu.
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Como represália, a imprensa criticou fortemente a atitude do quarteto, em tocar na África do Sul, em pleno regime de apartheid. Mas quando nenhum de seus integrantes foi chamado para
participar da gravação de ''Do They Know It's Christmas?'' do projeto Band Aid,
a situação desanimou muito o grupo, que até pensou em encerrar as atividades. Ao
mesmo tempo, uma canção de natal do Queen era divulgada, ''Thank God, it's
Christmas''.
Logo depois, no início de 1985 a banda voltou ao
Brasil para participar da primeira edição do Rock In Rio, que aconteceu na
Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. A apresentação que reuniu aproximadamente
300 mil pessoas foi positiva, contendo no repertório músicas de todas as fases
do Queen. ''Love Of My Life'' cantada, em grande parte pelo público, foi um dos
momentos mais marcantes do Rock In Rio. Meses depois, era lançado Mr. Bad Guy,
primeiro trabalho solo de Freddie Mercury.
A má situação do Queen perante a imprensa e público,
começou a mudar quando Bob Geldof os convidou para participar de um evento
beneficente chamado Live Aid, e o grupo viu ali como uma oportunidade de se
redimir. No entanto, alguns fatos os incomodaram: apresentar-se durante o dia,
e ter vários outros artistas e bandas tocando na mesma data.
David Bowie, The Who, Elton John e U2 eram alguns
deles. Paul McCartney, por exemplo, retornaria aos palcos pela primeira vez
após a morte de John Lennon. Mesmo com alguns impasses, aceitaram o desafio.
Concentrados em apresentar sucessos, em seus vinte
minutos de apresentação tocaram ''Bohemian Rhapsody'', ''Radio Ga Ga''
(lembrada por suas palmas em uníssono), ''Hammer To Fall'', ''Crazy Little
Thing Called Love'', ''We Will Rock You'', ''We Are The Champions'' e ''Is This
World We Created?''. A apresentação que aconteceu as 18 horas no estádio de
Wembley, foi considerada a mais memorável de todo o evento e melhorou a imagem
da banda que, renovada, retomaria seu ânimo.
Impulsionados pelo sucesso do Live Aid, o grupo se
reuniu em 1985 para compor e gravar novas músicas. ''One Vision'', de Roger
Taylor, foi adaptada pelos demais, que também ganharam créditos. Ao mesmo
tempo, receberam um convite para criarem uma trilha sonora para o filme de ação
e fantasia Highlander, do qual surgiu ''Who Wants To Live Forever'', de Brian
May e ''One Year Of Love'', de John Deacon, ambas com um arranjo de cordas
criado por Michael Kamen, músico que trabalhou anteriormente com o Pink Floyd em
The Wall e The Final Cut.
Ainda na mesma época, Freddie começou um
relacionamento com um cabeleireiro irlandês chamado Jim Hutton, e o namoro do
cantor com a atriz Barbara Valentin, que durou muitos anos, terminou. Ao mesmo tempo, uma nova doença, divulgada
preconceituosamente como ''peste gay'', começava a se espalhar. Eram os
primeiros indícios da AIDS. Alguns
amigos de Freddie começaram a morrer, e embora ainda não fosse portador da
doença, muitos à sua volta a contrairam. Ao contrário do que poderia se pensar,
Freddie não aumentou os cuidados na sua atividade sexual.
Em 1986, após a trilha sonora ser concluída, o Queen
começou a gravar o novo álbum. O produtor David Richards gravaria algumas
músicas juntamente com Brian e Roger no Mountain Studios, enquanto Mack faria o
mesmo com Freddie e John em outro estúdio.
O trabalho individualizado, que já havia enfrentado
problemas em Jazz, voltou em A Kind Of Magic. O trabalho se saiu mal nas
paradas norte-americanas, e recebeu críticas, em grande parte negativas. A
turnê de divulgação contou com uma estrutura complexa e o maior palco na
carreira da banda, mas a chegada dos quarenta anos, os nódulos vocais,
tabagismo e um estilo de vida pouco saudável, iam exigindo bem mais de Freddie,
que ainda conseguia realizar as apresentações.
O final da turnê foi em agosto, em Knebworth Park, que
reuniu aproximadamente 200 mil pessoas. Nesta época, John Deacon teve crises
imprevisíveis, em Knebworth em especial, o baixista quebrou seu instrumento com
seu amplificador, uma atitude que nem o próprio músico conseguia explicar. Foi
o último show do Queen com sua formação clássica.
1988 - 1991: OS ÚLTIMOS ANOS DE FREDDIE
Após o fim da turnê de A Kind Of Magic, Brian May
começou a trabalhar com um futuro álbum solo. Freddie fez o mesmo, lançando o
single de ''The Great Pretender''.
Após uma série de elogios e aproximações, o cantor
produziria um disco, de título Barcelona, juntamente com a cantora de ópera
Montserrat Caballé, da qual era fã e em 1992 planejavam cantar juntos na
estréia dos Jogos Olímpicos. Entretanto, entre abril e maio de 1987, Freddie foi
diagnosticado com o vírus da AIDS, fato que bagunçou todos os planos do
vocalista que, a princípio, manteve o quadro em segredo.
Roger Taylor decidiu fundar uma nova banda, chamada
The Cross e John Deacon fez gravações com Elton John, Cozy Powell e também
fundou um grupo, chamado The Immortals, que chegou a lançar apenas um single.
Em janeiro de 1988, o grupo se reuniu em Londres para
definir que, a partir daquele momento o futuro repertório inédito do Queen
seria creditado a todos, independentemente de seus reais compositores, para
evitar decisões guiadas pelo ego ou ganância.
Assim, os quatro também trabalhariam juntos novamente
no estúdio. Freddie se desdobrava entre as sessões do futuro álbum com as
gravações de Barcelona, enquanto, oficialmente não se pronunciava sobre sua
doença para seus colegas de trabalho. No entanto, em certo momento os músicos
já sabiam, exceto o produtor David Richards, que pensava que ele estivesse com
câncer.
No mesmo período, Brian passava por um momento
turbulento em sua vida pessoal, que estava cada vez mais traumática e já
apresentava sinais de depressão. Assumiu publicamente seu relacionamento com
Anita Dobson, separou-se da sua esposa e de seus filhos e em junho de 1988,
perdeu seu pai.
No entanto, há participação intensa de Brian no álbum.
''I Want It All'', o primeiro single do álbum, tornou-se um dos maiores
sucessos do Queen. The Miracle estreou no primeiro lugar nas paradas do Reino
Unido, e nos Estados Unidos teve um desempenho regular, embora superior à Kind
Of Magic.
A mídia especializada, em geral teve opiniões mistas a
positivas, sendo considerado um álbum mais orientado ao rock que a banda fazia
anteriormente. Sobre o projeto, Roger Taylor considerou que ''era o melhor
álbum do Queen em dez anos, facilmente''.
Ao lançar o single ''I Want It All'' em abril de 1989,
a banda anunciou que não faria turnê do álbum. Freddie afirmou que queria
quebrar o ciclo que faziam desde o início da carreira.
Os clipes gravados para as músicas de trabalho foram
mais complexos do que os anteriores, utilizando vários recursos que diminuissem
o foco em Freddie.
Nestes, o cantor deixou a barba crescer, o que o
ajudou a esconder os sinais do Sarcoma de Kaposi em sua pele. No último video
gravado, da música ''The Miracle'', o quarteto teve a ideia de contratar atores
mirins para atuar, com o grupo aparecendo no final.
Freddie, nestas imagens pareceu mais envelhecido e
fraco do que na última turnê. Brian e Roger ficaram responsáveis por promover o
trabalho, e negaram todos os boatos sobre uma possível doença de Freddie
Mercury.
Poucos meses depois do lançamento de The Miracle, Freddie
voltou sozinho ao estúdio para produzir músicas. Foi nessa época que o cantor
revelou aos seus colegas ser portador do vírus da AIDS, em uma reunião formal.
O diagnóstico entristeceu e arrasou com os demais
integrantes, que estiveram dispostos a trabalhar num futuro álbum, pelo pouco
tempo de vida que Freddie ainda poderia ter. O cantor pediu para que ninguém
contasse sobre o vírus, fato que fez a banda criar uma espécie de escudo
protetor sob o vocalista. O repertório conteve algumas músicas que sobraram de
Barcelona, The Miracle e músicas que anteriormente estavam destinadas ao futuro
trabalho solo de Brian May.
As gravações, no início foram intensas, durando
semanas ininterruptas. Porém, quando o Queen foi receber o Brit Awards, Freddie
Mercury estava com uma aparência ainda mais diferente.
Com uma roupa folgada, cabelo ralo e barba espessa,
apenas agradeceu, enquanto Brian May fez o discurso. O ocorrido só fez aumentar
as especulações de que Freddie estava doente, e foi sua última aparição
pública.
O single ''Innuendo'' foi lançado em janeiro de 1991
e, por causa do estado frágil de Freddie, a banda resolveu fazer um clipe com
ilustrações. Cada ação para preservar o silêncio do artista era questionada
pela imprensa, mas os músicos negavam tudo.
O álbum, distribuído no início daquele ano teve a
mesma recepção de The Miracle, diferenciando-se pelo fato de que a mídia
especializada destacava as letras mais sérias e reflexivas.
Nas divulgações públicas do trabalho, apenas Brian e
Roger participavam, e a falta de John e Freddie era sempre notada. Mas foi no
clipe de ''These Are The Days Of Our Lives'' que evidenciou a fraqueza do
cantor, que mal podia se mover por causa de uma lesão no pé. O último recado vindo do Queen, foi a música "The Show Must Go On", que literalmente é, "o show tem que continuar". Mas sem Freddie, pois o clipe foi uma montagem com os demais feitos pela banda, já que ele estava muito enfraquecido, impossibilitado para se movimentar.
Nos últimos meses de sua vida, Freddie preferiu
cercar-se de pessoas nas quais confiava, como Mary Austin, sua ex-noiva, seu
namorado Jim Hutton (o qual tinha descoberto também ser soropositivo), Mike
Moran, Dave Clark, e seu motorista Terry Giddings. Seu testamento, feito pouco
após seu aniversário, renderia muitas surpresas.
Mesmo temeroso sobre os efeitos que teria, caso
assumisse a doença, Freddie pensou que era a melhor hora. O estigma da AIDS,
como uma doença gay tinha diminuído, mas a principal preocupação do cantor
estava no impacto que poderia causar às famílias de amigos próximos,
principalmente as dos demais integrantes do Queen.
O comunicado foi divulgado um dia antes de sua morte:
''Seguindo a enorme comoção da mídia nas últimas duas semanas, eu gostaria de
confirmar que fui testado como soropositivo e tenho AIDS. Eu senti que era
melhor manter isso privado até agora para proteger a mim e àqueles ao meu
redor. No entanto, chegou a hora de meus amigos e meus fãs saberem a verdade, e
espero que todos se juntem a mim e aos meus médicos na luta contra essa
terrível doença. Minha privacidade sempre foi importante para mim e sou famoso
por minha falta de entrevistas, por favor, entendam que essa política
continuará''.
Seu funeral aconteceu em Londres três dias depois,
assistido por trinta e cinco pessoas, incluindo a família de Freddie, os
integrantes e o empresário do Queen, Mary Austin, Jim Hutton e poucas outras
pessoas.
O corpo do cantor foi cremado e suas cinzas foram
entregues a Mary Austin, sendo que apenas ela, a família do cantor e os
integrantes do Queen sabem onde as cinzas foram depositadas, e nunca revelarem
seu paradeiro. Mary ficou com a maior parte da herança do cantor.
Mas este que seria o fim de uma banda, foi apenas mais uma pausa, para reiniciar com aqueles trabalhos que ficaram inacabados. Mas isso é assunto para a próxima postagem, a quarta parte sobre a carreira da banda Queen. Fiquem com mais do Queen e de Freddie Mercury em carreira solo, em: