Olá galera que curte o Blog do Véio! Eu disse que seria rápido a postagem da segunda parte do Camaleão. Nessa fase, pesadíssima, diga-se de passagem, o camaleão flertou com drogas pesadas e ... Leiam e vejam como ele enfrentou essa fase.
Ziggy
Stardust
Em
sua tentativa musical seguinte, Bowie desafiou, nas palavras do biógrafo David
Buckey, “a crença central da música rock de sua época” e “criou, provavelmente,
o maior culto da cultura popular”. Vestido com um traje notável, seus cabelos
tingidos de vermelho, e o rosto e os lábios fortemente maquiados, Bowie
inaugurou a apresentação de Ziggy Stardust com a banda The Spiders From Mars, Mick Ronson, Trevor Bolder e Mick Woodmansey,
num pub chamado Toby Jug, em Tolworth, em 10 de fevereiro de 1972.
A
apresentação foi um sucesso e o levou ao estrelato. Ziggy And The Spiders
From Mars viajaram pelo Reino Unido ao longo dos próximos seis meses e
disseminaram um “culto a Bowie” que “era único, sua influência durou mais tempo
e tem sido mais criativa do que talvez quase todas as forças dentro da cultura
pop”.Combinando elementos do hard rock de The Man Who Sold The World com o rock
mais leve e experimental de Hunky Dory,
o disco The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars
(1972) foi lançado em junho. “Starman”, divulgada como a música
principal do álbum, fez com que o Reino Unido focasse todos seus olhos em
Bowie. Ambos, o single e o LP atingiram o topo rapidamente após sua performance
da música ser apresentada em julho no Top Of The Pops. O álbum, que
permaneceria nas paradas por dois anos, logo se juntou ao Hunky Dory, que agora fazia seis meses de idade. Ao mesmo tempo, as
músicas “John, I’m Only Dancing” e “All The Young Dudes”, escritas e produzidas
para Mott The Hoople, tornaram-se
sucesso em seu país de origem. A Ziggy
Stardust Tour continuou pelos Estados Unidos.
David
Bowie contribuiu com back vocals no álbum solo Transformer (1972) de
Lou Reed, co-produzindo o disco com Mick Ronson. O álbum Aladdin Sane (1973), que ainda trazia o
glam rock à tona, atingiu o primeiro lugar no Reino Unido, tornando-se seu
primeiro álbum a alcançar tal posição. Descrito pelo próprio Bowie como “Ziggy
vai à America”, contém músicas que ele escreveu durante a viagem aos Estados
Unidos, que depois continuou pelo Japão para promover o novo álbum de 1973. Aladdin Sane foi o primeiro álbum de
Bowie realizado quando ele já era, de certa forma, conhecido como pop star, e
trouxe outros sucessos, como “The Jean Genie”, “Drive-In Saturday” e “Let’s
Spend The Night Together”, cover dos Rolling Stones.
Seu
amor em atuar o fez emergir em personagens criados para suas músicas. “Fora dos
palcos sou um robô. No palco eu adquiro emoção. Provavelmente por isso que
prefiro vestir-me como Ziggy do que como David”. Porém, com a satisfação,
vieram graves dificuldades pessoais: atuando como a mesma pessoa por um longo
período, tornou-se impossível separar Ziggy Stardust e, mais tarde, o Thin White Duke de sua própria pessoa
nos bastidores. Ziggy/Bowie disse certa vez: “não me deixava sozinho durante
anos. Foi quando tudo começou a azedar... Minha própria personalidade como um
todo havia sido afetada. Tornou-se muito perigoso. Eu realmente tinha dúvidas
sobre minha própria sanidade”.
Suas
apresentações tardias como Ziggy, que incluíam músicas do disco Ziggy Stardust bem como do Aladdin Sane, eram ultrateatrais, muitas
vezes utilizando elementos da mímica aprendida antes com Lindsay Kemp, e cheias
de momentos chocantes, em cenas nas quais Bowie simulava um sexo oral na
guitarra
de um Mick Ronson elétrico. David Bowie viajou e deu conferências de imprensa
como Ziggy antes de uma abrupta e dramática “aposentadoria” dos palcos no
Hammersmith Odeon, Londres, em 03 de julho de 1973. Foram realizadas filmagens
desse evento final e histórico, e lançadas em 1983 como Ziggy Stardust And The Spiders From Mars, dirigido por D. A.
Pennebaker.
O "famoso" sexo oral com a guitarra. |
Depois
de romper a união bem-sucedida com os Spiders From Mars, Bowie tentou deixar
Ziggy para trás. Seu catálogo anterior aos sucessos de 1972 estavam sendo cada
vez mais requisitados: The Man Who Sold
The World foi relançado em 1972, junto com Space Oddity. “Life On Mars”, de Hunky Dory, é lançado em junho de 1973 e chegou à terceira posição
na U.K. Singles Chart. Em setembro do mesmo ano, “The Laughing Gnome”, gravado
originalmente em 1967, atingiria a quarta posição. Pin Ups, coleção de
covers de suas músicas
preferidas
da década de 60, foi lançado em outubro de 1973, e trouxe o hit “Sorrow”, que
alcançou a primeira posição, dando a Bowie o crédito de artista mais vendido no
Reino Unido em 1973. Também cresceram a vendagem de seus álbuns anteriores, que
chegaram, juntos à sexta posição no U. K. Chart.
Soul, Funk e o Thin White Duke (1974 – 1976)
Bowie
mudou-se para os Estados Unidos em 1974, hospedando-se em Nova Iorque antes de
se estabelecer em Los Angeles. Diamond Dogs (1974),
álbum
que o encontrou dividido entre o funk e o soul, derivou-se de duas ideias
distintas: um musical baseado num futuro selvagem e sediado numa cidade
pós-apocalíptica e a tarefa de musicar o livro 1984 de George Orwell. O disco alcançou a
primeira posição no Reino Unido e a quinta nos Estados Unidos, gerando os sucessos “Rebel Rebel” e
“Diamond Dogs”. Para promove-lo, Bowie lançou a Diamond Dogs Tour, visitando
cidades da América do Norte entre junho e dezembro de 1974.
Com
coreografias de Toni Basil, e ricamente produzido com elementos teatrais e
efeitos especiais, a produção de alto orçamento foi filmada por Alan Yentob. O
resultado dessas imagens foi o documentário Cracked Actor,
apresentando um Bowie pálido e magérrimo: de fato, a turnê coincidiu com o fato
do cantor em usar constantes doses de cocaína, que o afetou com debilidades
físicas graves, paranoias e problemas emocionais. Mais tarde Bowie comentaria
que
seu primeiro álbum ao vivo, David Live (David ao vivo, em 1974), deveria se chamar “David Bowie Está
Vivo e Bem e Vivendo Apenas na Teoria”. David
Live, no entanto, solidificou seu status de superstar, e alcançou a segunda
posição no Reino Unido e a oitava nos Estados Unidos. Depois de uma curta pausa
na Filadélfia, onde David Bowie também gravou novo material, a turnê recomeçou
com um novo destaque para a música soul.
O
fruto dessas sessões de gravação na Filadélfia foi o disco Young Americans (1975). O
biógrafo Christopher Sandford comenta: “Ao longo dos
anos,
a maioria dos roqueiros britânicos tentaram, de uma forma ou outra, tornarem-se
negros por extensão. Poucos tinham se sucedido tão bem como David Bowie”. A
levada do álbum, que o cantor chamou de plastic soul, constituiu uma mudança
radical no estilo, que, inicialmente, alienou muitos de seus devotos do Reino Unido.
Young Americans trouxe a primeira
música de Bowie a atingir a primeira posição nos Estados Unidos, “Fame”, escrita juntamente com John
Lennon, que também contribuiu com backing vocals, e Carlos Alomar.
Distinguindo-se como um dos primeiros artistas brancos a aparecer no programa
de variedades americano Soul Train,
Bowie cantou “Fame” e “Golden Years”, seu single de outubro. O disco foi um
sucesso comercial nos estados Unidos e no Reino Unido e, aproveitando tal
prestígio, as gravadoras relançaram “Space Oddity” de 1969, que veio a ser a
primeira música do artista a atingir a primeira posição no Reino Unido, meses
depois de “Fame” alcançar o mesmo nos Estados Unidos.
Embora
seu estrelato nessa época estivesse melhor estabelecido, Bowie só existia essencialmente
quando podia mudar e surpreender, mesmo com as vendas estabelecidas de suas
gravações (na época, mais de um milhão de cópias só do álbum Ziggy Stardust). Em 1975, ecoando o
desentendimento amargo que teve com Kein Pitt cinco anos antes, Bowie demitiu
seu novo empresário. No auge do conflito que se seguiu em meses de duração na
justiça, assistiu, como descreve o biógrafo Christopher Sanford, “milhões de
dólares de seus ganhos futuros serem entregues a DeFries em termos excepcionalmente
generosos”, e então “trancafiou-se na West 20th Street, onde por uma semana
seus gritos podiam ser ouvidos através da porta do sótão trancado. “Michael
Lippman, seu advogado durante as negociações, tornou-se também seu mais novo
empresário. Lippman, por sua vez, receberia uma compensação significativa
depois de também ser demitido por Bowie, no ano seguinte.
Station
to Station (1976) apresentava uma nova persona, o “Thin
White Duke” do título principal. Visualmente, era uma extensão de Thomas Jerome
Newton,
o extraterrestre que ele retratou no filme The
Man Who Fell to Earth do mesmo ano. Desenvolvendo o funk e o soul de Young Americans, este novo disco também
sintetizaria a música de seus próximos lançamentos. Trazia um Bowie interessado
em misticismo e na Cabala. Sua dependência tóxica tornou-se pública quando
Bowie foi entrevistado por Russel Harty no programa London Weekend Television, numa antecipação da turnê do álbum.
Pouco antes da entrevista propagada via satélite começar, era anunciada a morte
do ditador espanhol General Franco. Pediram para que Bowie abandonasse a
reserva do satélite a fim de que permitisse que o governo espanhol transmitisse
notícias sobre o ocorrido. Recusou-se a fazê-lo, e sua entrevista continuou. Na
conversa em que se seguiu, conforme descrito pelo biógrafo David Buckley, “o
cantor não deu nenhum sentido àquela que foi uma entrevista bastante extensa.
Bowie parecia completamente desconexo e mal conseguia pronunciar uma frase
coerente”. Sua sanidade tornou-se distorcida pela cocaína e ele sofreu
overdoses durante todo o ano, além de emagrecer fisicamente de maneira
alarmante.
O
lançamento de Station to Station aconteceu em janeiro de 1976 e foi seguido
em fevereiro por uma turnê de três anos e meio pela Europa e America do Norte.
Apresentando todas as faixas do disco, a Isolar
– 1976 Tour, também destacou as músicas do álbum, incluindo a dramática e
longa “Station to Station”, faixa-título do álbum e as baladas “Wild Is The
Wind” e “Word On a Wing”, além dos funks “TVC 15” e “Stay”.
A
banda que tocou no disco e na turnê era formada pelo guitarrista Carlos Alomar,
do baixista George Murray e do baterista Dennis Davis, que continuariam como
unidade estável e criativa pelos próximos anos da década. A turnê foi bem sucedida,
mas foi cercada por controvérsias políticas. Em Estocolmo, foi creditada a
Bowie a frase de que “a Grã-Bretanha poderia beneficiar-se de um líder
fascista” e posteriormente ele foi preso pela alfândega na fronteira
Rússia-Polônia por posse de parafernálias nazistas.
Nessa
época, também ocorreu o “incidente da Estação Victoria”. O que foi
isso:
chegando num conversível Mercedes-Benz, Bowie acenou para a multidão em um
gesto que alguns alegaram ter sido a saudação nazista, e cuja fotografia foi
tirada e publicada na News Musical Express. Bowie afirmou tempos depois que o
fotógrafo simplesmente havia o pegado acenando, declaração apoiada pelo então
jovem Gary Numan, que estava entre a multidão naquele dia. “Pense nisso: se um
fotógrafo tira uma foto de alguém acenando, você vai ter uma saudação nazi no
final do movimento de cada braço. Tudo que você precisa é algum idiota num
jornal de música ou algo do tipo para fazer uma matéria sobre isso...”.
Mais
tarde, o músico também se arrependeu por seus comentários pró-fascismo e seu
comportamento durante o período de vícios e do caráter do Thin White Duke.
Disse: “Eu estava fora da minha mente, totalmente enlouquecido. As únicas
coisas das quais eu estava ligado eram mitologia... aquela coisa toda sobre Hitler
e o Direitismo... Eu descobri o Rei Artur...”. De acordo com o dramaturgo Alan
Franks, escrevendo mais tarde no The Times, “ele realmente estava demente” e
teve experiências muito ruins com drogas pesadas.
Bem por enquanto era isso. Na próxima postagem, a terceira parte da vida do camaleão David Bowie. Até lá e, fiquem com mais de Bowie em:
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