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domingo, 10 de abril de 2016

O Camaleão David Bowie - Parte 2

Olá galera que curte o Blog do Véio! Eu disse que seria rápido a postagem da segunda parte do Camaleão. Nessa fase, pesadíssima, diga-se de passagem, o camaleão flertou com drogas pesadas e ... Leiam e vejam como ele enfrentou essa fase.


Ziggy Stardust

Em sua tentativa musical seguinte, Bowie desafiou, nas palavras do biógrafo David Buckey, “a crença central da música rock de sua época” e “criou, provavelmente, o maior culto da cultura popular”. Vestido com um traje notável, seus cabelos tingidos de vermelho, e o rosto e os lábios fortemente maquiados, Bowie inaugurou a apresentação de Ziggy Stardust com a banda The Spiders From Mars, Mick Ronson, Trevor Bolder e Mick Woodmansey, num pub chamado Toby Jug, em Tolworth, em 10 de fevereiro de 1972.

A apresentação foi um sucesso e o levou ao estrelato. Ziggy And The Spiders
From Mars viajaram pelo Reino Unido ao longo dos próximos seis meses e disseminaram um “culto a Bowie” que “era único, sua influência durou mais tempo e tem sido mais criativa do que talvez quase todas as forças dentro da cultura pop”.Combinando elementos do hard rock de The Man Who Sold The World com o rock mais leve e experimental de Hunky Dory, o disco The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars (1972) foi lançado em junho. “Starman”, divulgada como a música principal do álbum, fez com que o Reino Unido focasse todos seus olhos em Bowie. Ambos, o single e o LP atingiram o topo rapidamente após sua performance da música ser apresentada em julho no Top Of The Pops. O álbum, que permaneceria nas paradas por dois anos, logo se juntou ao Hunky Dory, que agora fazia seis meses de idade. Ao mesmo tempo, as músicas “John, I’m Only Dancing” e “All The Young Dudes”, escritas e produzidas para Mott The Hoople, tornaram-se sucesso em seu país de origem. A Ziggy Stardust Tour continuou pelos Estados Unidos.

David Bowie contribuiu com back vocals no álbum solo Transformer (1972) de

Lou Reed, co-produzindo o disco com Mick Ronson. O álbum Aladdin Sane (1973), que ainda trazia o glam rock à tona, atingiu o primeiro lugar no Reino Unido, tornando-se seu primeiro álbum a alcançar tal posição. Descrito pelo próprio Bowie como “Ziggy vai à America”, contém músicas que ele escreveu durante a viagem aos Estados Unidos, que depois continuou pelo Japão para promover o novo álbum de 1973. Aladdin Sane foi o primeiro álbum de Bowie realizado quando ele já era, de certa forma, conhecido como pop star, e trouxe outros sucessos, como “The Jean Genie”, “Drive-In Saturday” e “Let’s Spend The Night Together”, cover dos Rolling Stones.


Seu amor em atuar o fez emergir em personagens criados para suas músicas. “Fora dos palcos sou um robô. No palco eu adquiro emoção. Provavelmente por isso que prefiro vestir-me como Ziggy do que como David”. Porém, com a satisfação, vieram graves dificuldades pessoais: atuando como a mesma pessoa por um longo período, tornou-se impossível separar Ziggy Stardust e, mais tarde, o Thin White Duke de sua própria pessoa nos bastidores. Ziggy/Bowie disse certa vez: “não me deixava sozinho durante anos. Foi quando tudo começou a azedar... Minha própria personalidade como um todo havia sido afetada. Tornou-se muito perigoso. Eu realmente tinha dúvidas sobre minha própria sanidade”.

Suas apresentações tardias como Ziggy, que incluíam músicas do disco Ziggy Stardust bem como do Aladdin Sane, eram ultrateatrais, muitas vezes utilizando elementos da mímica aprendida antes com Lindsay Kemp, e cheias de momentos chocantes, em cenas nas quais Bowie simulava um sexo oral na
O "famoso" sexo oral com a guitarra.
guitarra de um Mick Ronson elétrico. David Bowie viajou e deu conferências de imprensa como Ziggy antes de uma abrupta e dramática “aposentadoria” dos palcos no Hammersmith Odeon, Londres, em 03 de julho de 1973. Foram realizadas filmagens desse evento final e histórico, e lançadas em 1983 como Ziggy Stardust And The Spiders From Mars, dirigido por D. A. Pennebaker.

Depois de romper a união bem-sucedida com os Spiders From Mars, Bowie tentou deixar Ziggy para trás. Seu catálogo anterior aos sucessos de 1972 estavam sendo cada vez mais requisitados: The Man Who Sold The World foi relançado em 1972, junto com Space Oddity. “Life On Mars”, de Hunky Dory, é lançado em junho de 1973 e chegou à terceira posição na U.K. Singles Chart. Em setembro do mesmo ano, “The Laughing Gnome”, gravado originalmente em 1967, atingiria a quarta posição. Pin Ups, coleção de covers de suas músicas
preferidas da década de 60, foi lançado em outubro de 1973, e trouxe o hit “Sorrow”, que alcançou a primeira posição, dando a Bowie o crédito de artista mais vendido no Reino Unido em 1973. Também cresceram a vendagem de seus álbuns anteriores, que chegaram, juntos à sexta posição no U. K. Chart.

Soul, Funk e o Thin White Duke (1974 – 1976)

Bowie mudou-se para os Estados Unidos em 1974, hospedando-se em Nova Iorque antes de se estabelecer em Los Angeles. Diamond Dogs (1974),
álbum que o encontrou dividido entre o funk e o soul, derivou-se de duas ideias distintas: um musical baseado num futuro selvagem e sediado numa cidade pós-apocalíptica e a tarefa de musicar o livro 1984 de George Orwell. O disco alcançou a primeira posição no Reino Unido e a quinta nos Estados Unidos, gerando os sucessos “Rebel Rebel” e “Diamond Dogs”. Para promove-lo, Bowie lançou a Diamond Dogs Tour, visitando cidades da América do Norte entre junho e dezembro de 1974.

Com coreografias de Toni Basil, e ricamente produzido com elementos teatrais e efeitos especiais, a produção de alto orçamento foi filmada por Alan Yentob. O resultado dessas imagens foi o documentário Cracked Actor, apresentando um Bowie pálido e magérrimo: de fato, a turnê coincidiu com o fato do cantor em usar constantes doses de cocaína, que o afetou com debilidades físicas graves, paranoias e problemas emocionais. Mais tarde Bowie comentaria que

seu primeiro álbum ao vivo, David Live (David ao vivo, em  1974), deveria se chamar “David Bowie Está Vivo e Bem e Vivendo Apenas na Teoria”. David Live, no entanto, solidificou seu status de superstar, e alcançou a segunda posição no Reino Unido e a oitava nos Estados Unidos. Depois de uma curta pausa na Filadélfia, onde David Bowie também gravou novo material, a turnê recomeçou com um novo destaque para a música soul.


O fruto dessas sessões de gravação na Filadélfia foi o disco Young Americans (1975). O biógrafo Christopher Sandford comenta: “Ao longo dos
anos, a maioria dos roqueiros britânicos tentaram, de uma forma ou outra, tornarem-se negros por extensão. Poucos tinham se sucedido tão bem como David Bowie”. A levada do álbum, que o cantor chamou de plastic soul, constituiu uma mudança radical no estilo, que, inicialmente, alienou muitos de seus devotos do Reino Unido. Young Americans trouxe a primeira música de Bowie a atingir a primeira posição nos Estados Unidos, “Fame”, escrita juntamente com John Lennon, que também contribuiu com backing vocals, e Carlos Alomar. Distinguindo-se como um dos primeiros artistas brancos a aparecer no programa de variedades americano Soul Train, Bowie cantou “Fame” e “Golden Years”, seu single de outubro. O disco foi um sucesso comercial nos estados Unidos e no Reino Unido e, aproveitando tal prestígio, as gravadoras relançaram “Space Oddity” de 1969, que veio a ser a primeira música do artista a atingir a primeira posição no Reino Unido, meses depois de “Fame” alcançar o mesmo nos Estados Unidos.

Embora seu estrelato nessa época estivesse melhor estabelecido, Bowie só existia essencialmente quando podia mudar e surpreender, mesmo com as vendas estabelecidas de suas gravações (na época, mais de um milhão de cópias só do álbum Ziggy Stardust). Em 1975, ecoando o desentendimento amargo que teve com Kein Pitt cinco anos antes, Bowie demitiu seu novo empresário. No auge do conflito que se seguiu em meses de duração na justiça, assistiu, como descreve o biógrafo Christopher Sanford, “milhões de dólares de seus ganhos futuros serem entregues a DeFries em termos excepcionalmente generosos”, e então “trancafiou-se na West 20th Street, onde por uma semana seus gritos podiam ser ouvidos através da porta do sótão trancado. “Michael Lippman, seu advogado durante as negociações, tornou-se também seu mais novo empresário. Lippman, por sua vez, receberia uma compensação significativa depois de também ser demitido por Bowie, no ano seguinte.

Station to Station (1976) apresentava uma nova persona, o “Thin White Duke” do título principal. Visualmente, era uma extensão de Thomas Jerome
Newton, o extraterrestre que ele retratou no filme The Man Who Fell to Earth do mesmo ano. Desenvolvendo o funk e o soul de Young Americans, este novo disco também sintetizaria a música de seus próximos lançamentos. Trazia um Bowie interessado em misticismo e na Cabala. Sua dependência tóxica tornou-se pública quando Bowie foi entrevistado por Russel Harty no programa London Weekend Television, numa antecipação da turnê do álbum. Pouco antes da entrevista propagada via satélite começar, era anunciada a morte do ditador espanhol General Franco. Pediram para que Bowie abandonasse a reserva do satélite a fim de que permitisse que o governo espanhol transmitisse notícias sobre o ocorrido. Recusou-se a fazê-lo, e sua entrevista continuou. Na conversa em que se seguiu, conforme descrito pelo biógrafo David Buckley, “o cantor não deu nenhum sentido àquela que foi uma entrevista bastante extensa. Bowie parecia completamente desconexo e mal conseguia pronunciar uma frase coerente”. Sua sanidade tornou-se distorcida pela cocaína e ele sofreu overdoses durante todo o ano, além de emagrecer fisicamente de maneira alarmante.

O lançamento de Station to Station aconteceu em janeiro de 1976 e foi seguido em fevereiro por uma turnê de três anos e meio pela Europa e America do Norte. Apresentando todas as faixas do disco, a Isolar – 1976 Tour, também destacou as músicas do álbum, incluindo a dramática e longa “Station to Station”, faixa-título do álbum e as baladas “Wild Is The Wind” e “Word On a Wing”, além dos funks “TVC 15” e “Stay”.

A banda que tocou no disco e na turnê era formada pelo guitarrista Carlos Alomar, do baixista George Murray e do baterista Dennis Davis, que continuariam como unidade estável e criativa pelos próximos anos da década. A turnê foi bem sucedida, mas foi cercada por controvérsias políticas. Em Estocolmo, foi creditada a Bowie a frase de que “a Grã-Bretanha poderia beneficiar-se de um líder fascista” e posteriormente ele foi preso pela alfândega na fronteira Rússia-Polônia por posse de parafernálias nazistas.

Nessa época, também ocorreu o “incidente da Estação Victoria”. O que foi
isso: chegando num conversível Mercedes-Benz, Bowie acenou para a multidão em um gesto que alguns alegaram ter sido a saudação nazista, e cuja fotografia foi tirada e publicada na News Musical Express. Bowie afirmou tempos depois que o fotógrafo simplesmente havia o pegado acenando, declaração apoiada pelo então jovem Gary Numan, que estava entre a multidão naquele dia. “Pense nisso: se um fotógrafo tira uma foto de alguém acenando, você vai ter uma saudação nazi no final do movimento de cada braço. Tudo que você precisa é algum idiota num jornal de música ou algo do tipo para fazer uma matéria sobre isso...”. 


Mais tarde, o músico também se arrependeu por seus comentários pró-fascismo e seu comportamento durante o período de vícios e do caráter do Thin White Duke. Disse: “Eu estava fora da minha mente, totalmente enlouquecido. As únicas coisas das quais eu estava ligado eram mitologia... aquela coisa toda sobre Hitler e o Direitismo... Eu descobri o Rei Artur...”. De acordo com o dramaturgo Alan Franks, escrevendo mais tarde no The Times, “ele realmente estava demente” e teve experiências muito ruins com drogas pesadas.

Bem por enquanto era isso. Na próxima postagem, a terceira parte da vida do camaleão David Bowie. Até lá e, fiquem com mais de Bowie em:


















































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