Olá
galera que acompanha o Blog do Veio! É muito bom estar de volta e saber que
vocês sentiram a falta de informações e curiosidades sobre o mundo da música.
Nesta postagem continuarei falando sobre as perdas no mundo musical, desta vez
falando sobre um importante personagem desse mundo maravilhoso da música, que
nos deixou em janeiro, o camaleão David Robert ‘Bowie’ Jones.
DAVID BOWIE, UM CAMALEÃO MUSICAL
Nascido
em Brixton, Londres, em 08 de janeiro de 1947, sob o nome David Robert Jones,
foi um cantor, compositor, ator e produtor musical inglês. Muitas vezes foi
referido como “Camaleão do Rock” pela capacidade de sempre renovar sua imagem, tendo
sido um artista importante para a música pop nestes 50 anos e é considerado um
dos músicos mais inovadores e, ainda, influente de todos os tempos, sobretudo
por seu trabalho nas décadas de 70 e 80, além de se diferenciar por possuir um
vocal característico e pela profundidade intelectual de sua obra.
SEUS PRIMEIROS PASSOS NO MUNDO
ARTÍSTICO (1947 – 1962)
ARTÍSTICO (1947 – 1962)
David
morou numa Londres, que, segundo seu vizinho, na década de 40 era o pior lugar
para uma criança nascer. Desde cedo descobriu-se que David tinha talento para
cantar, por isso o colocaram em um coral. Lá, sua voz foi considerada
“adequada” no coral da escola, onde ele demonstrou uma capacidade musical acima
da média. Aos nove anos foi inserido no método educativo de escutar sons e
dançar, e sua dança agradou aos professores, que o achavam “vividamente
artística” e sua postura “surpreendente” para uma criança. Claro, David vivia a
música que escutava e a dança era consequência.
Neste
mesmo ano, seu interesse pela música cresceu quando seu pai trouxe
para
casa discos de vinis de uma coleção americana com músicas cantadas por Frankie
Lymon & The Teenagers, The Platters, Fats Domino, Elvis Presley e Little
Richard. Ao ouvir Richard cantar “Tutti Frutti”, Bowie diria mais tarde: “Eu tinha escutado a voz de Deus”. Da
mesma forma, o impacto de Elvis em sua vida também foi imediato: “Eu vi uma prima minha dançar “Hound Dog” e
eu nunca tinha visto ela se levantar e se mover tanto por nada. Realmente me
impressionou, o poder da música. Comecei a procurar discos depois disso”.
Depois disso, sua empolgação foi tanta que ele começou a aprender novos
instrumentos, além de piano, enquanto isso se apresentava para seus amigos
escoteiros fingindo ser Elvis e Chuck Berry e sua presença no palco era
descrita como “fascinante ...como alguém
de outro planeta”.
David
estudou arte, música e desenho. Mais tarde seu meio-irmão por parte de mãe o
apresentou ao jazz moderno e seu entusiasmo por instrumentistas como Charles
Mingus e John Coltrane levou sua mãe a lhe dar um saxofone alto em 1961. Não
demorou para que o garoto recebesse aulas de um músico local.
Em 1962, metido em uma briga por conta de uma
garota, recebeu um ferimento grave na escola, quando o amigo George Underwood
lhe deu um forte soco no olho esquerdo, usando um grande anel no dedo. Os
médicos temiam que ele viesse a perder parcialmente a visão. Foi forçado a
ficar fora da escola para uma série de operações durante uma internação de
quatro meses. O dano não pôde ser totalmente reparado, deixando-o com a
percepção deficiente e com a pupila permanentemente dilatada (tempos depois
isso tornaria-se sua marca pessoal, que embora tenha os dois olhos azuis,
aparenta ter um olho de cada cor, fenômeno conhecido por heterocromia. Alguns
acreditavam que seu olho fosse de vidro, mas, na realidade, o problema em seu
olho é chamado de anisocoria, que, no seu caso, o deixou com a pupila permanentemente
dilatada). Apesar da briga violenta, Underwood e David continuaram amigos, e
Underwood passou a cuidar da parte artística dos primeiros discos de David.
OS KON-RADS E OS RIOT SQUADS (1962 –
1968)
Em
1962, David formou sua primeira banda, aos 15 anos de idade. Os Kon-rads
tocavam guitarra baseados no rock and roll em festas jovens e casamentos, e
tinham uma formação que variava entre quatro e oito membros, entre eles
Underwood. Ao deixar a escola técnica no ano seguinte, David informou a seus
pais o seu sonho de tornar-se uma estrela do rock. Não demorou muito para sua
mãe arranjar um emprego de ajudante de eletricista para David. Frustrado pelas
limitadas aspirações que seus colegas de banda tinham, David deixou a Kon-rads
e formou outra banda os King Bees.
David
escreveu uma carta a um empresário inglês bem-sucedido, chamado John Bloom, que
trabalhava com máquinas de lavar, convidando-o a “fazer por nós o que Brian Epstein fez pelos Beatles, e fazer mais um
milhão”. Bloom não respondeu à oferta, mas encaminhou o convite à Leslie
Conn, parceiro de Dick James, que o contratou, fazendo dessa a primeira gestão
pessoal do artista. Leslie Conn logo começou a promover o trabalho de David.
O
primeiro single do cantor, “Liza Jane”, creditado à David Jones e os King Bees,
não alcançou nenhum sucesso comercial. Desapontado com os King Bees e o
repertório blues de Howlin’ Wolf e Willie Dixon, David deixou a banda e menos
de um mês entrou para a Manish Boys, banda com levada blues, mas que também incorporava
elementos do folk e soul: “Eu costumava
sonhar em ser o Mick Jagger deles”, recordaria David anos mais tarde. “I
Pity The Fool” não teve sucesso maior que “Liza Jane”, e não demorou para que
David mudasse novamente de grupo, dessa vez entrando para o Lower Third, trio
de blues fortemente influenciado por The Who. “You’ve Got a Habit Of Leaving”
não se saiu melhor que as outras e marcou o fim do contrato com Leslie Conn.
Apesar
de mais uma vez estar decepcionado, David continuou no Lower Third. Seu novo
empresário, Ralph Horton, seria uma figura importante em sua transição para
artista solo mais tarde, e também o apoiou quando David mudou-se para outro
grupo, o Buzz, cuja música “Do Anything You Say” foi um verdadeiro fracasso.
Enquanto era contratado pela Buzz, David entrou em 1967 para a Riot Squad. As
gravações desse novo grupo incluíam músicas escritas por David e covers do
Velvet Underground, nunca foram lançadas. Ken Pitt, apresentado por Ralph
Horton, passou a ser o novo empresário de David.
Agora
vocês irão entender porque até agora eu só o chamei de David.
Insatisfeito
com seu nome artístico, na época Davy (e Davie) Jones, que em meados da década
de 60, causava confusão com o ator Davy Jones do The Monkees, o jovem músico
renomeou seu nome artístico, baseado em um americano do século XIX, chamado Jim
Bowie e também à faca que ele popularizou. Seu nome também pode ser uma
referência ao personagem David Bowman de 2001: A Space Odyssey (2001, Uma
Odisseia no Espaço), famoso filme que inspirou a música “Space Oddity”.
Seu
single “The Laughing Gnome”, lançado em abril de 1967, utilizava os vocais
acelerados ao estilo do The Chipmunks, mas não obteve sucesso comercial. David
Bowie, seu álbum de estréia, lançado seis semanas depois, é uma mistura
de pop, folk, psicodelia e music hall, mas teve o mesmo destino que suas
tentativas anteriores. David Bowie não lançou mais nada por dois anos.
Seu
fascínio pelo bizarro reforçou-se com o encontro de Bowie como dançarino Lindsay
Kemp, como disse o próprio David: “Eu
vivia em suas emoções, foi uma influência maravilhosa. Sua vida cotidiana era a
coisa mais teatral que eu já tinha visto. Era tudo o que eu pensava sobre
boemia. Entrei para o circo.” Kemppor sua vez lembrou: “Eu não o ensinei a ser um artista mimico, mas a botar para fora o que
ele era ... Eu o ativei para liberar o anjo e o demônio que estavam em seu
interior”.
Estudando
artes dramáticas com Kemp, do teatro avant-garde
e da mímica a commedia dell’arte,
Bowie ficou imerso na criação de personagens para apresentar ao mundo.
Satirizando a vida numa prisão britânica, a música de 1967 “Over The Wall We
Go” tornou-se um single na voz de Paul Nicholas. Outra composição de Bowie,
chamada “Silly Boy Blue”, foi realizada por Billy Fury no ano seguinte.
Bowie
começou a namorar Hermione Farthingale quando ela foi escalada junto a ele por
Kemp para um minueto poético. Logo,ambos os amantes se mudaram juntos para um
apartamento em Londres. Tocando violão, ela formou um grupo com Bowie e o
baixista John Hutchinson. Entre setembro de 1968 e início de 1969, quando David
e Hermione rompiam, o trio dava um pequeno número de concertos, combinando
folk, beat music, poesia e mímica (coisa louca!).
DO FOLK PSICODÉLICO AO GLAM – DE SPACE
ODDITY
AO HUNKY DORY (1969 – 1973)
Devido
à falta de sucesso comercial, David Bowie se viu obrigado a tentar ganhar a
vida de formas diferentes. Uma dessas foi gravar um comercial para a empresa de
sorvetes Lyons Maid, que, foi rejeitado por outro do Kit Kat.
Em
1969, foi realizado o filme de 30 minutos Love You Till Tuesday, criado como
uma maneira para promover o cantor com apresentações de seu repertório. Apesar
de não ter sido lançado até 1984, as sessões de filmagem em janeiro daquele ano
levaram a um sucesso inesperado, quando Bowie disse aos produtores: “Eu tenho uma nova música para esse filme de
vocês”. Bowie gravou uma demo da música que o ajudaria a dar um salto na
carreira, através do sucesso comercial. “Space Oddity” foi lançada meses
depois, para coincidir com o primeiro pouso na lua.
Rompendo
seu namoro com Hermione Farthingale logo após o término do filme, Bowie
mudou-se com Mary Finnigan como seu inquilino. Nesta época, continuava sua
divergência do rock and roll e do blues, iniciada por seu trabalho com Hermione
e, por isso, juntou forças com ela, com Christina Ostrom e Barrie Jackson para
conduzir um clube de folk nas noites de domingo no pub Three Tuns, na High
Street, em Becknham. Este logo se transformou em Beckenham Arts Lab e ficou
extremamente popular.
O
Beckenham Arts Lab organizou um festival livre num parque local, mais tarde
imortalizado por Bowie na música “Memory Of a Free Festival”. Realizado em 11
de julho, cinco dias antes do lançamento da Apollo 11, “Space Oddity” ficou em
5º lugar no Top do Reino Unido. Seu segundo disco, Space Oddity, realizado
em novembro, foi lançado no Reino Unido com o nome de David Bowie, o que causou
certa confusão com o disco antecessor de mesmo nome, e o lançamento nos Estados
unidos foi antecipadamente intitulado Man Of Words / Man Of Music. Na
época de seu lançamento, não obteve sucesso comercial, mesmo com suas letras
filosóficas de um mundo pós-hippie sobre paz, amor e moralidade, e um som de
folk rock acústico reforçado pelo rock pesado.
David
Bowie conheceu Angela Barnett em abril de 1969 e casaram um ano depois. A
influência dela sobre ele foi imediato e o envolvimento dela em sua carreira
teve uma força enorme, deixando o empresário Kein Pitt em desvantagem, com uma
influência limitada. Estabelecido como artista solo após “Space Oddity”, Bowie
sentia falta de algo: “uma banda em tempo livre para apresentações e gravações,
pessoas, enfim, com as quais ele poderia se relacionar pessoalmente”. A falta
se agravou quando Bowie teve uma rivalidade artística com Marc Bolan, na época
seu guitarrista de estúdio.
Uma
banda foi devidamente montada com Tony Visconti, no baixo que convidou John
Cambridge, baterista que Bowie conheceu no Arts Lab e Mick Ronson, na guitarra
elétrica. Após uma desastrosa apresentação sob o nome de The Hype, o grupo foi
reconfigurado, agora apresentando David Bowie como artista solo. O trabalho
inicial da banda ficou marcado por um desentendimento acalorado entre Bowie e
Cambridge sobre o estilo de tocar bateria do segundo. Quando a discussão chegou
em seu ponto mais estressado, Bowie soltou: “Você está fudendo meu álbum”.
Cambridge deixou o grupo e foi substituído por Mick Woodmansey. Pouco tempo
depois, ocorreu um ato que resultaria em anos de litígio: Bowie viu-se forçado
a pagar indenização a Kein Pitt, e por isso o demitiu. Tony Defries ficou no
lugar de Pitt.
As
sessões de estúdio resultaram em seu terceiro disco, The Man Who Sold The World
(1970), caracterizado pelo som de rock pesado de sua nova banda e que marcou
claramente o afastamento do violão e do estilo folk estabelecido em Space
Oddity. Para promover o álbum nos Estados Unidos, a Mercury Records
financiou uma turnê de divulgação em que Bowie, entre janeiro e fevereiro de
1971, foi entrevistado por emissoras de rádio e mídia.
Explorando
sua aparência andrógina, a capa original da versão britânica mostra o cantor
com cabelos longos e um vestido: ele o utilizou durante as entrevistas, para a
aprovação dos críticos, incluindo John Mendelsohn da Rolling Stone. Mendelsohn o descreveu da seguinte forma:
“deslumbrante, quase desconcertantemente, lembra Lauren Bacall”. Nas ruas, a
reação das pessoas variava entre o riso e a surpresa, até que um dos pedestres
abordou Bowie com um revólver e lhe disse: “beije minha bunda”, uma expressão
que o americano do norte usa para demonstrar surpresa, mas que este levou muito
ao pé da letra.
Durante
a viagem, Bowie conheceu o trabalho de dois americanos proto-punks que foram
importantes e que o levaram a desenvolver o conceito que formaria mais tarde a
personagem Ziggy Stardust: a fusão da personalidade de Iggy Pop com a música de
Lou Reed, ambos elementos que o fizeram produzir “o último ídolo pop”.
Uma
amiga recordou seu hábito de “rabiscar notas em guardanapos, sobre uma estrela
do rock doida chamada Iggy ou Ziggy”, e, retornando à Inglaterra, declarou a
intenção decriar uma personagem “que parecesse ter chegado de Marte”.
No álbum Hunky Dory (1971), Visconti, seu produtor e baixista, foi substituído
de ambos os papéis por Ken Scott e Trevor Bolder, respectivamente. O álbum testemunhou o retorno parcial do cantor de Space Oddity, com músicas como “Kooks”, escrito para seu filho, Duncan Zowie Haywood Jones, nascido em 30 de maio. Os pais escolheram seu apelido, Kooky. O menino seria conhecido como Zowie pelos próximos 12 anos, por conta do significado da palavra em grego zoe, vida. Por outro lado, o álbum também explorou temas sérios, e homenageia algumas de sua influências musicais, nas músicas “Song For Bob Dylan”, “Andy Warhol”, e “Queen Bitch” (referência ao som do Velvet Underground). O disco, na época, não alcançou sucesso comercial.
de ambos os papéis por Ken Scott e Trevor Bolder, respectivamente. O álbum testemunhou o retorno parcial do cantor de Space Oddity, com músicas como “Kooks”, escrito para seu filho, Duncan Zowie Haywood Jones, nascido em 30 de maio. Os pais escolheram seu apelido, Kooky. O menino seria conhecido como Zowie pelos próximos 12 anos, por conta do significado da palavra em grego zoe, vida. Por outro lado, o álbum também explorou temas sérios, e homenageia algumas de sua influências musicais, nas músicas “Song For Bob Dylan”, “Andy Warhol”, e “Queen Bitch” (referência ao som do Velvet Underground). O disco, na época, não alcançou sucesso comercial.
Bem pessoal, esta foi a primeira parte da história deste incrivel camaleão, que, reconheço, estou conhecendo muito dela agora que escrevo para vocês. Logo em seguida postarei a segunda parte. Até lá e fiquem com mais de David Bowie em:
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