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domingo, 10 de abril de 2016

O Camaleão David Bowie - Parte 1

Olá galera que acompanha o Blog do Veio! É muito bom estar de volta e saber que vocês sentiram a falta de informações e curiosidades sobre o mundo da música. Nesta postagem continuarei falando sobre as perdas no mundo musical, desta vez falando sobre um importante personagem desse mundo maravilhoso da música, que nos deixou em janeiro, o camaleão David Robert ‘Bowie’ Jones.



DAVID BOWIE, UM CAMALEÃO MUSICAL

Nascido em Brixton, Londres, em 08 de janeiro de 1947, sob o nome David Robert Jones, foi um cantor, compositor, ator e produtor musical inglês. Muitas vezes foi referido como “Camaleão do Rock” pela capacidade de sempre renovar sua imagem, tendo sido um artista importante para a música pop nestes 50 anos e é considerado um dos músicos mais inovadores e, ainda, influente de todos os tempos, sobretudo por seu trabalho nas décadas de 70 e 80, além de se diferenciar por possuir um vocal característico e pela profundidade intelectual de sua obra.

SEUS PRIMEIROS PASSOS NO MUNDO 
ARTÍSTICO (1947 – 1962)

David morou numa Londres, que, segundo seu vizinho, na década de 40 era o pior lugar para uma criança nascer. Desde cedo descobriu-se que David tinha talento para cantar, por isso o colocaram em um coral. Lá, sua voz foi considerada “adequada” no coral da escola, onde ele demonstrou uma capacidade musical acima da média. Aos nove anos foi inserido no método educativo de escutar sons e dançar, e sua dança agradou aos professores, que o achavam “vividamente artística” e sua postura “surpreendente” para uma criança. Claro, David vivia a música que escutava e a dança era consequência.

Neste mesmo ano, seu interesse pela música cresceu quando seu pai trouxe
para casa discos de vinis de uma coleção americana com músicas cantadas por Frankie Lymon & The Teenagers, The Platters, Fats Domino, Elvis Presley e Little Richard. Ao ouvir Richard cantar “Tutti Frutti”, Bowie diria mais tarde: “Eu tinha escutado a voz de Deus”. Da mesma forma, o impacto de Elvis em sua vida também foi imediato: “Eu vi uma prima minha dançar “Hound Dog” e eu nunca tinha visto ela se levantar e se mover tanto por nada. Realmente me impressionou, o poder da música. Comecei a procurar discos depois disso”. Depois disso, sua empolgação foi tanta que ele começou a aprender novos instrumentos, além de piano, enquanto isso se apresentava para seus amigos escoteiros fingindo ser Elvis e Chuck Berry e sua presença no palco era descrita como “fascinante ...como alguém de outro planeta”.
David estudou arte, música e desenho. Mais tarde seu meio-irmão por parte de mãe o apresentou ao jazz moderno e seu entusiasmo por instrumentistas como Charles Mingus e John Coltrane levou sua mãe a lhe dar um saxofone alto em 1961. Não demorou para que o garoto recebesse aulas de um músico local.
 Em 1962, metido em uma briga por conta de uma garota, recebeu um ferimento grave na escola, quando o amigo George Underwood lhe deu um forte soco no olho esquerdo, usando um grande anel no dedo. Os médicos temiam que ele viesse a perder parcialmente a visão. Foi forçado a ficar fora da escola para uma série de operações durante uma internação de quatro meses. O dano não pôde ser totalmente reparado, deixando-o com a percepção deficiente e com a pupila permanentemente dilatada (tempos depois isso tornaria-se sua marca pessoal, que embora tenha os dois olhos azuis, aparenta ter um olho de cada cor, fenômeno conhecido por heterocromia. Alguns acreditavam que seu olho fosse de vidro, mas, na realidade, o problema em seu olho é chamado de anisocoria, que, no seu caso, o deixou com a pupila permanentemente dilatada). Apesar da briga violenta, Underwood e David continuaram amigos, e Underwood passou a cuidar da parte artística dos primeiros discos de David.

OS KON-RADS E OS RIOT SQUADS (1962 – 1968)

Em 1962, David formou sua primeira banda, aos 15 anos de idade. Os Kon-rads tocavam guitarra baseados no rock and roll em festas jovens e casamentos, e tinham uma formação que variava entre quatro e oito membros, entre eles Underwood. Ao deixar a escola técnica no ano seguinte, David informou a seus pais o seu sonho de tornar-se uma estrela do rock. Não demorou muito para sua mãe arranjar um emprego de ajudante de eletricista para David. Frustrado pelas limitadas aspirações que seus colegas de banda tinham, David deixou a Kon-rads e formou outra banda os King Bees.

David escreveu uma carta a um empresário inglês bem-sucedido, chamado John Bloom, que trabalhava com máquinas de lavar, convidando-o a “fazer por nós o que Brian Epstein fez pelos Beatles, e fazer mais um milhão”. Bloom não respondeu à oferta, mas encaminhou o convite à Leslie Conn, parceiro de Dick James, que o contratou, fazendo dessa a primeira gestão pessoal do artista. Leslie Conn logo começou a promover o trabalho de David.
O primeiro single do cantor, “Liza Jane”, creditado à David Jones e os King Bees, não alcançou nenhum sucesso comercial. Desapontado com os King Bees e o repertório blues de Howlin’ Wolf e Willie Dixon, David deixou a banda e menos de um mês entrou para a Manish Boys, banda com levada blues, mas que também incorporava elementos do folk e soul: “Eu costumava sonhar em ser o Mick Jagger deles”, recordaria David anos mais tarde. “I Pity The Fool” não teve sucesso maior que “Liza Jane”, e não demorou para que David mudasse novamente de grupo, dessa vez entrando para o Lower Third, trio de blues fortemente influenciado por The Who. “You’ve Got a Habit Of Leaving” não se saiu melhor que as outras e marcou o fim do contrato com Leslie Conn.
Apesar de mais uma vez estar decepcionado, David continuou no Lower Third. Seu novo empresário, Ralph Horton, seria uma figura importante em sua transição para artista solo mais tarde, e também o apoiou quando David mudou-se para outro grupo, o Buzz, cuja música “Do Anything You Say” foi um verdadeiro fracasso. Enquanto era contratado pela Buzz, David entrou em 1967 para a Riot Squad. As gravações desse novo grupo incluíam músicas escritas por David e covers do Velvet Underground, nunca foram lançadas. Ken Pitt, apresentado por Ralph Horton, passou a ser o novo empresário de David.
Agora vocês irão entender porque até agora eu só o chamei de David.
Insatisfeito com seu nome artístico, na época Davy (e Davie) Jones, que em meados da década de 60, causava confusão com o ator Davy Jones do The Monkees, o jovem músico renomeou seu nome artístico, baseado em um americano do século XIX, chamado Jim Bowie e também à faca que ele popularizou. Seu nome também pode ser uma referência ao personagem David Bowman de 2001: A Space Odyssey (2001, Uma Odisseia no Espaço), famoso filme que inspirou a música “Space Oddity”.
Seu single “The Laughing Gnome”, lançado em abril de 1967, utilizava os vocais acelerados ao estilo do The Chipmunks, mas não obteve sucesso comercial. David Bowie, seu álbum de estréia, lançado seis semanas depois, é uma mistura de pop, folk, psicodelia e music hall, mas teve o mesmo destino que suas tentativas anteriores. David Bowie não lançou mais nada por dois anos.

Seu fascínio pelo bizarro reforçou-se com o encontro de Bowie como dançarino Lindsay Kemp, como disse o próprio David: “Eu vivia em suas emoções, foi uma influência maravilhosa. Sua vida cotidiana era a coisa mais teatral que eu já tinha visto. Era tudo o que eu pensava sobre boemia. Entrei para o circo.” Kemppor sua vez lembrou: “Eu não o ensinei a ser um artista mimico, mas a botar para fora o que ele era ... Eu o ativei para liberar o anjo e o demônio que estavam em seu interior”.
Estudando artes dramáticas com Kemp, do teatro avant-garde e da mímica a commedia dell’arte, Bowie ficou imerso na criação de personagens para apresentar ao mundo. Satirizando a vida numa prisão britânica, a música de 1967 “Over The Wall We Go” tornou-se um single na voz de Paul Nicholas. Outra composição de Bowie, chamada “Silly Boy Blue”, foi realizada por Billy Fury no ano seguinte.
Bowie começou a namorar Hermione Farthingale quando ela foi escalada junto a ele por Kemp para um minueto poético. Logo,ambos os amantes se mudaram juntos para um apartamento em Londres. Tocando violão, ela formou um grupo com Bowie e o baixista John Hutchinson. Entre setembro de 1968 e início de 1969, quando David e Hermione rompiam, o trio dava um pequeno número de concertos, combinando folk, beat music, poesia e mímica (coisa louca!).

DO FOLK PSICODÉLICO AO GLAM – DE SPACE ODDITY 
AO HUNKY DORY (1969 – 1973)

Devido à falta de sucesso comercial, David Bowie se viu obrigado a tentar ganhar a vida de formas diferentes. Uma dessas foi gravar um comercial para a empresa de sorvetes Lyons Maid, que, foi rejeitado por outro do Kit Kat.
Em 1969, foi realizado o filme de 30 minutos Love You Till Tuesday, criado como uma maneira para promover o cantor com apresentações de seu repertório. Apesar de não ter sido lançado até 1984, as sessões de filmagem em janeiro daquele ano levaram a um sucesso inesperado, quando Bowie disse aos produtores: “Eu tenho uma nova música para esse filme de vocês”. Bowie gravou uma demo da música que o ajudaria a dar um salto na carreira, através do sucesso comercial. “Space Oddity” foi lançada meses depois, para coincidir com o primeiro pouso na lua.

Rompendo seu namoro com Hermione Farthingale logo após o término do filme, Bowie mudou-se com Mary Finnigan como seu inquilino. Nesta época, continuava sua divergência do rock and roll e do blues, iniciada por seu trabalho com Hermione e, por isso, juntou forças com ela, com Christina Ostrom e Barrie Jackson para conduzir um clube de folk nas noites de domingo no pub Three Tuns, na High Street, em Becknham. Este logo se transformou em Beckenham Arts Lab e ficou extremamente popular.
O Beckenham Arts Lab organizou um festival livre num parque local, mais tarde imortalizado por Bowie na música “Memory Of a Free Festival”. Realizado em 11 de julho, cinco dias antes do lançamento da Apollo 11, “Space Oddity” ficou em 5º lugar no Top do Reino Unido. Seu segundo disco, Space Oddity, realizado em novembro, foi lançado no Reino Unido com o nome de David Bowie, o que causou certa confusão com o disco antecessor de mesmo nome, e o lançamento nos Estados unidos foi antecipadamente intitulado Man Of Words / Man Of Music. Na época de seu lançamento, não obteve sucesso comercial, mesmo com suas letras filosóficas de um mundo pós-hippie sobre paz, amor e moralidade, e um som de folk rock acústico reforçado pelo rock pesado.

David Bowie conheceu Angela Barnett em abril de 1969 e casaram um ano depois. A influência dela sobre ele foi imediato e o envolvimento dela em sua carreira teve uma força enorme, deixando o empresário Kein Pitt em desvantagem, com uma influência limitada. Estabelecido como artista solo após “Space Oddity”, Bowie sentia falta de algo: “uma banda em tempo livre para apresentações e gravações, pessoas, enfim, com as quais ele poderia se relacionar pessoalmente”. A falta se agravou quando Bowie teve uma rivalidade artística com Marc Bolan, na época seu guitarrista de estúdio.
Uma banda foi devidamente montada com Tony Visconti, no baixo que convidou John Cambridge, baterista que Bowie conheceu no Arts Lab e Mick Ronson, na guitarra elétrica. Após uma desastrosa apresentação sob o nome de The Hype, o grupo foi reconfigurado, agora apresentando David Bowie como artista solo. O trabalho inicial da banda ficou marcado por um desentendimento acalorado entre Bowie e Cambridge sobre o estilo de tocar bateria do segundo. Quando a discussão chegou em seu ponto mais estressado, Bowie soltou: “Você está fudendo meu álbum”. Cambridge deixou o grupo e foi substituído por Mick Woodmansey. Pouco tempo depois, ocorreu um ato que resultaria em anos de litígio: Bowie viu-se forçado a pagar indenização a Kein Pitt, e por isso o demitiu. Tony Defries ficou no lugar de Pitt.
As sessões de estúdio resultaram em seu terceiro disco, The Man Who Sold The World (1970), caracterizado pelo som de rock pesado de sua nova banda e que marcou claramente o afastamento do violão e do estilo folk estabelecido em Space Oddity. Para promover o álbum nos Estados Unidos, a Mercury Records financiou uma turnê de divulgação em que Bowie, entre janeiro e fevereiro de 1971, foi entrevistado por emissoras de rádio e mídia.

Explorando sua aparência andrógina, a capa original da versão britânica mostra o cantor com cabelos longos e um vestido: ele o utilizou durante as entrevistas, para a aprovação dos críticos, incluindo John Mendelsohn da Rolling Stone. Mendelsohn o descreveu da seguinte forma: “deslumbrante, quase desconcertantemente, lembra Lauren Bacall”. Nas ruas, a reação das pessoas variava entre o riso e a surpresa, até que um dos pedestres abordou Bowie com um revólver e lhe disse: “beije minha bunda”, uma expressão que o americano do norte usa para demonstrar surpresa, mas que este levou muito ao pé da letra.
Durante a viagem, Bowie conheceu o trabalho de dois americanos proto-punks que foram importantes e que o levaram a desenvolver o conceito que formaria mais tarde a personagem Ziggy Stardust: a fusão da personalidade de Iggy Pop com a música de Lou Reed, ambos elementos que o fizeram produzir “o último ídolo pop”.
Uma amiga recordou seu hábito de “rabiscar notas em guardanapos, sobre uma estrela do rock doida chamada Iggy ou Ziggy”, e, retornando à Inglaterra, declarou a intenção decriar uma personagem “que parecesse ter chegado de Marte”.

No álbum Hunky Dory (1971), Visconti, seu produtor e baixista, foi substituído
de ambos os papéis por Ken Scott e Trevor Bolder, respectivamente. O álbum testemunhou o retorno parcial do cantor de Space Oddity, com músicas como “Kooks”, escrito para seu filho, Duncan Zowie Haywood Jones, nascido em 30 de maio. Os pais escolheram seu apelido, Kooky. O menino seria conhecido como Zowie pelos próximos 12 anos, por conta do significado da palavra em grego zoe,  vida. Por outro lado, o álbum também explorou temas sérios, e homenageia algumas de sua influências musicais, nas músicas “Song For Bob Dylan”, “Andy Warhol”, e “Queen Bitch” (referência ao som do Velvet Underground). O disco, na época, não alcançou sucesso comercial.

Bem pessoal, esta foi a primeira parte da história deste incrivel camaleão, que, reconheço, estou conhecendo muito dela agora que escrevo para vocês. Logo em seguida postarei a segunda parte. Até lá e fiquem com mais de David Bowie em:

















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