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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

A história dos remixes - Parte 2

Salve galera! Para vocês que leram a Parte 1 do meu comentário sobre remix e estão aqui lendo a Parte 2, é porque têm curiosidade. Isso é uma coisa boa, porque a curiosidade nos leva, em alguns casos, a aumentar o nosso conhecimento e vou tentar esclarecer mais um pouco suas dúvidas sobre esse assunto.

Apesar de parecer fácil, no Brasil é muito complicado fazer remix, uma vez que não existe a ''matriz'' crua (limpa) para se fazer uma base nova. Vou explicar: Nos estados Unidos e na Europa, as gravadoras têm um acordo onde se comprometem em lançar ''singles'' [uma música apenas (em inglês, ''sozinha, solteira'')]. 

Mix ''Bolachão'' Marylou Versão Carnaval - Ultraje
Até o final da década de 70, no Brasil, era vendido o compacto, um disco menor, com uma ou duas faixas de cada lado, quando existia o disco de vinil para vender em qualquer loja de discos. Depois vieram os chamados bolachões, discos no formato de um LP, mas com uma música de cada lado, mais barato que o LP e uma qualidade excelente. Hoje, o vinil é artigo de luxo, pois é fabricado em pequena quantidade, a maioria para D.J.s ou colecionadores e apaixonados e custa, muitas vezes, o dobro ou o triplo do preço do CD.     


Nesse comprometimento das gravadoras, quando lançam remixes oficiais, elas têm que lançar junto, nesse mesmo disco, uma versão à capela (como se estivesse cantando em uma igreja, sem acompanhamento nenhum, muitas vezes), por isso o nome ''acappella''. Quando os D.J.s pegam essa versão, eles têm a matriz para fazerem seus remixes. Basta criar algum tipo de sonoridade que fique agradável e possa ser utilizada em casas noturnas ou nas rádios.

Aparelhagem Profissional Para D.J.s
No Brasil não existe essa obrigatoriedade, então, para se fazer um remix, o D.J. tem que possuir uma boa aparelhagem e conseguir separar a base da voz, para daí ficar quase um ''acappella''. Quando ouvimos alguns remixes tipo ''caseiro'', temos que dar um desconto, pois a pessoa que tentou fazer aquele remix, teve boa intenção (eu, por exemplo) e quase nenhum recurso para que o resultado saísse agradável aos ouvidos e gostos para quem aprecia boa música.

No começo da Parte 1, falei sobre o que a Wikipédia definia sobre tipos de remixes. Exatamente como diz lá, existem vários tipos e velocidades [BPM (beats per minute) = Batida Por Minuto) de remixes. Alguns são de baladas (lentas) que acabam virando versão para pista de dança, outros, mais rápidos, chamados de trance ou psy trance (psychedelic). Mas existem aquelas músicas que nasceram rápidas e foram criados remixes para que ficassem bem mais lentas. 

Uma vez, ouvi de um amigo: ''Não achei legal o que fizeram com a música. Isso estragou ela!''. Eu chamo pessoas como ele de puristas. Porque purista? O purista não gosta que mexam nas músicas originais. Geralmente eles odeiam remixes. Eles querem a versão original, pura. Mas, eu que nesse meu meio século de vivência já ouvi de tudo, jazz, sertanejo (de raiz e universitário), funk (americano e brasileiro), samba, ''dor de cotovelo'', rock, pop, disco, freestyle (americano e brasileiro), heavy metal, baladas, instrumental, lírica, ópera, acid jazz, acid house, dance, house, deep house, trance, psy, drum n' bass e outros que não me ocorrem neste momento, afirmo uma coisa: quando gostamos de uma música e ela ganha um remix bem feito, com certeza devemos prestigiar. Claro, ninguém é obrigado a aceitar tudo que nos fazem ouvir. Temos algo que se chama livre arbítrio (o poder de decidir o que queremos, onde queremos, porque queremos e com quem queremos fazer ou possuir alguma coisa).

Para encerrar esse assunto, quero comentar que nos anos 80, quando aconteceu o grande ''boom'' de remixagens, como já disse anteriormente, foi porque os D.J.s não queriam mais tocar só as versões originais. Imaginem, as versões originais tocavam (e tocam até hoje) massivamente nos rádios e existiam muitos programas de videoclipes, na época. Como todo profissional sempre está conectado com o que as rádios tocam para incluir em seus repertórios (set list), naquela época não existia a opção de remixes para músicas brasileiras. Foi aí que tudo começou.

Mas o pessoal que frequentava danceterias e casas noturnas, na época, começou a pedir por remixes nacionais. Alguns deviam ter pensado: ''Pôxa, se existe remix estrangeiro desde a década de 70, e tocam ''pra caramba'' aqui, porque não tem os nossos também''? Em 1986/87 saíram os discos Dance Remix Volumes 1, 2 e 3 (um a cada seis meses, precisamente) pela Sony/CBS e a recepção foi muito boa, a galera de outras gravadoras tratou logo em colocar no mercado os seus remixes também. Que eu me lembro (comprei), a Warner/WEA, lançou o disco Transremix Transamérica, também foi bem aceito e a Sony tratou de lançar o disco Remixou? Dançou. 

Nos anos 90 foram lançados alguns CDs tipo ''O Melhor de'' com versões remix de artistas como Marina Lima, Capital Inicial, Cazuza, Ed Motta, Jorge Benjor, Rita Lee, Biquini Cavadão, Djavan, Kid Abelha, Lulu Santos, um single de Caetano Veloso, bônus do disco ''Prenda Minha'' com três versões de ''Sozinho'' e coletâneas com músicas remixadas que foram lançadas no final dessa década. Nos anos 2000, surgiu um projeto de versões remixes com cinco músicas de Roberto Carlos, com um D.J. diferente para cada faixa produzida, chamado de Roberto Carlos Remixed.

Bem pessoal, essa foi minha postagem sobre remix. Espero que tenham gostado dessa explicação detalhada. 


Autor: Carlos Alberto de L. Anchieta

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