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sábado, 24 de outubro de 2015

O pop e o rock no Brasil - Anos 70

Olá pessoal, bem vindos ao blog do Véio. Se você curtiu a primeira parte, com o que foi sucesso no rock nacional nos anos 50 e 60, gostou e quer saber mais sobre os anos 70, aqui estou para dar continuação ao assunto. A década de 70 iniciou, o que seria uma preparação para a década seguinte, com artistas saindo de bandas e indo, ou para outras, ou saindo em carreira solo. Lembrando que a década de 70 foi um caldeirão de ritmos, onde passearemos por estilos, como baião, xote, frevo, maracatu, rock, hard rock, rock progressivo, pop, disco music, choro, bossa nova e MPB.

Anos 70

A década de 70 foi dura para a música, quando se tratava de censura. Durante a ditadura militar que durou de 1964 até 1977, haviam censores para ''apreciar'' todas as músicas e só permitir aquilo que fosse possível para toda a família ouvir. Anos ruins para Gilberto Gil e Caetano Veloso que foram exilados e viveram em Londres, Reino Unido, de 1962 a 1972.
Quando Rita Lee saiu de Os Mutantes, iniciou carreira solo, acompanhada da banda Tutti Frutti e gravou o álbum Fruto Proibido, de onde saíram sucessos como ''Agora Só Falta Você'', ''Esse Tal de Rock Enrow'' e ''Ovelha Negra''. Os Mutantes se converteram ao chamado rock progressivo e após várias formações diferentes, se separaram em 1978.

João Ricardo, Ney Matogrosso e Gerson Conrad
Surgido em 1973, o grupo Secos & Molhados, formado por João Ricardo, Ney Matogrosso e Gerson Conrad, teve uma passagem meteórica pelo mundo musical, mas deixou perpetuado seu nome para sempre. Sua caracterização composta de ma-quiagem exagerada (glam), estilo Kiss, quase circense e os vocais agudos de Ney, conquistaram público e crítica de maneira estrondosa. Sim, porque exagero fazia parte da vida deste grupo, que apareceu na capa de seu disco de estréia, Secos & Molhados, de 1973, somente suas cabeças, mais a de um de seus músicos, como se estivessem prontas para serem servidos, sobre uma mesa posta. Venderam 300 mil cópias desse disco (para uma estréia, até que estava bom, não é?). Com essa formação e dois discos gravados, em 1974, o grupo Secos & Molhados se desfez, deixando pérolas como ''Rosa de Hiroshima'', ''O Vira'', ''Flores Astrais'' e ''Sangue Latino''. O grupo continuou sem Ney, mas teve um único sucesso: ''Que Fim Levaram Todas as Flores''. Ney Matogrosso foi o único dos integrantes a ter sucesso após o fim do Secos & Molhados. Sua carreira solo deslanchou e ele continua, até hoje, gravando discos, ora de estrondoso sucesso popular e outros mais intimistas, gravados ''Ao Vivo''.

Em 1973 surgiu, vejam só, um personagem que gravou seu primeiro LP em 1968, mas esse disco ganhou notoriedade de crítica e público apenas em 1973, quando ele lançou seu primeiro álbum solo, Krig-ha, Bandolo!. É claro que estou falando do baiano Raul Seixas
Raul misturou rock com baião e fez um estilo próprio, além de se tornar o ''guru dos hippies''. Também se tornou um ícone da música brasileira quando atingiu a incrível marca de 600 mil compactos vendidos de ''Ouro de Tolo''. Ainda mostrou deboche com ''Maluco Beleza'' e ''Mosca na Sopa'', esoterismo em ''Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás'' e ''Gita'' e as motivacionais ''Tente Outra Vez'' e ''Metamorfose Ambulante'', entre tantas dezenas de outros sucessos.

Existiram muitos tipos de movimentos musicais em locais diferentes por esse imenso Brasil: em Minas Gerais, o Clube da Esquina, que surgiu da amizade de Milton Nascimento com Wagner Tiso e Lô Borges. Mais tarde juntaram-se Flávio Venturini, Beto Guedes, Tavinho Moura, Vermelho, Toninho Horta e o letrista Fernando Brant. 

Do nordeste, veio, a chamada Invasão Nordestina, que apresentou artistas como Belchior, Elba Ramalho, Fagner, Amelinha, Zé Ramalho, Ednardo (''Pavão Misteriozo'') e outros tantos, com seus sons pitorescos mistu-rando as canções tradicionais sertanejas mais o rock. Destes citados acima, somente Belchior encontra-se no ostracismo, uma vez que sumiu sem avisar ninguém, depois de muito tempo, foi encontrado no Uruguai (vai bem, obrigado) e, parece que não está precisando mais viver de música. Os outros nordestinos, continuam exercendo suas funções até os dias atuais. Ednardo pode não ter mais gravado discos, mas continua compondo trilhas para o cinema e o teatro.

Também do nordeste, mas todos nascidos ou radicados na Bahia (caso da carioca Bernadete Dinorah de Carvalho Cidade, a Baby Consuelo e depois Baby do Brasil) , surgiu a ''nova onda'' dos Novos Baianos. Formado por Moraes Moreira, Baby Consuelo, Pepeu Gomes (considerado um dos melhores guitarristas do Brasil), Dadi Carvalho (que depois formou com seu irmão, Mu Carvalho, A Cor do Som), Luiz Galvão, Paulinho Boca de Cantor, entre outros. Sua particularidade foi a mistura de estilos como bossa nova, frevo, baião, choro, afoxé e rock 'n' roll. 
Curiosidades: 1) quando a banda começou, apenas Pepeu Gomes era músico profissional (sabia tocar algum tipo de instrumento). 2) Nunca foram controlados por gravadoras e empresários e quando foram para São Paulo, se apresentaram em diversos programas de televisão, extrapolando o tempo previsto.

Também da Bahia, um grupo se reuniu para comemorar os dez anos de suas carreiras individuais, Os Doces Bárbaros, formado por Gilberto Gil, Gal Costa e os irmãos Caetano Veloso e Maria Bethânia. Como grupo, eles podem ser descritos como uma típica banda hippie dos anos 70, mas sua característica marcante é a brasilidade e o regionalismo, natural de todos os integrantes.

Apesar da pouca divulgação na mídia, várias bandas e estilos ganharam espaço no chamado circuito underground da época, como o hard progressivo do Casa das Máquinas, o hard rock do Made In Brazil, o progressivo regional de O Terço e o rock rural de Sá, Rodrix & Guarabira.

Vímana: Lobão, de barba, Ritchie, cabelos loiros e Lulu Santos ao lado.
Uma banda que não teve grande destaque, apesar de ter gravados um compacto pela Som Livre e um LP que nunca foi lançado com a alegação de que não havia público para o rock no Brasil, foi o Vímana, grupo que curiosamente teve na sua última formação Lulu Santos, Lobão e Ritchie, artistas que se destacariam em carreira solo na década de 80.

Tony Stevens ou simplesmente, Jessé.
Durante os anos 70, houve uma espécie de ''modismo'', onde vários artistas resolveram se rebelar contra a língua portuguesa e gravaram músicas em inglês. Vamos ver se a memória ajuda: antes da fama, Fábio Jr. gravou como Mark Davis, Chrystian (sim, esse mesmo da dupla Chrystian & Ralf) aproveitou-se do nome e o manteve, Jessé (aquele de ''Porto Solidão'') gravou com o pseudônimo de Tony Stevens, Konstantynos Kazakos, vulgo Patrick Dimon, grego radicado no Brasil, eternizou sua ''Pigeon Without a Dove'', uma adaptação da ária doclássico O Guarani de Antonio Carlos Gomes.

Bandas como a já citada acima O Terço, que gravou um álbum em inglês, voltado ao público italiano, Pholhas, que gravaram e tiveram sucesso com suas músicas em inglês (foram dois discos, só com letras em inglês). 

Houveram muitos outros que no momento não consigo recordar, mas vou destacar dois brasileiros que fizeram carreira internacional: Maurício Alberto Kaisermann, cantor e compositor que vendeu discos em mais de 50 países sob o pseudônimo de Morris Albert, onde até hoje, totalizou 160 milhões de cópias vendidas.Teve sucesso com as músicas ''She's My Girl'', ''Conversation'' e outras, mas o sucesso que deu fama à Morris foi, sem dúvida, ''Feelings'', gravada por centenas de artistas mundo afora. Em 1988, a música ''Feelings'', de Morris foi declarada como plágio (muito coincidente com notas de outra música) e obrigado a pagar uma indenização milionária ao francês Loulou Gasté que escreveu a música ''Por Toi'' para a cantora Line Renaud.

Uma curiosidade: a banda The Offspring fez uma versão da música ''Feelings'' onde as menções da palavra ''love'' foram trocadas por ''hate'', por exemplo, na frase ''feelings of love'' da gravação original, ficou ''feelings of hate''. Esta música está no álbum Americana, um dos mais conhecidos da banda.

Outro brasileiro que teve sua música bastante divulgada e fez sucesso no exterior, foi Ivanilton de Souza Lima, mais conhecido por Michael Sullivan. Em recente programa de televisão, ele contou que o primeiro nome foi inspirado em Michael Jackson e o sobrenome ele escolheu em uma lista telefônica americana.
Michael passou pelo grupo Renato & Seus Blue Caps como cantor e guitarrista e sua passagem por essa banda resultou em seis discos de ouro, cuja vendagem ultrapassou 1 milhão de discos vendidos. 
Ainda no ''Renato & Seus Blue Caps'', Michael iniciou sua carreira solo com a música ''My Life'', que fez parte da trilha sonora da novela O Casarão, da Globo e que, impulsionado pela mídia atravessou fronteiras e fez sucesso nos Estados Unidos e Europa. 
Outra música que também entrou em trilha sonora foi ''Sorrow'', mais precisamente na novela Locomotivas, também da Globo, mas que não fez tanto sucesso quanto ''My Life''. O compacto com ''My Life'' tornou-se para o mercado fonográfico um dos mais vendidos do país, superando a marca de 1 milhão de cópias vendidas, algo que equivalia a um Disco de Diamante.

Depois disso, já é sabido por todos, que Michael formou dupla com Paulo Massadas, que juntos escreveram centenas de composições de sucesso, etecetera e tal. Michael alcançou o topo das paradas de sucesso em 60 países no mundo inteiro, incluindo as Américas, a Europa e o Oriente. Como produtor, vendeu mais de 60 milhões de discos, no Brasil e em toda a América Latina. 

Houve outro movimento pop no Brasil, o dos grupos e cantores que participaram da onda disco que invadiu o mundo todo e não poderia de ter participantes desse estilo, aqui no Brasil. Nesse movimento destaca-se As Frenéticas, grupo criado pelo compositor Nelson Motta, que lhes presenteou com a música ''Dancin' Days'', um dos clás-sicos da disco music no Brasil e que foi tema de abertura da novela de mesmo nome, da Globo. Participaram desse movimento, também, Ronaldo Resedá, Lady Zu, Dudu França, As Patotinhas, Harmony Cats, Gretchen e muitos outros.

Por enquanto é isso pessoal! (Eu já ouvi isso em algum lugar!). Até a próxima postagem sobre a rica e criativa, para não dizer inspiradora, década de 80 para o pop e o rock brasileiro.

Autor: Carlos Alberto de L. Anchieta

Desculpem a qualidade dos vídeos originais, pessoal. Eles tem entre 35 e 45 anos, qualidade, quase nenhuma. Mas eu só quero que vocês consigam ver e ouvir os artistas cantando. Curtam mais dos anos 70 em:



















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